domingo, 17 de maio de 2009

Empresário que respeita os trabalhadores

Depois do post Empresário disposto a empobrecer um pouco, em que é referido o empresário António Lopes, proprietário da fábrica têxtil Fiper, no Teixoso, Covilhã, que deseja mais trabalhadores para a sua empresa, deparo agora com mais um exemplo de respeito pelos trabalhadores, com consciência de que eles são um importante pilar da empresa e, sem eles, nenhuma empresa pode obter rentabilidade do capital.

Transcreve-se o artigo hoje publicado no Jornal de Notícias:

Irmãos Luzias fintam a crise dando trabalho

Empresa familiar, que entrou em 2009 com solidez financeira, decidiu contratar mais três trabalhadores

JN. 090517. 01h03m. por TEIXEIRA CORREIA

Apesar da crise, a empresa Irmãos Luzias, em Beja, entrou em 2009 contratando mais três trabalhadores para as suas oficinas, que se juntam aos outros 21 e aos seis membros da família que laboram na firma.

Dedicada ao sector automóvel, máquinas agrícolas e industriais, combustíveis, gás e lojas de conveniência, a empresa começou a laborar em 1971, com o nome Auto Mecânica Central Aldenovense.

De investimento em investimento, mas com os pés bem assentes no chão, tem criado um grupo de empresas em redor da Irmãos Luzias, apoiado numa verdadeira família, onde cada empregado é visto como mais um filho, um primo ou um sobrinho.

Tudo começou quando os irmãos José e António Luzia, naturais de Santa Vitória, concelho de Beja, rumaram à Aldeia Nova de São Bento, em Serpa. A venda dos tractores David Brown, como sub-agentes, foi o primeiro negócio. Vinte e um tractores vendidos na Margem Esquerda do Guadiana levam o importador a nomear a empresa como concessionária local. Face ao grande potencial, em 1981 surgiu o convite para liderar o distrito. Nasce a Irmãos Luzias no centro de Beja. As vendas sobem para 25 tractores por ano.

Décadas volvidas - já sem o irmão, mas com a mulher como sócia - José Luzia, o fundador, começa a construir as actuais instalações, na Zona Industrial da cidade, concluídas em 2003, com 5000 m2, um investimento de um milhão de euros. Pelo meio, a nomeação como concessionário da Skoda, então ainda checoslovaca.

José Luzia passa agora a maior parte do tempo num monte perto de Baleizão. São os filhos, Vitor e Elsa, que gerem a empresa. "Sempre olhei em frente. Nunca tive receio de arriscar, mas sempre sem ir além das minhas possibilidades", afirma, feliz. Para José Luzia, o segredo do sucesso mede-se por uma palavra: "honestidade".

O facto de os filhos e respectivos cônjuges trabalharem na empresa é, para Luzia, sinal de "rigor e defesa dos próprios bens". Vitor, de 34 anos, e Elsa, de 38, assumiram a liderança da empresa e têm promovido um crescimento sustentado, apoiado numa "nova geração de profissionais responsáveis", segundo o mais novo dos manos. "A confiança nas nossas capacidades tem sido decisiva", justifica Vitor, para quem os trabalhadores, são gente "altamente competente e orientada".

Na empresa há 17 anos, Joaquim Afonso considera a empresa a sua "segunda casa", onde espera "chegar à reforma". João Canena, 37 anos de idade e dez na empresa, portador de uma deficiência ao nível cardíaco que não impede de ser o cobrador, assegura ser "acarinhado como um filho. Só tenho motivos de felicidade desde que aqui cheguei". A mais recente aquisição da empresa é Pedro Galvão, mecânico na casa há pouco mais de um mês. "Em boa hora mudei para melhor. Trabalhar aqui é como saltar à corda. É fácil", assegura.

A Irmãos Luzias tem, assim, um papel decisivo no emprego da região. Sem apoios exteriores e num sector difícil, facturou 7,8 milhões de euros em 2008. Há três anos, na suas "bodas de prata", a Câmara de Beja reconheceu o labor que a empresa atribuindo-lhe a medalha de mérito municipal grau prata.

4 comentários:

Amaral disse...

João
Atitudes destas, tão raras, são de louvor. Mas não chega o louvor, é preciso apoiar.
Abraço

A. João Soares disse...

Amaral,
Pela minha parte, casos destes e de jovens estudantes que recebem prémios significativos, ocupam um lugar de destaque no blogue. Isso não os ajuda muito, mas é um pequeno gesto que espera que apareçam outros. Se houver muitos gestos semelhantes acabarão por ter força perante a opinião pública.
Quanto a reconhecimento dos representantes do Estado, ele só aparecerá a quem tiver capacidade de pagar as comendas ou poder para exigir. Repare nas listas de condecorados em dias festivos. Não se encontram muitos casos de valor nacional. E não digo mais para não criar engulhos em gente do topo.
Um abraço
João Soares

Duarte N C Neves disse...

É de louvar situações como as descritas, contudo é conveniente lembrarmo-nos que ninguém dá nada a ninguém...
É que hoje em dia são muitos os apoios estatais aos jovens à procura do 1º emprego.
As empresas recebem uma taludazinha por cada um, e passado algum tempo, o tempo suficiente, mandão-nos embora, mas os subsidios já os receberam e se calhar duplicados com a isenção de impostos.
É claro que nem todos são iguais, mas é um risco assumido, que esta não é a melhor altura para recrutar trabalhadores, por isso, a minha suspeita e o meu comentário.
O meu desejo de felicidades para os trabalhadores.
Um abraço:

Duarte Neves

A. João Soares disse...

Duarte Neves,
Sem dúvida que este empresário não estará a dar uma esmola, terá interesse em dispor de trabalhadores para o trabalho que tem de ser feito. Mas há muitas grandes empresas que descarregam sobre os trabalhadores todas as dificuldades provenientes da crise e de uma má gestão. Este está a enfrentar a crise de forma menos penalizante para os trabalhadores.
É realmente necessário que os trabalhadores estejam atentos, para não serem escravizados sob o pretexto de, havendo desemprego, terem de aceitar todos os sacrifícios. Mas devem ver as coisas com confiança e ideias positivas e retribuir as boas intenções que existam.
Um abraço
João Soares