Em meados do século passado, no teatro Monumental estava em palco uma peça em que os actores Artur Semedo e Laura Alves, a dada altura, enquanto um casal mais idoso discutia, estavam sentados num sofá em atitude de namorados e, quando o Artur teve de se levantar para cumprir a parte seguinte do seu papel, ao dar os primeiros passos, teve necessidade de acomodar o volume que surgira no fundo do ventre por ter levado demasiado a sério o contacto com a namorada. Como o gesto fosse demorado e notado, um espectador gritou do meio da plateia: «Oh Artur não lhe mexas que é pior». Houve gargalhada e aplauso geral e o Artur distraiu-se do incómodo e este desapareceu.
O mesmo conselho é aplicável a Cavaco que, passados três dias da sua afirmação que mereceu a ajuda de Marcelo “Há dias em que uma pessoa não é feliz”, deu origem à notícia Cavaco Silva diz que não foi "suficientemente claro" na questão das reformas. Ora, para que os leitores compreendem o que se passara, três dias antes, o artigo repete o sucedido. E, quanto mais mexer, mais tempo as palavras «infelizes» e menos claras continuarão na boca dos portugueses.
Não lhe mexa que é pior. Aplique o tabu, ponha uma pedra sobre o assunto. Aqui será seguido este conselho para este caso.
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