Transcrição da carta aberta do Coronel de Artilharia na Reforma (77 anos) sobre as características da condição militar.
CARTA ABERTA AO POVO PORTUGUÊS
AOS PATRIOTAS
AOS QUE SERVIRAM NAS FA
AOS QUE FIZERAM “GUERRAS NOSSAS” E AS DOS OUTROS
AOS CHEFES MILITARES
À GENTE DA MINHA TERRA
Esta carta pretende ser um “grito de alma”, embora não saiba se “ela” existe e, muito menos se tem a capacidade de gritar. Quero dizer com isto que não é, não pretende ser, uma carta de substância política. E assim mesmo, aqueles que se sentirem atingidos por ela dirão que tudo na vida é político. Será. Mas a minha intenção, a que deixo aqui bem expressa, é que não seja.
Sou coronel do exército, na situação de reforma. Cumpri oito anos em África, ao serviço de quem nos mandava marchar depressa e em força (lembram-se?) e depois do mesmo abencerragem ter dito a camaradas mais velhos, que mourejavam no chamado Estado da Índia, e face à invasão indiana, que lutassem “até à última gota de sangue” (também se lembram disso?). Onde estavam, então, os agentes da função pública? Eu digo: na Metrópole, com as suas famílias, no aconchego dos seus lares. E estavam onde deviam estar, porque cada macaco no seu galho – os militares nos teatros de guerra; os civis na paz dos seus lares. A sociedade sempre foi assim estruturada: cada um com o seu estatuto, cada um com as suas devoções e vocações.
Falo de DIREITOS e DEVERES.
O militar é diferente (não estou a dizer que seja melhor ou que seja pior) do civil. O funcionário dos correios é pago e integrado numa estrutura sócio-laboral que lhe exige o dever de estampilhar cartas, entre outras coisas. É uma função nobre, mas não põe com isso a vida em risco na defesa dos seus concidadãos. Ele espera que alguém o faça.
Seria bonito se amanhã o MD desse a seguinte ordem: os funcionários das finanças vão embarcar para o Kosovo numa task - force da NATO. Era o fim da picada! E porquê, se são funcionários públicos como insistem que os militares o são? Porque o DEVER de defender a Nação, directa ou indirectamente, compete cumprir aos militares, não a eles. Nesse aspecto são cidadãos muito diferentes. Nenhum ministro, nenhum cirurgião, professor ou jurista jura dar a vida pela Pátria, no acto em que assume as suas funções. E está certo pois há quem o faça por eles – são os militares.
Somos todos bons cidadãos, todos de uma grande nobreza, patriotas insignes, mas somos DIFERENTES. Compreendendo isto, é fácil dar-se mais um passo para se compreender que no domínio dos DIREITOS, a igualdade já não se põe. Para que se assumam os mais altos propósitos na defesa da soberania nacional, sejam internos ou externos, há que aguardar que a Nação reconheça, de um modo especial, a natureza única e inconfundível desses propósitos.
DEVERES e DIREITOS não se opõem – complementam-se ou são sucedâneos uns dos outros: são dois pratos de uma mesma balança: se os deveres são menores, os direitos serão menores; se os deveres são maiores, os direitos serão maiores. Isto não são contas aritméticas nem de merceeiro; são contas da ética, dos compromissos do Estado, do bom senso e fruto da razão. Os militares e os civis têm de ser vistos assim, porque se assim não for, tudo cairá por terra, porque o “chão” da lógica desabará.
Seria uma sociedade desorganizada, sem rei nem roque, ao dispor de oportunismos circunstanciais. Enquanto os militares foram “piões” dos colonizadores e da política colonial que ceifou e devastou milhares de portugueses e africanos; enquanto estiveram ao serviço de uma casta política que deles se serviu como instrumentos pendulares dos seus fantásticos desígnios de dominação e poder, foram tidos e tratados como um grupo social de servidores do Estado com um estatuto próprio, no qual os DEVERES e os DIREITOS eram avaliados com pesos e medidas diferentes de todo o restante aparelho do Estado.
