domingo, 8 de fevereiro de 2009

Para haver justiça social

Recebi por e-mail e não resisto à tentação de publicar, com a ideia de que se trata de um serviço público, a bem de Portugal. Nos EUA, Obama já iniciou uma solução deste género que oxalá seja uma boa semente de uma grande floresta. Esta crise financeira global é um motivo e uma oportunidade para grandes alterações na humanidade.

Imaginem
Por Mário Crespo

Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.

Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento.

Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.

Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar.

Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês.

Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência. Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas. Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.

Imaginem remédios dez por cento mais baratos. Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.

Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.

Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.
Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos.
Imaginem que país seremos se não o fizermos.

6 comentários:

João António disse...

Imaginemos que isso é verdade?! Só me lembro das palavras de um Brasileiro conhecido que me disse um dia : " os Brasileiros viveriam bem, bastava que os políticos não roubassem " no seu país ! Portugal está no mesmo caminho ...
Um abraço

A. João Soares disse...

Caro Tijoão,
É quase o mesmo.
Recorde-se o que veio nos jornais sobre o caso dos administradores da empresa municipal de Lisboa Gebális.
E quanto ao Banco de Portugal veja só:
Em relação ao rendimento médio do país, o salário do Dr. Vítor Constâncio bate o do Dr. Bernanke (FED americano)por KO.
• O Dr. Bernanke ganha 4,5 vezes mais que o americano médio.
. O Dr. Vítor Constâncio ganha 23 vezes mais que o português médio, e 5 vezes mais que o Dr. Bernanke!
MUITO HÁ A MUDAR neste rectângulo!!!
Um abraço
João Soares

Amaral disse...

João
Imaginem que os políticos em vez de quererem encher os seus bolsos, se preocupavam em garantir que haja justiça.
Boa semana
Abraço

A. João Soares disse...

Amaral,
Imagine que estaríamos no Paraíso, no Eden!
Autarquias que têm centenas de parasitas poderiam ficar com meia dúzia de pessoas competentes e dedicadas ao serviço público. Para isso seria necessário reduzir ao essencial a burocracia, o que até tinha a vantagem de acabar com as causas da corrupção.
Abraço
João Soares

Unknown disse...

Caro amigo João,
Teriamos uma mudança radical a favor da Nação!

Beijinhos,
Ana Martins

A. João Soares disse...

Cara Ana Martins,
É isso mesmo, A FAVOR DA NAÇÂO. Mas os nossos políticos na sua ignorância primária ou simulada, consideram que eles é que são a Nação esquecendo (se alguma vez o souberam) que esta é «o conjunto dos indivíduos que constituem ou constituíram uma sociedade política autónoma (Estado) oui que, pelo menos, estão ligados por uma cultura de comunhão e de tradições (em que a identidade da língua, de religião ou de raça são importantes, mas não imprescindíveis) que condicionam ou fazem desejar essa autonomia.»
Pelo caminho que o País está a perder a Nação, porque as pessoas estão a emigrar e a perder o gosto de serem portuguesas. A apatia não existe por acaso e ela está a aumentar.
Um abraço
João Soares