sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Monumento aos Combatentes

Transcrição de artigo do semanário Notícias do Douro, cujo link me foi enviado por e-mail e que me apraz publicar pelo significado que tem para a maior parte dos portugueses da minha geração que muito lamentam as desconsiderações que têm vindo a sofrer, tendo eles sido os mais sacrificados pelas decisões dos políticos de então e pelos de agora. que têm uma ideia errada dos deveres da Pátria para com aqueles a quem Ela tudo exigiu.

Monumento aos Combatentes contado em livro

Ideia nasceu em 1984 :

Desde 15 de Janeiro de 1994, existe, junto ao Forte do Bom Sucesso, em Belém, Lisboa, mais um Monumento Nacional que dá nas vistas de quem chega ou de quem parte, por terra, mar e ar.

Como e porque apareceu ali, em tão nobre espaço, tão insólito e polémico Monumento que perpetuará, pelos séculos fora, «os melhores de nós todos» que foram cerca de um milhão de jovens, entre 1961 e 1974, nove mil dos quais perderam a vida nas antigas Províncias Ultramarinas? Era preciso fazer a História desse tão simbólico Monumento, cuja ideia nasceu em Guimarães, em 1984, no seio da Associação dos ex-Combatentes do Ultramar. Em 29 de Janeiro de 1987, na sede da Liga dos Combatentes, foi constituída a Comissão Executiva, formada por representantes de oito instituições, alinhadas por ordem cronológica da sua fundação, a saber: Sociedade Histórica da Independência de Portugal (1861); Sociedade de Geografia de Lisboa (1875); Liga dos Combatentes (1924); ADFA (1974); Associação de Comandos (1975); AEFAP, (1977); Associação dos Ex-Combatentes do Ultramar (1982); e Associação Força Aérea Portuguesa (1983). Nessa data foi deliberado, por unanimidade, confiar a presidência dessa Comissão ao General Altino de Magalhães, na sua qualidade de Presidente da Liga dos Combatentes.

Para além da Comissão Executiva foram também instituídas: a Comissão Técnica, para elaboração do projecto do Monumento e a abertura de concurso público aberto a todas as equipas de reconhecido mérito em arquitectura e a Comissão de Honra para que a construção do Monumento envolvesse toda a sociedade civil, desde o Presidente da República, a todos os órgãos de soberania.

O então Presidente da República recusou o convite, alegando que essa intenção implicava uma imagem pública de concordância com a Guerra do Ultramar que ele (Mário Soares) não partilhava. Tal recusa fez com que a Comissão de Honra não fosse por diante.

Apesar dessa resistência a Comissão Executiva não desanimou, antes entendeu que deveria ter «o vulto de um Monumento Nacional e que era urgente a sua construção. E para ter a maior dignidade e transmitir força, serenidade e respeito, deveria convidar à meditação profunda do amor à Pátria e à exaltação do cumprimento do dever cívico.

Mais: deveria prever-se a organização adicional de um Museu do Combatente. O Ministro da Presidência e da Defesa Nacional (Eurico de Melo) concordou com o caderno proposto pela Comissão Executiva e aprovou o espaço sugerido para a construção do Monumento, processo moroso que apenas foi concluído em 21/09/1990, já sob a tutela do Ministro Fernando Nogueira. A abertura do concurso para o projecto foi publicada no DR. de 5 de Maio de 1991, III série e ganhou-o a proposta do Arqtº Francisco Guedes de Carvalho. A execução desse projecto foi entregue, por unanimidade e sem reclamações dos restantes quatro concorrentes à Firma Amadeu Gaudêncio que apresentou a proposta mais baixa: 95.598.967$00. A obra seria inaugurada, solenemente, em 15/01/1994, sob a Presidência do PR (Mário Soares), debaixo de muitos apupos e grande contestação. O orador oficial convidado foi o Prof. Doutor Adriano Moreira. Do Ministério da Defesa, de algumas Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, empresas e cidadãos individuais, foram reunidos 8.839.540$00.

Com algumas verbas que sobraram foi deliberado colocar nas Muralhas do Forte do Bom Sucesso os nomes de todos aqueles que perderam a vida em combate. E foram cerca de 9 mil. Essa segunda inauguração ocorreu em 5/2/2000. Por despacho de 16/10/1998 a Comissão Executiva foi dissolvida, por já não se justificar e foi atribuída à Liga dos Combatentes a gestão daquele Monumento e espaço envolvente.

