Há textos nos jornais de hoje que despertam a nossa atenção para um ponto importante. Começo por transcrever um e depois farei referência a outros.
Eles estão de volta
Jornal de Notícias. Manuel António Pina
Ficou famosa há uns anos uma notícia publicada na rubrica "Notícias militares" do extinto "Comércio do Porto" em que se informava que a esposa do comandante de um regimento da cidade dera à luz uma "robusta menina" concluindo: "Está de parabéns toda a oficialidade".
Ocorreu-me este episódio ao saber do conciliábulo sobre a "situação do país" que Cavaco Silva ontem manteve com uma "brigada do reumático" de 10 ex-ministros das Finanças. Porque, se é Cavaco o "pai do monstro" do défice, como Cadilhe diz, toda aquela "oficialidade" está igualmente de parabéns pelo inestimável contributo que deu à gestação do "robusto menino" que o Orçamento há décadas embala.
A julgar pelas posições públicas presentes e pelas políticas passadas de alguns deles, não é difícil adivinhar que soluções têm para a "situação do país":
- cortes nas despesas sociais,
- cortes em salários e pensões,
- aumento de impostos.
E que soluções não têm:
- cortes nos escandalosos salários e prémios de gestores públicos e "boys",
- moralização do IRC da Banca,
- tributação das grandes fortunas.
Era pedir de mais a tão luzida e ex-ministerial gente.
NOTA: Não se pode deixar de concordar com a previsão do autor quanto às soluções previstas e aquelas que sendo aconselháveis não terão concretização. É que as acções dos políticos obedecem a uma lógica diabólica de submissão a fortes pressões de compromissos, cumplicidades, conivências do grande capital, dos «boys» já instalados e em princípio de carreira, mas já conhecedores de segredos que não convém serem revelados. E para que não se conheçam certas verdades, é imperioso evitar que se zanguem as comadres.
Da reunião da «brigada do reumático» sai a notícia «Ex-ministros avisam portugueses para sacrifícios» de que havia «garantias» de Governo que não aconteceriam. Mas, como diz Paulo Ferreira, «o Executivo português tem usado a perigosa estratégia do ziguezague». E diz de forma clara que «a cabeça dos portugueses anda à roda com tanto ziguezague, quando o que faria todo o sentido seria que a cabeça dos portugueses estivesse firme e consciente de que será necessário um gigante esforço de todos para sair do sítio em que estamos.
Como se faria uma coisa dessas? Talvez usando o horário nobre das televisões e, de uma só vez, dizer aos portugueses qualquer coisa deste género: o Governo tem um plano A, que é este; se não chegar, avançamos com as medidas B; e, no caso de extrema necessidade, somaremos as medidas C. Esta clareza teria a vantagem, a enorme vantagem de colocar o problema nas suas reais dimensões.»
Também Sérgio Andrade, em «De como me tiraram mais 200 euros» foca a conveniência do esclarecimento dos portugueses por alguém com capacidade de se expressar para o povo compreender e com credibilidade para inspirar confiança. «Acho que falta aos governos um assessor especializado em falar a linguagem do povo, alguém que desse explicações de um modo que, não direi todos, mas uma maioria percebesse as razões de atitudes que tomam. Só com explicações ministeriais não vamos lá! E as pessoas, quando não percebem, fazem como os gregos estão a fazer: vão para a rua e dão cabo de tudo.»
Enfim, não faltam conselhos e algumas lições com bom nível didáctico para sermos bem governados, mas provavelmente os políticos, no seu alto saber e competência, têm razões que a nossa razão desconhece!!!
Eles estão de volta
Jornal de Notícias. Manuel António Pina
Ficou famosa há uns anos uma notícia publicada na rubrica "Notícias militares" do extinto "Comércio do Porto" em que se informava que a esposa do comandante de um regimento da cidade dera à luz uma "robusta menina" concluindo: "Está de parabéns toda a oficialidade".
Ocorreu-me este episódio ao saber do conciliábulo sobre a "situação do país" que Cavaco Silva ontem manteve com uma "brigada do reumático" de 10 ex-ministros das Finanças. Porque, se é Cavaco o "pai do monstro" do défice, como Cadilhe diz, toda aquela "oficialidade" está igualmente de parabéns pelo inestimável contributo que deu à gestação do "robusto menino" que o Orçamento há décadas embala.
A julgar pelas posições públicas presentes e pelas políticas passadas de alguns deles, não é difícil adivinhar que soluções têm para a "situação do país":
- cortes nas despesas sociais,
- cortes em salários e pensões,
- aumento de impostos.
E que soluções não têm:
- cortes nos escandalosos salários e prémios de gestores públicos e "boys",
- moralização do IRC da Banca,
- tributação das grandes fortunas.
Era pedir de mais a tão luzida e ex-ministerial gente.
NOTA: Não se pode deixar de concordar com a previsão do autor quanto às soluções previstas e aquelas que sendo aconselháveis não terão concretização. É que as acções dos políticos obedecem a uma lógica diabólica de submissão a fortes pressões de compromissos, cumplicidades, conivências do grande capital, dos «boys» já instalados e em princípio de carreira, mas já conhecedores de segredos que não convém serem revelados. E para que não se conheçam certas verdades, é imperioso evitar que se zanguem as comadres.
Da reunião da «brigada do reumático» sai a notícia «Ex-ministros avisam portugueses para sacrifícios» de que havia «garantias» de Governo que não aconteceriam. Mas, como diz Paulo Ferreira, «o Executivo português tem usado a perigosa estratégia do ziguezague». E diz de forma clara que «a cabeça dos portugueses anda à roda com tanto ziguezague, quando o que faria todo o sentido seria que a cabeça dos portugueses estivesse firme e consciente de que será necessário um gigante esforço de todos para sair do sítio em que estamos.
Como se faria uma coisa dessas? Talvez usando o horário nobre das televisões e, de uma só vez, dizer aos portugueses qualquer coisa deste género: o Governo tem um plano A, que é este; se não chegar, avançamos com as medidas B; e, no caso de extrema necessidade, somaremos as medidas C. Esta clareza teria a vantagem, a enorme vantagem de colocar o problema nas suas reais dimensões.»
Também Sérgio Andrade, em «De como me tiraram mais 200 euros» foca a conveniência do esclarecimento dos portugueses por alguém com capacidade de se expressar para o povo compreender e com credibilidade para inspirar confiança. «Acho que falta aos governos um assessor especializado em falar a linguagem do povo, alguém que desse explicações de um modo que, não direi todos, mas uma maioria percebesse as razões de atitudes que tomam. Só com explicações ministeriais não vamos lá! E as pessoas, quando não percebem, fazem como os gregos estão a fazer: vão para a rua e dão cabo de tudo.»
Enfim, não faltam conselhos e algumas lições com bom nível didáctico para sermos bem governados, mas provavelmente os políticos, no seu alto saber e competência, têm razões que a nossa razão desconhece!!!
1 comentário:
Realmente são sempre os mais fracos que pagam. Pergunto eu porque não criam um tecto para as reformas - ve-se por aí tanto boy a ganhar milhares e milhares de reformas, porque nao proibem as reformas enquanto estão no activo, porque não proibem mais de uma reforma. Julgo que só aqui, pagava muita coisa. Já nem falo das fundações e companhia limitada que absorvem a pouca riqueza do país.
Alguém nos salve...
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