Esse tempo acabou com a implantação da Democracia. Mas a memória dos sacrifícios, dos mortos, feridos e estropiados, das famílias sofridas e destroçadas, tudo isso permanece vivo, sangrando, na alma dos portugueses de bem. Razão porque o estatuto militar deveria permanecer incólume, digno e merecedor de um respeito que só a demência dos que não sabem o que andam a fazer neste mundo, pretende desfigurar.
Onde quer que haja Forças Armadas, não vejo onde elas possam estar, nos tempos que correm, mais esquecidas e quase acintosamente marginalizadas, do que as Forças Armadas portuguesas. E porquê? Porque não há dinheiro e para o pouco que há, existem outras prioridades. Assim, Forças Armadas para quê? Acabe-se com elas que são um estorvo para o erário nacional - diz-se à boca cheia nos meios de comunicação social. A esses tipos, punha-lhes uma farda em cima e mandava-os “gozar umas férias” nas secas montanhas do Afeganistão.
O general Pedro Pezarat Correia afirmou, no dia 8 de Fevereiro deste ano, num programa da SIC, com a verve clarividente e o desassombro que todos lhe reconhecemos, o seguinte: “Se as FA não estão cá a fazer nada, acabe-se com elas – mas assumam essa decisão de uma vez por todas”. Se é preciso reestruturá-las, reorganizá-las, reobjectivá-las, que se reestruturem, que se reorganizem, que se reobjectivem, mas que se assuma esse propósito definitivamente. O que se anda a fazer com elas, desfazendo-as aos pedaços, ao sabor da vontade dos ministérios e dos ministros que vão passando, é, no mínimo, de uma tremenda injustiça.
Abocanharam-lhes o“estatuto” e disseram: agora são todos iguais. Se os juízes não são promovidos (e deveriam), que os militares também o não sejam; se se congela a carreira dos professores, que os capitães envelheçam em capitães; se a assistência médico-medicamentosa está num caos, que também seja caótica para os militares. E mesmo que haja vontade de fazer alguma coisa pelos militares, tal não é possível porque o orçamento o não permite. O MD, ontem na TV, repetiu essa ladainha umas vinte vezes. Ninguém nos diz o que se faz ao dinheiro que vai saindo dos nossos bolsos, dizem-nos apenas que não há e pronto – nós, povo, cidadãos comuns, que já fomos militares ou que iremos sê-lo, ouvimos, engolimos e calamos. Tal como eles querem.
Afinal, digam-nos, não são estes os democratas que nós pusemos no poder? Eles e os pais deles e os avós deles? Pois então, o que se poderia esperar? Virou-se o feitiço contra o feiticeiro. Eles tomaram conta de tudo – das finanças, da economia, da fome, da miséria, dos militares, da própria democracia. Não há voto que os tire de lá. Instalaram-se e pronto. Passam a vida em viagens estéreis, em almoços e jantaradas, deslocam-se em brutas limusines, com brutos motoristas, gastando o que ainda há para gastar.
É um encanto vê-los no enlevo encantador das suas poses e das suas mensagens, próprias de quem não tem dúvidas sobre nada, falando ao povo, que somos nós – não eles, seguramente – dos sacrifícios e dos penosos cortes subsidiários, da vida mísera que vai escorregando pela ladeira dos “IVAS”, para que eles paguem as dívidas, que alguém fez sem que alguma vez o soubéssemos. Eles querem a “austeridade” dos outros, a “doença” dos outros, a “fome” dos outros, em nome da coesão nacional. E gerem bem tudo isso porque a eles nada lhes falta, do bem-bom da vida repimpada.
E os militares onde ficam, onde estão? Numa voz solitária de alguém que nada teme, numa carta desassombrada - da qual o MD, qual criança medrosa e assustada, diz que não, que não é para ele, que é para os outros ministros, e di-lo como quem a manda para o lixo - militares do Quadro Permanente que já deram tudo o que tinham para dar ao país, disseram ao senhor MD o que pensam da situação. Mas esses militares, coronéis e de outros postos, não são representativos das FA – diz ele, o MD. São restos imprestáveis, lixo.
