domingo, 24 de junho de 2012

Crise, objectivo e estratégia

Para planear uma viagem, vamos ao mapa, procuramos o local onde nos encontramos e o de chegada e, depois escolhemos o percurso que mais nos interessa, quanto à orografia, à distância, às localidades por onde queremos passar, etc. Enfim, aplicamos a metodologia de planeamento referida em Pensar antes de decidir

Partindo daqui, a saída da crise exige que se conheçam bem os seus diversos parâmetros, se defina o objectivo pretendido, de forma concreta e clara, para poder ser escolhida a melhor estratégia geral que será a orientadora das diversas estratégias sectoriais, todas coerentes e convergentes para obter o máximo de sinergias.

Quanto à definição da crise existem muitos elementos de informação na Comunicação Social e, agora, sabe-se que o desemprego embora já fosse considerado o pior aspecto da patologia, através de despedimento colectivo aumentou 70% até Abril. Isto é atribuído por muito observadores às exageradas medidas de austeridade que retiraram poder de compra aos mais necessitados, aqueles que consomem tudo quanto ganham. Este facto previsível originou a redução compulsiva do consumo, veio encolher a facturação do comércio e da restauração, repercutiu-se, a seguir, na menor produção da indústria por falta de escoamento, no encerramento de empresas, nos despedimentos, e de tudo isto a diminuição dos impostos recebidos pelas finanças e, como era previsível, o aumento do défice, de que agora Vítor Gaspar se queixa, embora o povo não compreenda que se mostre surpreendido.

Quanto ao objectivo, têm sido ouvidas palavras ocas, sem conteúdo explícito e claro, como crescimento, justiça social, reformas estruturais, e Cavaco disse ontem que o país precisa fazer o possível "para que o barco chegue a bom porto", mas embora se presuma que esteja a referir-se ao «objectivo estratégico» nada nos diz de forma clara e concreta sobre este.

E quanto a estratégia, limita-se a dizer que é preciso «fazer o possível», mas não diz qual a melhor pista a seguir dentro daquilo que é possível, para chegar a «bom porto»

Com todo o respeito e veneração para com a figura do mais alto magistrado da Nação a que me habituei desde tenra idade, acho que quando o actual PR fala, com as suas credenciais de alto estratega da economia nacional, as pessoas devem acreditar e ficar esperançosas nos resultados da rota a seguir até ao fim da viagem. Mas das suas palavras não resultam directrizes convincentes, mas, pelo contrário, deixam dúvidas e confusão: O que é que é possível? Porque não define qual é o «bom porto»? Porque não dá sugestões aos portugueses para as melhores alternativas? Sem sugestões mais concretas, as suas palavras são tão banais como muitas das que ouvimos nas feiras, nos transportes públicos e nos cafés.

Precisamos dos nossos eleitos a competência, a clareza, a verdade, a coragem para seguirem de forma convincente os passos da metodologia atrás referida. Depois surgirá a confiança e a esperança dos portugueses e a consciência do valor do seu esforço individual para criar crescimento, segurança, justiça social e melhor qualidade de vida.

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