A crise asfixia-nos poema de Ana Wiesenberger O meu país está a saque Não da vontade do povo Não da democracia Mas da mão pútrida, encartada Dos eleitos que nas urnas granjearam a maioria As contas do hospital, que dávamos como pagas Aparecem com novos talões pormenorizados Para servirem as leis do hoje Para cobrarem as urgências médicas do ontem Legitimadas pela sede estatal De encher os cofres Há pessoas incriminadas Por meterem ao bolso, uma embalagem no supermercado E no entanto, ilibam-se desvios bancários consideráveis Faltas à verdade Dos que juraram defender a constituição Há jornalistas sob o alvo da manipulação e da chantagem Dos detentores de poder E quando se arrojam a perfilhar, direitos há muito adquiridos Acabam vexados e diminuídos As instâncias reguladoras só agem Em prole do bom nome De quem manda Neste país que viveu décadas de cárcere E mandíbulas cerradas de medo Neste país que ousou sonhar e acreditar na liberdade Neste país que foi feliz um dia Querem de novo vencer-nos pela mordaça Triturar-nos as vontades Entorpecer os nossos passos E é tudo mais penoso de crer Porque julgáramos ter aberto as cancelas E ter voz Porque julgáramos ver nos nossos governantes Uma nobreza de horizontes Que afinal era fictícia E é por isso Que me dói o peito Se só oiço o grito Portugal, Portugal Quando a fauna privilegiada domina os relvados Com um rigor de sorte 28-06-2012 Ana Wiesenberger Imagens e poema transcritos do blog de José Pires
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