Meus caros, com esta gente, pode ser que venha para aí mais um submarino, mais uns carritos blindados de terceira geração para brincarmos aos soldados. Pode ser. Mas arrancar as FA das cinzas em que caíram, seremos loucos se crermos nisso. Vamos esperar para ver.
Por Manuel Rodrigues dos Santos,
Coronel de Artª. na reforma.
Imagem do Gogle
CARTA ABERTA AO POVO PORTUGUÊS
AOS PATRIOTAS
AOS QUE SERVIRAM NAS FA
AOS QUE FIZERAM “GUERRAS NOSSAS” E AS DOS OUTROS
AOS CHEFES MILITARES
À GENTE DA MINHA TERRA
Esta carta pretende ser um “grito de alma”, embora não saiba se “ela” existe e, muito menos se tem a capacidade de gritar. Quero dizer com isto que não é, não pretende ser, uma carta de substância política. E assim mesmo, aqueles que se sentirem atingidos por ela dirão que tudo na vida é político. Será. Mas a minha intenção, a que deixo aqui bem expressa, é que não seja.
Sou coronel do exército, na situação de reforma. Cumpri oito anos em África, ao serviço de quem nos mandava marchar depressa e em força (lembram-se?) e depois do mesmo abencerragem ter dito a camaradas mais velhos, que mourejavam no chamado Estado da Índia, e face à invasão indiana, que lutassem “até à última gota de sangue” (também se lembram disso?). Onde estavam, então, os agentes da função pública? Eu digo: na Metrópole, com as suas famílias, no aconchego dos seus lares. E estavam onde deviam estar, porque cada macaco no seu galho – os militares nos teatros de guerra; os civis na paz dos seus lares. A sociedade sempre foi assim estruturada: cada um com o seu estatuto, cada um com as suas devoções e vocações.
Falo de DIREITOS e DEVERES.
O militar é diferente (não estou a dizer que seja melhor ou que seja pior) do civil. O funcionário dos correios é pago e integrado numa estrutura sócio-laboral que lhe exige o dever de estampilhar cartas, entre outras coisas. É uma função nobre, mas não põe com isso a vida em risco na defesa dos seus concidadãos. Ele espera que alguém o faça.
Seria bonito se amanhã o MD desse a seguinte ordem: os funcionários das finanças vão embarcar para o Kosovo numa task - force da NATO. Era o fim da picada! E porquê, se são funcionários públicos como insistem que os militares o são? Porque o DEVER de defender a Nação, directa ou indirectamente, compete cumprir aos militares, não a eles. Nesse aspecto são cidadãos muito diferentes. Nenhum ministro, nenhum cirurgião, professor ou jurista jura dar a vida pela Pátria, no acto em que assume as suas funções. E está certo pois há quem o faça por eles – são os militares.
Somos todos bons cidadãos, todos de uma grande nobreza, patriotas insignes, mas somos DIFERENTES. Compreendendo isto, é fácil dar-se mais um passo para se compreender que no domínio dos DIREITOS, a igualdade já não se põe. Para que se assumam os mais altos propósitos na defesa da soberania nacional, sejam internos ou externos, há que aguardar que a Nação reconheça, de um modo especial, a natureza única e inconfundível desses propósitos.
DEVERES e DIREITOS não se opõem – complementam-se ou são sucedâneos uns dos outros: são dois pratos de uma mesma balança: se os deveres são menores, os direitos serão menores; se os deveres são maiores, os direitos serão maiores. Isto não são contas aritméticas nem de merceeiro; são contas da ética, dos compromissos do Estado, do bom senso e fruto da razão. Os militares e os civis têm de ser vistos assim, porque se assim não for, tudo cairá por terra, porque o “chão” da lógica desabará.