Tudo isto e algo mais pode ler-se no livro Monumento aos Combatentes do Ultramar (1961-1974), da autoria do General Altimo de Magalhães que nasceu em Carrazeda de Ansiães, em 1922 e que, ao tempo, era Presidente da Liga. Um valioso testemunho porque ninguém melhor do que ele conheceu os passos deste monumento nacional. Em 9/4/1989, durante as cerimónias da Batalha de La Liz, perante o vice-primeiro Ministro e Ministro da Defesa, Eurico de Melo, anunciou a abertura do concurso para a sua Construção e afirmou: «Como é do conhecimento público a Associação dos Combatentes do Ultramar, com sede em Guimarães, fundada e dirigida pelo Dr. Barroso da Fonte, aqui presente, lançou há cerca de 4 anos a ideia da construção desse Monumento». Na página 19 do memorial agora editado pela EUROpress confirma: «A Associação dos Combatentes do Ultramar (em Guimarães), no seu jornal Sentinela, em Março de 1985, referindo-se à construção desse Monumento, exprimiu que teriam o maior mérito todos os apoios para essa realização».

Embora fique claro que a paternidade deste Monumento nos pertence, alude a uma referência em 1 de Fevereiro de 1985 à Associação de Comandos. Este equívoco pode gerar alguma confusão histórica pelo facto de, na mesma página citar o Boletim Sentinela nº 7, referente a Março de 1985. É que na edição nº 5 do mesmo Boletim, mas de Agosto de 1984, na página 3, já podia ler-se no Plano de actividades: «designação de um grupo de associados que tenham como tarefa essencial a angariação de meios e apresentação de estudos tendentes à construção de um Monumento nacional em homenagem aos Combatentes».

BF criou, em 1982, aquela Associação que, em 1996, mudou o nome para Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar. Até 2002 foi Presidente da Direcção e director do Boletim Sentinela, com o pseudónimo de Fernando Paixão. Por sua proposta transferiu-se a sede para Tondela, onde está de pedra e cal. Quem tiver dúvidas consulte esse Boletim, onde está contada, número a número, essa cronologia que permite concluir, a paternidade e a responsabilidade desse Monumento. Podem os Barrosões da diáspora, nomeadamente aqueles que vivem em Lisboa, sempre que por ali passem, dizer: este Monumento é filho de uma ideia de um Barrosão.

Por Barroso da Fonte, Dr.

8 comentários:

João António disse...

Haja quem faça alguma coisa ! O mundo está cheio de quem nada faz !
Um Abraço

Jorge P. Guedes disse...

Meu caro A.João:

não estou minimamente por dentro do problema para tecer comentário com algum interesse.
Só posso dizer-lhe, eu que nem "tropa" fiz, que todos os que combateram não profissionalmente no Ultramar me merecem a maior das considerações e respeito.
Se quem deve não lhes dá o devido mérito, é ingrato e altamente condenável.

Bfds.
Um abraço com estima.

A. João Soares disse...

Caro Tijoão,
As boas iniciativas têm de partir dos cidadãos, porque os políticos só querem riqueza pessoal e votos para o partido.
Um abraço
João Soares

A. João Soares disse...

Caro Jorge,
Realmente os que foram obrigados, sem serem profissionais, merecem gratidão e apoios para as deficiências de que sofrem em consequência da guerra.
Os profissionais foram na fé de que seriam apoiados pelo esforço especial, diferente de qualquer funcionário, quer houvesse guerra, que lhes foi imposta, quer não houvesse.
Um abraço
João Soares

Luísa disse...

Nem sei tecer comentários...
Sei que o Sr. Barroso da Fonte também foi político, nomeadamente vereador eleito pelo PSD, no Municipio de Guimarães, julgo que na decada de 80. Diz quem lá anda, que era um senhor atento às questões sociais do colaboradores.Amigo de dar a mão...

A. João Soares disse...

Cara Luísa,
Pelos vistos, é uma pessoa de bons sentimentos e boas atitudes. Merece o nosso aplauso, o que não acontece com a quase totalidade dos governantes, actuais e anteriores.
Abraço e bom Domingo
João Soares

Catarina do Prado Viegas disse...

Foi com indignação que ao passar junto deste monumento o vi a ser utilizado maioritariamente por adultos e crianças de etnia cigana como piscina publica. Achei ultrajante.

A. João Soares disse...

Tiago,

Somos um País de libertinos em que se abusa da liberdade cívica, ignorando a liberdade dos outros e o respeito que a coisa pública nos merece.
Onde anda a polícia que não garante o bom uso das coisas públicas?

Abraço
João