terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Fosso entre ricos e pobres na mira da OCDE

Transcrição de artigo:

OCDE pede aos governos para atacarem a desigualdade
Público. 05.12.2011 - 17:07 Por Paulo Miguel Madeira

Resultados contrariam doutrina dominante.

Os governos dos países da OCDE devem combater o crescente fosso entre ricos e pobres, que atingiu níveis históricos, disse a organização num relatório divulgado hoje. Portugal continua a ter uma das sociedades com maior desigualdade neste grupo.

“O rendimento médio dos 10% mais ricos” dos 34 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que agrupa as economias de mercado mais desenvolvidas, “é agora [em 2008] cerca de nove vezes o dos 10% mais pobres”, tendo atingido o seu “nível mais elevado em mais de 30 anos”, lê-se num comunicado de imprensa.

“O contrato social está a começar a deslaçar em muitos países. Este estudo desfaz as assunções de que os benefícios do crescimento económico se transmitem automaticamente aos mais desfavorecidos e que maior desigualdade favorece uma maior mobilidade social”, disse o secretário-geral da OCDE, o mexicano Angel Gurria, no lançamento em Paris deste relatório, intitulado “Divided We Stand: Why Inequality Keeps Rising”.

O relatório compara a desigualdade em 1985 com a desigualdade em 2008, e conclui que ela aumentou “mesmo em países tradicionalmente igualitários, como a Alemanha, a Dinamarca e a Suécia”, onde a diferença entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres passou de 5 para 1 na década de 1980 para 6 para 1 no final da década passada.

“Sem uma estratégia abrangente para um crescimento inclusivo, a desigualdade vai continuar a aumentar”, disse ainda Gurria, para quem “o crescimento das desigualdades não tem nada de inevitável”. A qualificação da força de trabalho “é de longe o instrumento mais poderoso para contraria o aumento da desigualdade”.

As maiores desigualdades, considerando esta medida, registam-se no Chile e no México, onde os 10% mais ricos tinham rendimentos superiores a 25 vezes os dos 10% mais pobres, seguidos da Turquia e dos EUA, onde a diferença era superior a 14 para 1, e de Israel, Grã-Bretanha e Portugal, com 13,4, 11,7 e 10,3.

Portugal entre os mais desiguais

A desigualdade em Portugal mantém-se assim entre as mais elevadas deste grupo, na sexta posição quando considerada a diferença entre os rendimentos dos 20% mais ricos e os dos 20% mais pobres, que é de 6,1 vezes – face a 5,4 vezes para o conjunto dos seus 34 membros.

Portugal é no entanto uma das poucas excepções a um crescimento dos rendimentos mais elevados maior do que o crescimento dos rendimentos mais baixos.

Os rendimentos dos 10% mais ricos cresceram a uma média anual de 1,1% entre meados da década de 1980 e finais da década passada, enquanto no caso dos 10% mais pobres cresceu 3,6%. Para o total da população, o crescimento médio anual foi de 2%.

No conjunto da OCDE, o crescimento do rendimento dos 10% mais ricos foi de 1,9% ao ano, face a 1,3% para os 10% mais pobres. O relatório nota que a desigualdade, medida pelo coeficiente de Gini, diminuiu na Turquia e na Grécia, manteve-se na França, Bélgica e Hungria e aumentou nos restantes países para que há dados para este período.

Imagem de arquivo

1 comentário:

Mentiroso disse...

Esta frase «A qualificação da força de trabalho “é de longe o instrumento mais poderoso para contraria o aumento da desigualdade”.», mostra por si só e sem necessidade de qualquer adjunção ou explicação essa desigualdade em Portugal, com origem na magna obra do Cavaco em não ter usado os fundos europeus precisamente para esse fim, que forasm extraviados, mal administrados e roubados pela sua seita de ladrões em que raros não enriqueceram. Demonstra também as consequências dos governos que sucederem nada terem feito para mudar a direcção de pobreza que essa política cavaquista engendrou.
Aliás, previsto em http://www.leaopelado.org/estado.htm
Boa coragem para continuar.