Seria uma sociedade desorganizada, sem rei nem roque, ao dispor de oportunismos circunstanciais. Enquanto os militares foram “piões” dos colonizadores e da política colonial que ceifou e devastou milhares de portugueses e africanos; enquanto estiveram ao serviço de uma casta política que deles se serviu como instrumentos pendulares dos seus fantásticos desígnios de dominação e poder, foram tidos e tratados como um grupo social de servidores do Estado com um estatuto próprio, no qual os DEVERES e os DIREITOS eram avaliados com pesos e medidas diferentes de todo o restante aparelho do Estado.
Esse tempo acabou com a implantação da Democracia. Mas a memória dos sacrifícios, dos mortos, feridos e estropiados, das famílias sofridas e destroçadas, tudo isso permanece vivo, sangrando, na alma dos portugueses de bem. Razão porque o estatuto militar deveria permanecer incólume, digno e merecedor de um respeito que só a demência dos que não sabem o que andam a fazer neste mundo, pretende desfigurar.
Onde quer que haja Forças Armadas, não vejo onde elas possam estar, nos tempos que correm, mais esquecidas e quase acintosamente marginalizadas, do que as Forças Armadas portuguesas. E porquê? Porque não há dinheiro e para o pouco que há, existem outras prioridades. Assim, Forças Armadas para quê? Acabe-se com elas que são um estorvo para o erário nacional - diz-se à boca cheia nos meios de comunicação social. A esses tipos, punha-lhes uma farda em cima e mandava-os “gozar umas férias” nas secas montanhas do Afeganistão.
O general Pedro Pezarat Correia afirmou, no dia 8 de Fevereiro deste ano, num programa da SIC, com a verve clarividente e o desassombro que todos lhe reconhecemos, o seguinte: “Se as FA não estão cá a fazer nada, acabe-se com elas – mas assumam essa decisão de uma vez por todas”. Se é preciso reestruturá-las, reorganizá-las, reobjectivá-las, que se reestruturem, que se reorganizem, que se reobjectivem, mas que se assuma esse propósito definitivamente. O que se anda a fazer com elas, desfazendo-as aos pedaços, ao sabor da vontade dos ministérios e dos ministros que vão passando, é, no mínimo, de uma tremenda injustiça.
Abocanharam-lhes o“estatuto” e disseram: agora são todos iguais. Se os juízes não são promovidos (e deveriam), que os militares também o não sejam; se se congela a carreira dos professores, que os capitães envelheçam em capitães; se a assistência médico-medicamentosa está num caos, que também seja caótica para os militares. E mesmo que haja vontade de fazer alguma coisa pelos militares, tal não é possível porque o orçamento o não permite. O MD, ontem na TV, repetiu essa ladainha umas vinte vezes. Ninguém nos diz o que se faz ao dinheiro que vai saindo dos nossos bolsos, dizem-nos apenas que não há e pronto – nós, povo, cidadãos comuns, que já fomos militares ou que iremos sê-lo, ouvimos, engolimos e calamos. Tal como eles querem.
Afinal, digam-nos, não são estes os democratas que nós pusemos no poder? Eles e os pais deles e os avós deles? Pois então, o que se poderia esperar? Virou-se o feitiço contra o feiticeiro. Eles tomaram conta de tudo – das finanças, da economia, da fome, da miséria, dos militares, da própria democracia. Não há voto que os tire de lá. Instalaram-se e pronto. Passam a vida em viagens estéreis, em almoços e jantaradas, deslocam-se em brutas limusines, com brutos motoristas, gastando o que ainda há para gastar.
É um encanto vê-los no enlevo encantador das suas poses e das suas mensagens, próprias de quem não tem dúvidas sobre nada, falando ao povo, que somos nós – não eles, seguramente – dos sacrifícios e dos penosos cortes subsidiários, da vida mísera que vai escorregando pela ladeira dos “IVAS”, para que eles paguem as dívidas, que alguém fez sem que alguma vez o soubéssemos. Eles querem a “austeridade” dos outros, a “doença” dos outros, a “fome” dos outros, em nome da coesão nacional. E gerem bem tudo isso porque a eles nada lhes falta, do bem-bom da vida repimpada.
