sábado, 13 de outubro de 2012

Preparar o Portugal de amanhã

Governar é preparar o País de amanhã, partindo da situação actual, definir objectivos, ligeiramente acima do possível e escolher estratégias para os conseguir ou deles se aproximar o máximo, no que deve ser aplicada uma metodologia do género da descrita em Pensar antes de decidir.

A preparação do orçamento anual e o controlo sistemático e rigoroso da sua execução constituem tarefas fundamentais da acção governativa, pela atenção que exigem a tudo o que se passa e à inovação na aplicação de medidas para melhorar a execução de tudo o que se destine a melhorar a vida dos cidadãos, principalmente dos mais carentes.

Perante a actual crise, é absolutamente necessário que o Governo defina uma estratégia eficaz, governe com a máxima eficiência, sem erros, e explique com a máxima transparência e verdade o que se pretende, isto é os objectivos concretos e quais vão sendo os resultados dos sacrifícios exigidos. Na realidade, ninguém explica o que está a passar-se com o nosso País, para onde o estão a levar e, por isso, vamos procurando formar as nossas conjecturas a partir das notícias que vão chegando. E, perante a carência de dados positivos credíveis a opinião geral parece ser de que os resultados têm sido negativos.

Indo este governo nos 16 meses de actividade, mesmo que nos esforcemos por esquecer as promessas eleitorais, as notícias recentes são alarmantes, apesar de sugestões e conselhos de pessoas sabedoras e bem intencionadas.

D. José Policarpo, nas suas funções apaziguadoras da sociedade diz que Povo a governar da rua “é uma corrosão da harmonia democrática”, mas com isso não impede as manifestações que devem ser interpretadas como indícios dos sentimentos de descontentamento do povo perante a ineficácia que lhe vem provocando sofrimento e as ameaças de que tal sofrimento, já difícil de suportar, vai agravar-se.

O professor João Salgueiro, desaconselha a austeridade, que agrava a recessão e indica como uma boa alternativa para a combater e restaurar a economia relançar o desenvolvimento, o encorajamento do investimento produtivo, indicando a forma de o levar a efeito.

Também, os Parceiros sociais alertaram Passos para perigos do excesso de austeridade. Tais perigos e o equivalente aumento das dificuldades a todos os níveis têm sido materializados pela subida do desemprego, de que o Número inscritos nos centros de emprego aumentou 23,4% em Setembro, pelo facto de que Aumento do IVA fez cair vendas de bens alimentares afectados em 8%. Além destes aspectos práticos, surgem outras dificuldades não alheias à ineficácia da governação, como na Educação em que escolas públicas continuam a cair e metade fica aquém do esperado e nos aspectos ligados à notícia de que Portugal tem 600 milhões de euros de financiamentos comunitários em risco.

Em situação de crise, devem ser evitados os mínimos erros que além de causarem perda de credibilidade e confiança nos governantes, originam desgaste de recursos, alguns irreparáveis como a perda de tempo. Por isso deve ser tido em consideração e merecer meditação o alerta do líder da oposição que considera Orçamento “uma trapalhada” com constantes avanços e recuos. Em vez de ser considerado como crítica, deve ser recebido como um alerta de que deve haver cuidado na preparação das decisões para que não seja necessário recuar, com frequência.

No combate ao défice, em vez da obsessiva mania de sacar mais dinheiro aos contribuintes, é preferível analisar as despesas, cortar com tudo o que não for prioritário, útil, indispensável, necessário para o bem dos Portugueses em geral. Se para os contribuintes se tem estado a cortar com «direitos adquiridos», hábitos de apoio social, de consumo, etc. não é bem visto pelos cidadãos que a elite do poder mantenha os carros e muitas outras benesses e comodidades como se continuássemos em tempo de vacas gordas.

Imagem de arquivo

2 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro João Soares

Não me canso de repetir: o nosso mal é que só sabe governar quem está fora do Governo...

A. João Soares disse...

Caro Vouga,

Dito de outra maneira: Só vai para o Governo quem não sabe governar.

Mas isso é humanamente explicável: as pessoas quando entram em determinados esquemas, em jaulas, com limitadas ligações ao exterior, passam a raciocinar de forma muito condicionada, o que é mais grave se seguem a teimosia do «custe o que cistar».

Tenho-me esforçado por olhar para isto como se estivesse em órbita e não fosse uma das vítimas dos erros dos políticos, mas começo a sentir na pele o descontentamento da população em geral. Isso dói-me e receio que me afecte a habitual serenidade de espírito.

Abraço
João