segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Palavras de políticos

Em resultado de mais de sete décadas de formação cívica, escolar e profissional, de pensamento sobre o que me é dado conhecer ou deduzir, tudo amalgamado na experiência da vida, procuro ter o máximo respeito pelas instituições e pelos seus representantes. Por isso, não me passaram despercebidas as palavras lidas hoje nos jornais..

Sócrates, como líder partidário, disse «insulto degrada democracia e é arma dos fracos». Disse entre outras coisas que «os que insultam, insultam-se a si próprios», "sempre desconfiei dos fariseus", "seriedade é apresentar o programa político e as propostas e não os candidatos".
Por outro lado João Jardim que, pelas razões atrás expostas, também me deve merecer respeito disse, conforma a notícia «Jardim reduz programado PS aos casamentos homossexuais», «eu pergunto aos portugueses se estão dispostos a votar num homem que não tem ideologia e cujo único princípio é o poder custe o que custar", «o actual primeiro-ministro deixou o país num "estado que não existe desde 1974". Acusou Sócrates de ter destruído as pequenas e médias empresas, "tendo dado cabo de tudo" e de agora só ter a seu lado "o grande capital". "Como pode falar-se em reformas se a única coisa que fez foi faltar ao respeito dos portugueses?". Por isso perguntou aos magistrados, funcionários públicos, aos professores, agentes das forças de segurança e militares das forças armadas, se no dia do voto vão aceitar "um indivíduo que durante quatro anos e meio outra coisa não fez senão ofendê-los e achincalhá-los".

Sem dúvida, duas posições antagónicas, de pessoas que desempenham cargos respeitáveis, que bem merecem ser defendidas perante os portugueses num frente-a-frente televisivo, que devia ser anunciado com realce a fim de os portugueses poderem assistir e tirar as suas conclusões.

A propósito de insultos que se voltam contra os seus autores, não podem ser ignoradas as palavras que o PM na AR (órgão de soberania com competência para apreciar os actos do Governo) dirigiu a deputados e aos partidos da oposição, desde chamar-lhes mentirosos, sem currículo e aquelas dirigidas a uma deputada «o seu partido não passa de um embuste», tratando-se de um partido que obedece à Constituição e ao regulamento da AR.

Não deixa de ser interessante uma análise das notícias «Portas abre hostilidades pós-férias», acerca de um deputado e líder de um partido parlamentar e «Santos Silva responde à "rentrée" de Portas» acerca das palavras de um ministro. A uma análise serena da situação com propostas construtivas para a recuperação de Portugal, opõe-se o «insulto» irado de alguém que se preza de saber «malhar neles».

Seria bom que os detentores de poder levassem muito a sério as palavras de Sócrates e pensassem antes de falarem e de agirem porque, como bem diz Sócrates o «insulto degrada a democracia e é arma dos fracos». Perceberão esta lição do PM? Ele perceberá?

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