Estamos numa fase da vida nacional em que não podem ser dados passos errados, pelo que os efeitos das decisões devem ser previamente perspectivados, com muito rigor, a fim de a crise não se agudizar, pois o desejo dos portugueses é que ela termine e se entre num ciclo de crescimento normalizado, em que haja confiança e esperança.
É corrente dizer-se que o excesso de despesas públicas constituiu o factor mais negativo da crise e, nesse sentido, Marques Mendes elaborou uma lista de institutos públicos que podem ser extintos. Por isso fica-se surpreendido quando se lê que Passos dá prioridade a criação de uma autoridade orçamental independente, que logicamente se irá sobrepor a serviços já existentes, criando mais confusão e menos eficácia na administração pública, além de mais despesas.
É uma boa norma em actividades de organização, procurar a máxima simplicidade compatível com a eficácia na prossecução dos objectivos. Daí resulta melhor funcionamento das estruturas e maior economia de meios.
Não foi por acaso que Sócrates há seis anos criou a ASAE, para substituir três instituições de fiscalização económica que estavam obsoletas, cada uma prejudicando a actividade das outras duas, com maiores custos, ineficiência e burocracia. O ex-PM estava, então, no bom caminho.
A situação actual é demasiado grave para se continuar a alimentar o descontentamento e o desagrado. Temos que nos unir todos para salvar Portugal. É certo que haverá erros, como os havia, mas a nossa reacção, até Portugal começar a recuperar, não pode assentar no negativismo. Há que criticar com a intenção de chamar a atenção para erros e, ao mesmo tempo, sugerir os caminhos correctos a seguir, a fim de se criar confiança e alimentar a esperança em melhores dias para nós e para os nossos descendentes.
Sem dúvida, que cada um de nós tem a sua opinião, o que é saudável, mas devemos usá-la tendo sempre presente no pensamento que é preciso recuperar Portugal para nosso benefício e dos vindouros. Nada pior, principalmente neste momento, do que as criticas divisionistas e demolidoras, só para denegrir e desprestigiar os governantes e minar a confiança e a esperança dos portugueses. Sem esta confiança, a esperança em dias melhores e o respeito por quem governa, não será fácil sair do buraco em que estamos. Tal clima tem que ser preparado por todos desde governantes até ao mais simples cidadão da mais isolada aldeia do país.
Não tenho saber nem credibilidade para «armar em educador do povo», mas não posso deixar de estimular a vontade de as pessoas se esclarecerem e procurarem conhecer o que se passa em seu redor. Evito expressar a minha opinião e não deixo de aqui publicar afirmações que considero merecedoras de reflexão, concordante ou discordante, independentemente dos seus autores.
Embora a Comunicação Social pareça estar eivada de vícios indesejáveis, é ela o veículo de informação de que dispomos e é imperioso que saibamos fazer filtrar pelo nosso raciocínio crítico aquilo que ela nos traz. Não devemos aceitar como certo aquilo de que tenhamos dúvidas, que não pareça correcto, que nos pareça intencionalmente exagerado ou aleivoso.
Portugal será maior se o povo estiver esclarecido, lúcido e a saber seleccionar aquilo que é correcto, segundo as suas próprias opiniões. E uma das nossas certezas é que queremos um Estado mais magro e desejamos ver eliminar as obesidades inúteis e prejudiciais.
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