Esta apresentação encaixa numa corrente de opinião que, em última análise, pretende fazer crer que as dívidas produzem riqueza. Sendo contudo um expediente comum para "alavancar" a máquina económica, caso se cometam excessos e irresponsabilidades, tudo vai por água abaixo (como está a acontecer). Em suma: para se poder gastar há que, primeiro de tudo, produzir... Duvido muito da honestidade da teoria e estou convencido que há por aí muito menino (quiçá das hostes socretinas) que, servindo-se dela, quer continuar a viver à tripa forra.
Hoje não há dinheiro, há confiança em meios de pagamento que não têm suporte de dinheiro. Um funcionário recebe o salário na sua conta bancária, não é dinheiro, é apenas um registo, depois vai fazer compras com um cartão. O comerciante não recebeu dinheiro mas apenas o registo do cartão que foi passado para a sua conta. Depois com base no mesmo sistema paga aos trabalhadores e aos fornecedores e ninguém viu dinheiro. Há um movimento em França para num determinado dia toda a gente ir ao banco levantar o seu dinheiro, para os bancos terem de fechar. Ora depois de meia dúzia de levantamentos o pouco dinheiro que o banco tem em caixa desaparece e isso cria uma total desconfiança no sistema. É complicado e ninguém deve mexer no sistema sem saber bem o que pode desencadear. A economia também é complexa. É preciso produzir para que o dinheiro (ou o seu registo) possa circular. Mas há que reduzir as importações de bens não necessários e não produtivos, e aumentar a produção de bens de substituição das importações. Mas para produzir é preciso crédito para pagar as matérias primas e o pessoal antes de a produção ser vendida e recebido o seu pagamento. Aí reside o bom senso para não ultrapassar limites convenientes. A doutrina antiga era de só gastar aquilo que se tem, mas isso hoje nem sempre é viável. É preciso um valor inicial e se não o temos há que o pedir ao banco.
O mal dos países é que a crise é paga pelos que são sempre os explorados, não se fala de um gabinete de governo ter despedido uma dezena de assessores. Mas todos os dias o número de trabalhadores desempregados aumenta, e as respectivas famílias ficam sem meios de subsistência. Dá impressão que os catedráticos de economia como o Cavaco, vivem presos a teorias aéreas e não fazem a mínima ideia das realidades das pessoas. Ou se vêem, não têm coragem de sugerir medidas adequadas.
Mas a paciência dos pobres famintos, tem limites e algo de muito grave poderá acontecer, e as vítimas raramente são os causadores da crise.
O assunto dá pano para mangas e é pena que não seja este o espaço ideal para o discutir com profundidade. Mas o que me parece é que foi o paradigma, que tão bem acabou de decrever, que nos levou a este estado de coisas. Nu fundo, andamos a pagar o nosso bem-estar com moeda falsa. Se bam entendi, só falta, para "alavancar" a economia, sermos autorizados a produzir notas do banco nas nossas impressoras. E, porque não, erigirmos uma grande estátua ao eminente economista que deu pelo nome de Alves dos Reis...
Na minha santa ignorância, continuo a não perceber como é que se pode pagar um bem real com dinheiro virtual. Ou não será tudo uma imensa artimanha para explorar os mais fracos, nomeadamente os povos do terceiro mundo governados por escandalosas cleptocracias?
Vou começar pela «artimanha» como lhe chama. Não me inclino bem para tal intenção, nem sequer para um sistema criado voluntariamente e com ciência e arte, pois se assim fosse, se eles fossem sábios, não o deixavam ruir como aparece estar em vias. A virtualidade da moeda data do seu início, da fidúcia, da confiança em que a moeda assenta. Deixou de haver troca de produtos de valor conhecido para os vender por um símbolo, o preço, em papel ou em metal. A partir daí surgiram os cheques e deixou de ser necessário andar com um saco cheio de moedas ou uma carteira inchada de notas, depois vieram os cartões electrónicos e, pela Internet, apenas um código e uma password. O Alves dos Reis pertence ao passado a uma sociedade que não tinha a virtualidade da Net. A gravidade do problema é que, mesmo virtual, o dinheiro exige cuidados com a sua gestão. mas as pessoas não gostam da aritmética e movidas pela vaidade e ostentação, aceitam como boas dádivas as publicidades de bancos e grandes empresas com cartões de crédito e outros atractivos e compram tudo em prestações, mas imensas vezes elas são tantas que o vencimento não chega para as pagar. É o fenómeno do crédito mal parado que foi gerado por culpa dos bancos e de que eles agora se queixam.
E, a propósito, aconselho uma visita aos posts seguintes que focam este tema:
4 comentários:
Caro joão Soares
Esta apresentação encaixa numa corrente de opinião que, em última análise, pretende fazer crer que as dívidas produzem riqueza.
