sexta-feira, 18 de maio de 2012

Estaremos num país de orates ???

Parece que estamos a viver em ambiente de grave irracionalidade.

A notícia Barreiro: passe anual dos transportes para idosos passa de dois euros para 20 a 24 euros deixa-nos preocupados acerca do «estudo sério» em que possa ter sido baseada a decisão de criar o cartão de dois euros anuais. É possível que não tenha qualquer justificação válida a não ser o capricho «generoso» do autarca para ganhar votos ou para mostrar solidariedade em qualquer manifestação de apoio aos idosos. Dois euros não devem sufientes para cobrir as despesas inerentes à criação e à renovação do cartão. E como não haverá critério defensável para justificar a criação e a manutenção de tal situação, surge agora a ideia de passar o cartão de 2 para 20 ou 24 euros, um aumento de dez vezes mais, o que é chocante para muitos daqueles que vão ter de suportar o pagamento.

Terá agora havido estudo assente em análise cuidada ou será o novo valor também resultado de um capricho? Não passará de mais uma decisão «porque sim»? Haverá sensatez, racionalidade, lógica, neste aumento?
Nada se pode estranhar dado que a nível governamental também aparecem decisões carentes de racionalidade.

Imagem de arquivo

4 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro João Soares

Os velhos (recuso o eufemismo piroso "idosos") têm por obrigação patriótica morrer o mais depressa possível, porque ficam muito caros. Não têm nada que andar nos transportes públicos a preços de saldo. A sua obrigação é ficar em casa a apodrecer.

A. João Soares disse...

Mau Caro Vouga,

Parabéns pelo seu espírito jovem, muito aberto às novas ideias que dominam as mentes dos nossos jovens políticos.
Transcrevo um comentário que coloquei num post sobre o envelhecimento:

A vida deve ser vivida em pleno, dentro das possibilidades circunstanciais, com o máximo prazer e pensando sempre em preparar a vida não activa. Esta será o resultado da preparação que cada um for fazendo. Não se trata de riqueza, mas de força de espírito, vontade de encarar a beleza daquilo que é simples mas está ao nosso alcance.

O saber, a experiência são dotes que ninguém nos coloca na mesa se não formos nós a entesourar durante a vida activa. Ser idoso ou velho sábio é uma riqueza.

Porém, a idade pode trazer dependências de outros por incapacidades de saúde física ou mental e, nesses casos é indispensável a existência de instituições sociais para o devido apoio. Mas, infelizmente, a frieza e insensibilidade dos governantes prenunciam que tais instituições venham a ser criadas não para ajudarem a viver os últimos anos de vida mas para reduzirem estes ao mínimo, por se tratar de pessoas não produtivas e que são um peso social.

Impõe-se que as pessoas estejam atentas aos menores passos dados em tal sentido, para reclamarem e impedirem a desumanidade da eutanásia por imposição de terceiros.


Caro Vouga, está aqui, por outras palavras a ideia que transmite na parte final do seu comentário. Nada combinámos, mas qualquer pessoa que raciocine e esteja atenta ao que se passa, chega a esta conclusão.

Abraço
João

Mentiroso disse...

Eles não «vão ter de suportar o pagamento», vão ficar presos em casa. Simples.

Os transportes, e a respectiva facilidade de mobilidade, em conjunto com a instrução e o acesso geral ao conhecimento são as bases do desenvolvimento.

Em Portugal, o ensino é defeituoso, não mantém qualquer relação com as necessidades dos país ou empresariais nem ninguém as controla.
Aqueles que gerem as informações, filtram-nas, encenam-nas, inventam-nas, criando um vazio em que quase todos pensam estar bem informados, mas que quase tudo ignoram por só conhecerem o que passa pelos filtros e que se impinge.
Quanto aos transportes, é o que se conhece.

Haverá quem ainda se admire do atraso? Claro, estando sempre a ouvir elogios à ignorância para aumentar uma auto-estima desproporcionada que impede o progresso. Progresso? Para quê, se já somos os melhores? Nos países mais avançados, a modéstia é rainha, o que permite que continuem a progredir mais que os outros.

A. João Soares disse...

Caro Mentiroso,

O que diz dos transportes e apoio à velhice e da educação ou ensino são pinceladas bem aplicadas no retrato do país.
A finalidade não é intencional, porque os nossos políticos não têm capacidade para desenvolver uma estratégia por mais simples que seja. É apenas fruto de desconhecimento da realidade do país e daquilo que é necessário pôr em prática para conseguir o «crescimento» de que agora muito se fala. Usam apenas palavras de arrogância, desajustadas das realidades, dos objectivos que deviam estar bem definidos e dos programas necessários para os conseguir.

Os nossos políticos começam por não saber fazer as contas mais simples da aritmética - do somar e do subtrair. Se o soubessem não tínhamos os défices que criaram a dívida e a crise e não agravariam a miséria nacional com uma austeridade que destruiu o pouco que restava da economia.

Os próprios discursos feitos com exagerada pompa e arrogância são compostos por palavras vazias de conteúdo, apenas cheias de ostentação de fantasia. Estou à espera de ver os discurso e a lista dos condecorados do 10 de Junho para concluir da sinceridade das palavras que têm mandado para os jornais e a ideia prática que têm do país. Mas não faltarão referências ou plágios de palavras de sábios que eram adequadas a situações antigas, há muito ultrapassadas mas desajustadas das necessidades actuais. Eles não pensam, nem sabem.

Abraço
João