Dois amigos leitores deste blogue, embora só raramente deixem comentários no espaço próprio, fazem-me saber, por e-mail ou de viva voz, as suas opiniões que interpreto com a ressalva de terem sido detentores de altos cargos no Governo e em entidades públicas. Dizem-me que os blogues, tal como os jornais, não devem publicar boatos ou qualquer coisa que não esteja devidamente averiguada e comprovada.
Mas não podemos ignorar que a realidade mostra «não haver fumo sem fogo» e, tanto os blogues como os jornais, têm alertado as pessoas (as autoridades responsáveis, incluídas) para «casos» que depois deram muito que falar. Sem essa atitude de alerta, eles ficariam ignorados devido às pressões de forças poderosas interessadas na sua ocultação. E mesmo depois dos alertas, muitos «casos» acabam por se esbater e ser arquivados ou fechados por um texto demasiado macio. É preciso alertar, dizer que o Rei vai nu, dizer que há fumo, mesmo que de maneira tosca, apenas com a intenção de dar oportunidade a quem de direito para averiguar, investigar e chegar às devidas conclusões. Do autor ou transmissor do alerta não pode nem deve exigir-se a investigação que compete a instituições próprias. Tais alertas, como sugestões ou opiniões, podem ou não ser pertinentes e úteis, cabendo ao responsável pela decisão aproveitar ou pôr de lado.
Aos assessores do decisor exige-se ponderação rigorosa, sem desprezar dicas que possam fazer ver aspectos inicialmente não tidos em conta, a fim de não empurrar para decisões desastrosas.
Nessa fase do estudo, aplica-se o que foi apresentado no post «pensar antes de decidir» não desprezando os mínimos pormenores e listar todas as hipóteses possíveis para a solução do problema, de cuja escolha sai a decisão. Esta dará lugar à elaboração do planeamento, programação e execução., durante a qual haverá um permanente controlo e, eventualmente, os ajustamentos que forem indispensáveis
A liberdade de opinião é importante e haverá vantagem em as pessoas se habituarem a observar, analisar e criticar tudo o que vêem, lêem e ouvem, para não se deixarem enganar por artimanhas de propagandas falaciosas. Isso aplica-se na vida privada diária e também no voto que, normalmente, cai no candidato mais bafejado pelas sondagens, pela boa aparência, pelas palavras de tom mais convincente mesmo que não sejam compreendidas.
E por falar em fumo, merece que alguém olhe com isenção, rigor e equidade, como deve ser timbre da Justiça, para a «notícia» referida em «Será que estamos em Crise? » cuja introdução começa por: «Pelos vistos na Região Autónoma dos Açores a Crise ainda lá não chegou..."Governo regional dos Açores pagou 27 mil euros por viagem da mulher de presidente da região autónoma"»
Imagem da Net
Mais uma conquista para António Costa
Há 3 horas
4 comentários:
Caro João Soares
Eses senhores, pelos vistos, não sabem a diferença entre um jornal e um tribunal. Enquanto que no primeiro é legítimo emitir opiniões, mesmo que não se disponha de provas judiciais, no segundo lavram-se sentenças com base em factos comprovados. Realidades muito diferentes.
Esquecem-se, ou fazem de conta, que alguém que cometa um crime é criminoso e continua a sê-lo mesmo quando o tribunal não consiga prová-lo. E é aí que entra a opinião. Esta é sempre legítima, quanto mais não seja porque já foram cometidos pelos juizes tremendos erros judiciais. Inclusivamente já foram, por essa via, executados muitos inocentes.
Caro Vouga,
Como muito bem diz, há uma diferença estrutural, institucional, entre a opinião pessoal, dos jornais, dos blogues e, do outro lado, as sentenças dos tribunais. A liberdade de expressão e de opinião, são um recurso a utilizar para dar aos detentores do poder, pistas a investigar, medidas a tomar. Quando o miúdo grita «o Rei vai nu» ou quando um jornalista diz que há fumo, os detentores do poder, a Justiça, devem iniciar investigações para encontrar o foo, porque, como o ‘povo diz «Não há fumo sem fogo!».
Por isso há que investigar com urgência o que se passa que tenha dado origem ao conteúdo do artigo a que se refere o link Será que estamos em Crise?
Um abraço
João
Do Miradouro
Caro João Soares
Já agora, aproveito para acrescentar que, a pensar como esses senhores, os jornais passariam a ser feitos pelos tribunais, porque mais ninguém estaria autorizado a dar opinião (pelo simples facto de não ter tido acesso a toda a informação). Mais ainda, a absolvição por "falta de provas" deixa tudo em aberto. Por exemplo, no famigerado caso das habilitações literárias do cidadão Pinto de Sousa, é bom que se tenha em atenção de que o tribunal NÃO DEU COMO PROVADO que não houve vigarice. Limitou-se a dizer que não conseguiu provar que houve. Ou seja, pode ter havido, mas as provas não foram suficientes para emitir um veredicto condenatório. Ora, neste caso, é natural que as pessoas continuem com dúvidas. E têm direito a manifestá-las por todos os meios ao seu dispor, incluindo blogues. E esta lógica é extensiva a todas as embrulhadas que envolvem membros do Governo e seus compadres.
Caro Fernando Vouga,
Essa da falta de prova é uma esquisitice da lei. Torna a Justiça numa coisa em que ninguém confia. O Madof foi condenado em 6 meses, na América. Por cá o BPN continua sem sentença.
Imagina um homicídio. Há o cadáver como principal prova de que o crime existiu. Há uma gravação de uma conversa telefónica em que o homicida narra todos pormenores do crime. Mas a gravação não é válida porque não foi feita por determinação judicial. O criminosos é absolvido por falta de prova válida.
No caso que cita das habilitações académicas, foi feito um processo judicial contra o dono do blog «Do Portugal Profundo» de onde saiu o grito «o Rei vai Nu» com muitas provas, e depois o queixoso desistiu, por ver que ia sair muito enxovalhado. E assim se ocupam os Juízes e se entope a Justiça.
Por e-mail podemos focar mais pormenores.
Um abraço
João
Só imagens
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