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O pântano
Nos últimos tempos, a gente escuta, observa e dificilmente acredita: falta sentido de Estado aos nossos políticos. Que ventos sopram afinal em Portugal? Onde param as virtudes republicanas, ou monárquicas, ou as que quiserem? Para onde emigraram a nobreza e a dignidade?
Um ministro fala de papas Maizena; outro diz que aprecia "malhar" na oposição; um membro da oposição acusa a "mordaça"; o primeiro-ministro proclama "não é assim que me vencem" e, fazendo em congresso e pela televisão queixas de um canal televisivo e de um jornal de referência, põe vários jornalistas em tribunal; um conselheiro de Estado mente no Parlamento; este, aprovando uma lei execranda sobre o financiamento dos partidos, abre mais a porta à corrupção; o partido maioritário recusa criminalizar o enriquecimento ilícito que toda a gente vê; um autarca do partido no poder dificulta o acesso a documentos que poderiam descredibilizar ainda mais o chefe de Governo; o magistrado português nosso representante no Eurojust fica submetido a processo disciplinar sob suspeita de pressão sobre outros juízes... Ufa! Que mais será necessário?
"Ó Portugal, hoje és nevoeiro!", clamava o poeta.
A falta de sentido de Estado vem destruindo os alicerces de um país orgulhoso do seu passado, mal grado muitos erros. Quem nos salva destes miasmas putrefactos? Como se drenam os pântanos deste "Portugal dos pequenitos"?
J. Sousa Dias,
Oakville, Canadá
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Portugal visto por emigrante no Canadá
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4 comentários:
Os pântanos, as areias movediças, a escuridão, o nevoeiro, são outros universos que desconhecemos, que não sabemos onde começa e acabam as suas fronteiras.
A impotência do Estado-Estado é tal que seres daqueles restritos universos, nos atacam e vão minando quem vive neste mundo real, que gostariamos que fosse mais limpido, mais transparente, que não tivesse fronteiras e onde a Justiça, a Igualdade e a Solidariedade funcionassem.
Bolas, para isto tudo!
Para quando a mudança?...
Um abraço:
Duarte Neves
A democracia devia der transparente como é uso dizer-se, mas do nevoeiro do lago sai o Monstro de Lock Ness, da escuridão do palácio sai o conde de Drácula, do pântano podem sair animais sugadores de vários tamanhos, perigosidade e currículos com diplomas passados em qualquer dia da semana. Ai de quem tem de ir pescar o pão de cada dia a locais tão mal frequentados. Muitos fogem e falam lá do Canadá de onde a distância permite ver mais claro, talvez com ajuda do telescópio espacial Hubble.
Como dizia S. Sebastião sob o efeito das dores provocadas pelas setas: Basta de tanto sofrer!
Abraço
João
Amigo João,
Está espectacular!!! *****
Beijão
Fernanda Ferreira
Cara Ná,
Há coisas que são melhor observadas quando vistas à distância e, lá fora, há outros termos de comparação que os deixa ver melhor a miséria moral e social deste rectângulo lusitano.
Beijos
João
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