terça-feira, 5 de outubro de 2010

Negligência nacional

Numa época em que tanto se fala na procura da excelência, na conveniência de fazer bem tudo aquilo que se faz, é desgastante assistir-se a tantos erros provenientes do desleixo, da incúria, do desprezo pela perfeição e pelo rigor.

Passa-se a nível governamental, com medidas avulsas, incoerentes, sem estratégia, mas o que não é menos grave, é que se passa também na generalidade da vida da população. As últimas notícias confirmam o que ficou escrito nos posts «Segurança votada ao desprezo» e «Incompetência e descontrolo».

Foi a infiltração da chuva no hospital Amadora-Sintra, de construção recente, que impediu o funcionamento do Serviço de Urgências e obrigou à transferência de doentes para outros hospitais. E agora é a notícia de que «Portão cai e fere criança em escola inaugurada há apenas quatro meses».


Mas, infelizmente, há muito mais dói que isto, pois os acidentes rodoviários não param de destruir vidas e, até, sofrem forte acréscimo quando caem as primeiras chuvas de Outono. A culpa não é da chuva, mas dos condutores que ignoram que a condução deve ser adaptada ao estado do piso e à visibilidade e é sabido que a chuva reduz a aderência do carro ao piso e diminui a visibilidade da estrada.

Como melhorar os comportamentos das pessoas? Certamente através das escolas, o que terá resultados lentos e demorados. Com resultado a curto prazo, só pode conseguir-se um comportamento mais adequado, através de penalização eficiente dos culpados, directa ou indirectamente por acidentes ou incidentes que possam causar danos pessoais ou materiais a terceiros. Estas acções disciplinadoras devem dirigir-se aos construtores, aos operários, aos responsáveis pela manutenção, aos inspectores das actividades económicas dos diversos sectores.

Os efeitos do desmazelo e da incompetência não se limitam a custos contabilísticos, mas incidem de forma grave na vida das pessoas, no seu stress, na sensação de insegurança, receio, falta de confiança e de segurança.

Para restabelecer cuidados racionais e socialmente correctos, os responsáveis, a justiça, os serviços de inspecção , não podem manter-se inactivos na luta contra pequenos defeitos que estão a criar mau ambiente pelo efeito de massa.

Imagem da Net

2 comentários:

Mentiroso disse...

Que mais seria de esperar daqueles que pertencem à tal geração de adolescentes do tempo do Mário Soares e que ficou conhecida por geração rasca? Não se vê também como saíram os seus rebentos e como eles lidam com as escolas?

Com esta gentalha nem há nada de mais normal.

A. João Soares disse...

Caro Mentiroso,

O que diz constitui uma conclusão lógica daquilo que observamos no dia-a-dia da vida nacional. Não é por acaso que estamos numa crise que nos colocou na cauda da Europa. O País está numa tal situação de debilidade que a mais pequena aragem ocorrida no mundo global o derruba para o fundo de todas as escalas.
E não se pode esperar mais de uma geração que despreza todos os valores éticos. Mas, como na Natureza acaba por surgir sempre uma solução, mesmo que seja com um terramoto, maremoto, tempestade, não podemos deixar de esperar algo de muito grave para os próximos tempos, e poucos dos autores da bagunça ficarão para contar como foi.
Valeria a pena que lessem e meditassem nas ideias que expõe no seu artigo Viva a Carbonária!, que retirassem daí as devidas conclusões e lições para aplicar dignamente na actual gestão do País.
Um abraço
João
Sempre Jovens