quinta-feira, 3 de junho de 2010

Encerramento de Escolas

Há a promessa, ou ameaça, de serem fechadas cerca de 500 escolas do 1º ciclo no próximo ano lectivo. Como os governantes são pressionados a reduzir as despesas, para baixar o défice, demonstram a sua incapacidade para confrontarem as despesas mais escandalosas decidindo ao acaso contra os reais interesses do povo, daqueles a quem devem defender e proporcionar bons serviços. Mas convinha que os governantes não se esquecessm de que Governar é decidir em benefício da população.

Para maior gravidade, a decisão não foi devidamente ponderada e, por isso, a Oposição acusa Governo de encerrar escolas de forma “unilateral” e a decisão peca por as Escolas a fechar serão do Norte e do interior, e a FNE defende que encerramento de escolas não pode ser feito de forma "cega". Recorda-se que qualquer decisão deve ser preparada seguindo uma metodologia do género da referida em Pensar antes de decidir.

Fica-se com a ideia de que o ensino tem vindo a ser visto com ópticas desfocadas e não se vê sinal de ser arrepiado caminho. Sem dúvida que as despesas devem ser bem controladas e não ser excessivas. Mas os governantes olham para o dinheiro de forma errada, reduzem aquele que se destina às pessoas, na saúde e no ensino, onde se trata de investimento do futuro, mas não lhes passa pela mente a necessidade absoluta de controlar e reduzir aquele que corre em caudais escandalosos para as contas de políticos e seus amigos, que esvai os cofres do Estado e provoca crises financeiras como a actual. Gestores públicos em salários, «prémios» e outras benesses de obscura contabilidade, negócios em que a corrupção e o tráfico de influências, constituem uma agressão aos portugueses, com atropelo da ética, da moralidade, da sensatez.


A redução das despesas, nas suas diversas parcelas, necessitam de sensata ponderação, pois Este não é um filme para ver a preto e branco.

É urgente que se pense na imoralidade de reformas excessivamente elevadas, de reformas acumuladas, se fixe um limite máximo de reformas, na atribuição de carros que não são indispensáveis para o exercício da função, na substituição de carros só porque apareceu um modelo de mais luxo.

Perante as imoralidades vigentes não espanta a notícia de que o Cenário de novo aumento de impostos não está excluído.

Parece que estas decisões saem da cabeça de Criativos não praticantes, sem conhecimento da vida real das diversas regiões e das condições de vida das pessoas que as habitam e sem capacidade para fazerem um esforço de compreensão das implicações de qualquer medida que se pense adoptar.

3 comentários:

Mentiroso disse...

Caro amigo, é um caso muito pertinente e fundamental para o futuro de qualquer país.

Os exageros de ordenados escandalosos, reformas acumuladas, despesas com gastos desnecessários de políticos e administradores, automóveis e outros tantos não existentes em estados democráticos provam a completa ausência de democracia no verdadeiro sentido da palavra. Esse dinheiro assim estoirado com essas seitas de ladrões de estrada engravatados chegaria para muitos outros usos democráticos e necessário, como a saúde e o direito universal à justiça, pedra angular de qualquer sistema democrático e inexistente em Portugal. Há dinheiro para comprar popós para abortos, mas não para um direito basilar democrático.

As demonstrações como a última, na semana passada, demonstram a inadequada forma como se pretende chegar a ela. Que importa reclamar por salários baixos se por um lado a baixíssima produção não permite melhores. Não seria preferível ter demonstrado o descontentamento pelos ganhos dos acima mencionados, estes também completamente desadequados à mesma produção, que é nacional e não localizada, e a qual paga esses ladrões? Não seria melhor reclamar pelo ainda desadequado ensino que formou os mal formados incapazes de melhor produção? Não seria melhor reclamar pelo horrível sistema de saúde que a todos prejudica e evitar que continue a privilegiar os hobbies?

Quanto ao fecho das escolas é um caso que se inscreve no mesmo problema da má instrução. Através das últimas décadas assistimos à abertura de milhares de escolas, muitas necessárias outras não. Estas últimas prejudicaram um já sistema já de si extremamente deficiente. A existência de escolas com uma única turma englobando alunos de todas as idades e classes, apenas porque ficam perto de casa, é um erro cego e de gritar que atrasa o ensino e o torna enormemente mais ineficiente. Como podem os alunos aprender em tais condições? Para se obterem resultados baixou-se o nível. A abertura de muitas escolas, porém, gerou muitos votos e é isso que os corruptos querem, não que os alunos aprendam, venham a viver melhor e o país suba. Isso não interessa; por isso, toca de abrir escolas, que os fundos europeus chegaram para pagar essa origem de mais votos em lugar de os utilizar em obras para o futuro, para aquilo a que eram destinados. Vemos agora a consequência. Porque não fizeram como noutros países europeus, que em lugar de aumentarem o número de escolas aumentaram os transportes para levarem os alunos às escolas? Muitos percorrem distâncias enormes por estradas e até por barco, como entre as ilhas e os fiordes da Noruega. Gratuitamente. Cá, a diminuição da distância é mais importante que o futuro.

Não nos preocupemos, pois, com os críticos, estejam eles de que lado ou partido estiverem e pensemos com a nossa própria cabeça em lugar da ajuda que não temos por esse bando de bestiagos jornaleiros nos terem sistematicamente desinformado a ponto de estarmos completamente em branco sobre quase tudo que nos interessaria conhecer.

As escolas nas condições atrás mencionadas jamais deveriam ter sido abertas, pelo que há muito deviam impreterivelmente ser fechadas. Claro que não é por isso que o fazem, mas é essa a realidade. Essas escolas são o segundo mal para o ensino logo após o pior de todos, o próprio ensino. Claro que não devem agora ser fechadas à sorte, tal como foram abertas. «Não pode ser feito de forma cega» e deve-se bem «Pensar antes de decidir». O «ensino tem vindo a ser visto com ópticas desfocadas» e é de crer que os corruptos, incompetentes e irresponsáveis assim continuem.

A. João Soares disse...

Meu caro Amigo,

Obrigado pelo seu comentário que é uma análise muito completa do firma como os políticos tomam decisões mal fundamentadas, ao acaso, por palpite mais ou menos infantil, mesmo que em parte possam ter um pouco de justificação, mas que não são integradas em estudos globais e estratégicos olhando a todas as suas incidências e não perdendo de vista as finalidades pretendidas que devem ser previamente bem definidas.

Sem definir as finalidades, os objectivos, não se pode estabelecer o método a seguir, as etapas do percurso, as acções a concretizar... e o resultado é desperdício de recursos, em que o tempo é, por vezes o mais importante. Com avanços e recuos ao sabor das próximas eleições, perde-se tempo, adia-se a boa solução e o País não se desenvolve.

Um abraço
João
Do Miradouro

Mentiroso disse...

É exactamente essa a causa do atraso do país. Enquanto nos dizem que há avanço vamo-nos atrasando cada vez mais de ano para ano. Avanço há, evidentemente, mas como ele é sempre muito abaixo daquele que se verifica nos outros países, é num atraso em que na realidade se traduz. O resto é pura falsidade. pelo que mais uma vez, o orgulho nacional é mal fundado. Parece que cá ninguém está ao corrente dos grandes progressos realizados em países que nos estavam atrás. Hoje, até uma boa parte dos países africanos estão a um nível próximo do nosso, equiparável ou mesmo superior. Tanto em corrupção como no restante.