Segundo a notícia Solidariedade dos reclusos de Viseu alimenta cantinas sociais da cidade, o Estabelecimento Prisional do Campo, em Viseu funciona num edifício dos anos 50, foi inaugurado em 1960 e serviu inicialmente como casa de correcção para meninas. A Instituição dispõe de uma quinta com seis hectares, com um caseiro, Alberto Nicolau, desde 1978, que é o responsável por ensinar os reclusos a trabalhar a terra.
Este emprego útil dos reclusos constitui um procedimento que a actual direcção do estabelecimento prisional vem aplicando desde a sua tomada de posse, em 2003. Miguel Alves, o director, assume-se um defensor do "trabalho dentro dos estabelecimentos prisionais", que considera um factor de reinserção essencial. Este Estabelecimento constitui uma cadeia de regime aberto, com apenas 21 reclusos e seis guardas.
"Quem quiser vir para este estabelecimento tem de fazer uma espécie de contrato, com quatro cláusulas:
- ser responsável e estar disponível para fazer tudo o que for necessário;
- ter um comportamento exemplar;
- estar consciente de que pode ou não ganhar dinheiro;
- e aceitar apenas visitas aos fins-de-semana." Diz o director.
Nesta cadeia não há muros altos e os guardas prisionais são apenas seis. "Cada recluso sabe que esta é uma oportunidade que lhe está a ser dada, para, no futuro, ter uma vida mais qualificada", salienta o director. Para Miguel Alves, o modelo seguido nesta cadeia pretende incutir a noção de que os reclusos "podem ser úteis". "Aqui, são. E queremos que continuem a sê-lo no resto das suas vidas." Este caso dissipa o aspecto de punição e realça o de recuperação e preparação dos reclusos para a vida futura com dignidade e serviço ao País e aos portugueses. É um exemplo a seguir.
Os reclusos que trabalham a terra constituem um grupo ou brigada que tem como missão tratar da quinta, isto é, de limpar e amanhar o terreno para a sementeira, plantar, cuidar e colher os produtos hortícolas destinados a consumo da Instituição, venda a particulares e uma boa parte acaba nas cozinhas dos refeitórios sociais do concelho de Viseu, e armazenar alguns dos alimentos. Além de acto de solidariedade, constitui um trabalho gratificante para homens que o encarceramento não "desumanizou".
A couve e a nabiça são dois legumes cuja colheita se faz por esta altura do ano. Nos últimos dias têm saído, em média, cerca de 60 quilos destes vegetais de cultura 100% biológica. Desde o início do ano, já foram distribuídas mais de duas toneladas de alimentos por instituições de solidariedade. A Cáritas, por exemplo, é uma das instituições que agradece a solidariedade dos reclusos.
Inserido na ideia de recuperação e inserção social dos reclusos pelo trabalho, este sistema abrange também a brigada de obras que recupera o edifício a necessitar de importantes trabalhos de manutenção e, para aproveitar as habilidades de marceneiro de um dos reclusos, dispõe também de uma oficina em que se dedica a restaurar móveis. O artífice diz que lhe abriram a porta para seguir o bom caminho e que o exemplo deste Estabelecimento Prisional deveria ser seguido por outras prisões porque dentro das cadeias há pessoas que são humanas e têm arte, sendo preciso saber aproveitá-las e dar-lhes oportunidades.
Imagem do PÚBLICO
M. - O PR
Há 3 horas
4 comentários:
Caro AJ Soares,
Algo positivo e que dá que pensar. Hoje não me apetece dizer mais do que isto; esta minha foto foi tirada na Ponte do Ladrão, no Rio Mondego, ali para os lados da Lageosa.
Cumprimentos
Caro Mário Relvas,
Este caso da prisão de Viseu é muito positivo, nada piegas ao modo da ONG que deseja que as prisões sejam hotel de 5 estrelas. A prisão, além de punição por crime cometido, deveria ser uma ocasião de reeducação prática, de reabilitação para a vida social de utilidade pública e humana, para os reclusos saírem melhores pessoas do que aquando entraram.
Abraço
João
Um outro sinal de aspectos positivos na recuperação de detidos, na notícia:
Há 4548 estudantes nas cadeias portuguesas
Em democracia, o povo é quem mais ordena !!! ´
Este exemplo do Estabelecimento Prisional de Viseu sensibilizou o ministério que parece apoiar e difundir a iniciativa pelo País, como se depreende da seguinte notícia. Oxalá, o entusiasmo da ministra não esmoreça antes de estar bem implantado.
A notícia pode ser lida fazendo clic aqui:
Ministra da Justiça anuncia «plano nacional de reabilitação» de presos
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