Sendo contudo um expediente comum para "alavancar" a máquina económica, caso se cometam excessos e irresponsabilidades, tudo vai por água abaixo (como está a acontecer).
Em suma: para se poder gastar há que, primeiro de tudo, produzir...
Duvido muito da honestidade da teoria e estou convencido que há por aí muito menino (quiçá das hostes socretinas) que, servindo-se dela, quer continuar a viver à tripa forra.
Caro Vouga,
Hoje não há dinheiro, há confiança em meios de pagamento que não têm suporte de dinheiro. Um funcionário recebe o salário na sua conta bancária, não é dinheiro, é apenas um registo, depois vai fazer compras com um cartão. O comerciante não recebeu dinheiro mas apenas o registo do cartão que foi passado para a sua conta. Depois com base no mesmo sistema paga aos trabalhadores e aos fornecedores e ninguém viu dinheiro.
Há um movimento em França para num determinado dia toda a gente ir ao banco levantar o seu dinheiro, para os bancos terem de fechar. Ora depois de meia dúzia de levantamentos o pouco dinheiro que o banco tem em caixa desaparece e isso cria uma total desconfiança no sistema.
É complicado e ninguém deve mexer no sistema sem saber bem o que pode desencadear.
A economia também é complexa. É preciso produzir para que o dinheiro (ou o seu registo) possa circular. Mas há que reduzir as importações de bens não necessários e não produtivos, e aumentar a produção de bens de substituição das importações. Mas para produzir é preciso crédito para pagar as matérias primas e o pessoal antes de a produção ser vendida e recebido o seu pagamento. Aí reside o bom senso para não ultrapassar limites convenientes.
A doutrina antiga era de só gastar aquilo que se tem, mas isso hoje nem sempre é viável. É preciso um valor inicial e se não o temos há que o pedir ao banco.
O mal dos países é que a crise é paga pelos que são sempre os explorados, não se fala de um gabinete de governo ter despedido uma dezena de assessores. Mas todos os dias o número de trabalhadores desempregados aumenta, e as respectivas famílias ficam sem meios de subsistência.
Dá impressão que os catedráticos de economia como o Cavaco, vivem presos a teorias aéreas e não fazem a mínima ideia das realidades das pessoas. Ou se vêem, não têm coragem de sugerir medidas adequadas.
Mas a paciência dos pobres famintos, tem limites e algo de muito grave poderá acontecer, e as vítimas raramente são os causadores da crise.
Abraço
João
Do Mirante
Caro João Soares
O assunto dá pano para mangas e é pena que não seja este o espaço ideal para o discutir com profundidade.
Mas o que me parece é que foi o paradigma, que tão bem acabou de decrever, que nos levou a este estado de coisas. Nu fundo, andamos a pagar o nosso bem-estar com moeda falsa. Se bam entendi, só falta, para "alavancar" a economia, sermos autorizados a produzir notas do banco nas nossas impressoras. E, porque não, erigirmos uma grande estátua ao eminente economista que deu pelo nome de Alves dos Reis...
Na minha santa ignorância, continuo a não perceber como é que se pode pagar um bem real com dinheiro virtual. Ou não será tudo uma imensa artimanha para explorar os mais fracos, nomeadamente os povos do terceiro mundo governados por escandalosas cleptocracias?
Caro Vouga,
Vou começar pela «artimanha» como lhe chama. Não me inclino bem para tal intenção, nem sequer para um sistema criado voluntariamente e com ciência e arte, pois se assim fosse, se eles fossem sábios, não o deixavam ruir como aparece estar em vias.
A virtualidade da moeda data do seu início, da fidúcia, da confiança em que a moeda assenta. Deixou de haver troca de produtos de valor conhecido para os vender por um símbolo, o preço, em papel ou em metal.
A partir daí surgiram os cheques e deixou de ser necessário andar com um saco cheio de moedas ou uma carteira inchada de notas, depois vieram os cartões electrónicos e, pela Internet, apenas um código e uma password.
O Alves dos Reis pertence ao passado a uma sociedade que não tinha a virtualidade da Net.
A gravidade do problema é que, mesmo virtual, o dinheiro exige cuidados com a sua gestão. mas as pessoas não gostam da aritmética e movidas pela vaidade e ostentação, aceitam como boas dádivas as publicidades de bancos e grandes empresas com cartões de crédito e outros atractivos e compram tudo em prestações, mas imensas vezes elas são tantas que o vencimento não chega para as pagar. É o fenómeno do crédito mal parado que foi gerado por culpa dos bancos e de que eles agora se queixam.
E, a propósito, aconselho uma visita aos posts seguintes que focam este tema:
- Mark Boyle: Há um ano sem dinheiro
- Dinheiro não dá felicidade
- Dispensar excessos, consumismo e ostentação
- Simplicidade na vida
- Elogio da simplicidade
Um abraço
João
Sempre Jovens
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