E os militares onde ficam, onde estão? Numa voz solitária de alguém que nada teme, numa carta desassombrada - da qual o MD, qual criança medrosa e assustada, diz que não, que não é para ele, que é para os outros ministros, e di-lo como quem a manda para o lixo - militares do Quadro Permanente que já deram tudo o que tinham para dar ao país, disseram ao senhor MD o que pensam da situação. Mas esses militares, coronéis e de outros postos, não são representativos das FA – diz ele, o MD. São restos imprestáveis, lixo.
Meus caros, com esta gente, pode ser que venha para aí mais um submarino, mais uns carritos blindados de terceira geração para brincarmos aos soldados. Pode ser. Mas arrancar as FA das cinzas em que caíram, seremos loucos se crermos nisso. Vamos esperar para ver.
Por Manuel Rodrigues dos Santos,
Coronel de Artª. na reforma.
Imagem do Gogle
5 comentários:
Caro João Soares
Concordo, sem pestanejar, com o desabafo deste nosso camarada. Mas temo que seja mais uma voz que clama no deserto, porque ninguém nos dá ouvidos.
Basta lembrar a barbaridade há poucos dias proferida por um deputado da AR. Teve a distinta lata de dizer que não sabia o que eram "valores nacionais". Perante isto, pergunto: Forças Armadas para defender o quê, se há responsáveis que nem sequer sabem o que é a Pátria?
Já agora, permito-me fazer uma pequena observação sobre o tão propalado juramento dos militares. É bom que se tenha em mente que, com juramento ou sem ele, TODOS os cidadãos são obrigados a defender a Pátria, incluindo a besta do deputado que referi acima. Não sei se ainda existem os "crimes essesncialmente militares" que abrangiam todos os cidadãos sem excepções. Segundo esse código um civil não ajuramentado podia ser condenado à morte por crime de alta traição. Ou será que hoje o cidadão comum pode vender armas ao inimigo enquanto os soldados derramam o seu sangue nos campos de batalha?
Caro Vouga,
Sobre esse vil deputado que é líder da JS e dá pelo nome de pedro delgado alves, sem merecer maiúsculas, escrevi «realmente, há coisas chocantes. Esse tipo nem pensa naquilo que disse. Ou nem consegue pensar em nada a não ser nele próprio. O patriotismo , sendo certo que não deve ser ofensivo para os estranhos, constitui o afecto ao grupo nacional, após vizinhos, à família, aos adeptos do mesmo clube, do mesmo partido, à mesma equipa de trabalho. Estou certo que ele, o «energúmeno», ao contrário de que só o universalismo lhe interessa, está conivente com os seus companheiros da corrupção e da ambição de enriquecer depressa e por qualquer forma, como é timbre de grande quantidade de políticos. Sem esses afectos, embora viciosos, não seria líder da JS nem seria inserido na lista de deputados.
Afinal o que está a fazer como deputado? É uma contradição gritante, uma aberracção. Devia ser submetido a tratamento psiquiátrico.
Os próprios animais selvagens têm espírito de família, de manada, mas o pedro delgado alves, nem se pode comparar a animais, é burro como uma pedra, para fazer jus ao nome, universal.
Isto faz concluir que o eleitor medianamente inteligente não deve votar em qualquer lista onde apareça este nome, porque mesmo com tratamento psiquiátrico pode não recuperar completamente da sua patologia imbecil.»
Sobre patriotismo recordo que numa reunião de líderes partidários convocada pelo MDN Freitas do Amaral, para discutir o «código do objector de consciência» proposto pela JSD, a voz mais clara e sólida foi de Álvaro Cunhal a dizer que «o dever de defesa da Pátria é de todos os portugueses, sem excepçã».
O vil deputado pedro delgado alves não deve saber a diferença entre patriotismo e nacionalismo. Mas, pelo caminho que Portugal tem estado a levar, esse tipo como líder da JS virá a ser líder do PS e depois PM, e entretanto acumula uma fortuna de milhões à custa do erário.
Abraço
João
Caro Vouga,
Este tema merece mais reflexões e, por isso, deixo aqui mais uns desafios.
