domingo, 22 de fevereiro de 2009

«Brincadeira de mau gosto»

Há dias, recebi por e-mail este artigo. Na altura não lhe dei importância embora o considerasse com graça e estilo literário, porque pensava que fosse antigo, pois não imaginava que Margarida Moreira, depois do escândalo da perseguição a Fernando Charrua, ainda continuasse em funções. Bem mereceu uma promoção ou a nomeação para um «tacho dourado» pela sua capacidade de «malhar» em quem se refere a Sócrates sem o respeito religioso de não citar o seu nome de forma menos reverente e veneradora.

Mas agora, com a posição que tomou com os professores das escolas de Paredes de Coura, vê-se que continua no seu papel com uma coerência inquebrantável, um permanente Carnaval. Merece um slogan do género Carnaval é sempre que Margarida quiser. Enfim, a sua manutenção nestas funções será mais uma «brincadeira de mau gosto» da ministra da Educação, que bem justifica o título do artigo de Ricardo Araújo Pereira, na Revista Visão.

Circunspecção de mau gosto
Ricardo Araújo Pereira, em Visão

Julgo que a opinião da directora da DREN, Margarida Moreira, segundo a qual a ameaça a uma professora com uma arma de plástico foi uma brincadeira de mau gosto, é uma brincadeira de mau gosto. Mais uma vez se prova que a crítica de cinema é extremamente subjectiva. Eu também vi o filme no YouTube e não dei pela brincadeira de mau gosto. Vi dois ou três encapuzados rodearem uma professora e, enquanto um ergue os punhos e saltita junto dela, imitando um pugilista em combate, outro aponta-lhe uma arma e pergunta: «E agora, vai dar-me positiva ou não?» Na qualidade de apreciador de brincadeiras de mau gosto, fiquei bastante desapontado por não ter detectado esta antes da ajuda de Margarida Moreira.

Vejo-me então forçado a dizer, em defesa das brincadeiras de mau gosto, que, no meu entendimento, as brincadeiras de mau gosto têm duas características encantadoras: primeiro, são brincadeiras; segundo, são de mau gosto. Brincar é saudável, e o mau gosto tem sido muito subvalorizado. No entanto, aquilo que o filme captado na escola do Cerco mostra aproxima-se mais do crime do que da brincadeira. E os crimes, pensava eu, não são de bom-gosto nem de mau gosto. Para mim, estavam um pouco para além disso – o que é, aliás, uma das características encantadoras dos crimes. Se, como diz Margarida Moreira, o que se vê no vídeo se enquadra no âmbito da brincadeira de mau gosto, creio que acaba de se abrir todo um novo domínio de actividade para milhares de brincalhões que, até hoje, estavam convencidos, tal como eu, que o resultado de uma brincadeira é ligeiramente diferente do efeito que puxar de uma arma, mesmo falsa, no Bairro do Cerco, produz.

O mais interessante é que Margarida Moreira, a mesma que agora vê uma brincadeira de mau gosto no que mais parece ser um delito, é a mesma que viu um delito no que mais parecia ser uma brincadeira de mau gosto. Trata-se da mesma directora que suspendeu o professor Fernando Charrua por, numa conversa privada, ele ter feito um comentário desagradável, ou até insultuoso, sobre o primeiro-ministro. Ora, eu não me dou com ninguém que tenha apontado uma arma de plástico a um professor, mas quase toda a gente que conheço já fez comentários desagradáveis, ou até insultuosos, sobre o primeiro-ministro. Se os primeiros são os brincalhões e os segundos os delinquentes, está claro que preciso de arranjar urgentemente novos amigos.

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