Transcreve-se o artigo de Paulo Ferreira, sublinhando a frase final. Nada é dito sobre se os fantásticos resultados são devidos à suspensão da célebre TLEBS ou à guerra com os professores, que chegou algumas vezes ao patamar do «insulto» ou se foram alcançados apesar disso. No fim indicam-se alguns títulos sobre o mesmo tema.
Os caminhos da Educação
JN. 090825. 00h30m. Por Paulo Ferreira
O retrato ontem apresentado pelo Governo sobre os chumbos (taxas de retenção, como agora se diz) verificados no Ensino Básico e Secundário no último ano lectivo é uma maravilha. Como são também uma maravilha os dados relativos às matrículas no nono ano de escolaridade e o número de alunos que concluíram com proveito este grau. Peço desculpa pelo que se segue, mas não há outra forma de ilustrar o sucesso sem recorrer aos números. Aí vão eles.
Taxa de chumbos no Secundário no último ano lectivo: 18%, menos 4% do que em 2007/2008 (em 2000/2001, a taxa de retenção era de 40,2%).
Taxa de chumbos no Básico: 7,7% por cento, menos 0,6% do que no ano lectivo anterior. A taxa de chumbos no Ensino Básico situava-se em 14% no ano lectivo de 2001/2002 (baixou para metade, portanto).
Número de alunos que concluíram o nono ano de escolaridade, no ensino público e privado, evoluiu 50%, entre 2005 e 2009 (de 81 743 para 121 222).
Número de alunos matriculados no nono ano no ensino público e privado cresceu 36%, entre 2005 e 2009.
Número de alunos matriculados no 10.º ano de escolaridade no ensino público e privado aumentou de 114 895 no último ano lectivo, face aos 113 031 de 2007/2008.
Quem esconder uma pontinha de orgulho depois de ler isto não é, verdadeiramente, um patriota. Portugal progride a olhos vistos, pelo menos no fundamental e decisivo capítulo da Educação. As confederações de pais e professores vêem com bons olhos esta realidade. Uns acham que é mérito do esforço acrescido dos alunos, outros julgam que os docentes são a chave deste sucesso. A Oposição, maldosa como sempre, não acredita: trata-se de pura manipulação estatística, diz. A ministra e o primeiro-ministro rejeitam as acusações de facilitismo.
E nós, que devemos nós pensar? Eu, francamente, fico contente com a evolução da coisa. Sim, aceito que os números possam ter sido um bocadinho retocados; aceito que os professores reclamem para si a vitória; e até acredito que os nossos alunos (tantas vezes apelidados de calaceiros) se tenham esforçado um bocadinho mais nos últimos anos.
Aceitando tudo isso de espírito aberto, sobra apenas uma pequena questão. Por que carga de água se alcançaram só agora números tão entusiasmantes nestes níveis de ensino? Todos os anteriores ministros - e são já bastantes... - foram inábeis, incompetentes e incapazes de perceber qual o caminho a seguir para reduzir os chumbos e estancar a hemorragia do abandono escolar? Juro que as perguntas só têm um mísera dose de ironia. Porque, de facto, a coisa é intrigante.
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