Não se estranha a inabilidade de os políticos lidarem com a Defesa Nacional. Há que não esquecer que o PREC (1974...) colocou nos mais altos cargos nacionais, indivíduos que não cumpriram o SMO, ou eram desertores desertores ou duvidosos deficientes das FA. Em vez de ser dada prioridade à mudança de regime político, houve mais preocupação na destruição do País, dos seus valores éticos, morais e sociais e também dos valores patrimoniais (reserva de toneladas de ouro existentes nas caves do BdP, por exemplo).
Nada compreendem da «condição militar» nem do «espírito militar» em que foram moldados milhares de militares, segundo um RDM (Regulamento de Disciplina Militar) em cujo artigo 4º consta uma lista de mais de duas dezenas de deveres, mas em que as referências aos poucos direitos só podiam ser encontradas depois de atenta leitura de todo o diploma. O autor do texto deste post define muito bem a necessidade social de equilíbrio entre DEVERES e DIREITOS, de forma que constitui o oposto à posição do deputado pedro delgado alves.
Nos tempos mais recentes, os políticos que dão largas ao seu narcisismo no MDN apenas compreendem os seus próprios direitos, legítimos ou não, e contribuem para um futuro país em que as pessoas sejam desequilibradas, com apenas o braço dos direitos e sem o braço dos deveres em perfeito equilíbrio com aquele.
Mas, apesar de desprezarem ou desconsiderarem os militares, não querem abolir as FA, das quais se servem para as missões da Nato e de outras organizações internacionais por isso lhes dar oportunidades para aparecimento em público em visitas, de cariz turístico, muitas vezes mascarados de camuflado, a dar largas ao seu pendor narcisista. Para tais passeios não produtivos, não faltam verbas, nos depauperados cofre públicos.
Abraço
João
Caro João Soares
No que concerne à relação entre os deveres e direitos, os militares, ao aceitarem limitações importantes às suas liberdades, fazem-no no pressuposto de que o Estado é pessoa de bem. Confiam nos governantes, de quem esperam o respeito pelos seus legítimos direitos. E só assim se entende a tradicional aversão dos militares ao sindicalismo. Porque, se houvesse um mínimo de decência, as associações de classe não teriam grande justificação.
Porém, o que acontece é a condição militar ser vista pelos governantes como um expediente oportunista para negar os direitos a ela inerentes.
Claro que isto tudo vai acabar mal, mesmo sem se recorrer à lei de Murphy.
Um abraço.
Caro Fernando Vouga,
O seu comentário enfatiza bem o significado da «condição militar» como um sacrifício, um ideal assumido voluntariamente, e que exige ser compreendido, respeitado e compensado pelo apreço do Poder-Mas infelizmente o Poder é vil e sem moral e usa tal condição como um instrumento de tortura para tudo exigir como se estivesse a tratar com escravos e condenados.
Quanto a sindicatos, é aceite pelos ,militares que o seu «sindicato» é a cadeia de comendo, o que não tem sido eficiente . E os juízes que se condsideram «órgão de soberania» criaram o sindicato e, em poucos anos, viram as mordomias e os salários que há poucos anos eram iguais aos militares serem hoje várias vezes superiores.
As virtudes militares tornem estes odiados pelos políticos, o que é próprio das mais baixas deficiências humanas que leva os medíocres a odiarem os melhores, a torpedeá-los, a rasteirá-los. Recorde-se daquilo que um velho senador disse a Churchill quando este fez o seu primeiro discurso no Parlamento: Foi muito mau por ser demasiado perfeito e o senhor nem gaguejou, o que lhe vai criar muitos inimigos porque as pessoas medíocres detestam os inteligentes.
O Vouga diz que isto vai acabar mal. Já tive esperanças de que houvesse coragem política para reformular muitos sistemas nacionais eivados de vícios, mas não vejo mexer uma palha nesse sentido, porque os políticos retiram vantagens de vícios e manhas que os enriquecem, e não querem matar a «galinha dos ovos de oiro». Mas um dia... a sociedade exigirá a purificação do sistema e isso não será, infelizmente, por vias pacíficas.
Abraço
João
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