domingo, 9 de dezembro de 2012

Dispensar a muleta do Estado

No Congresso da Associação de Agências de Viagens e Turismo (APAVT) realizado em Coimbra, em cujo encerramento estiveram presentes a Secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles, e o presidente da Confederação do Turismo Português (CTP), Francisco Calheiros, foi afirmado pelo presidente da associação, Pedro Costa Ferreira, que «temos de aprender a viver sem a muleta do Estado e esse é um dos grandes desafios que se colocam à sociedade portuguesa».

Estas palavras devem ser interiorizadas por todos os portugueses. É preciso dispensar ao máximo a muleta do Estado, porque este tem sido e parece continuar a ser um sumidouro das energias dos cidadãos. Como escreveu Eduardo Dâmaso, o Estado é ablativo, só cobra.

Um dos males nacionais é a dependência viciosa de subsídios, considerando o Estado como paizinho, quando, na realidade, ele só é paizinho dos indivíduos que fazem parte do polvo e que são vulneráveis às tentações da ostentação, do desejo de enriquecimento por qualquer forma, da corrupção, do tráfico de influências, o que se torna visível na numerosa fauna que enche os gabinetes do Poder, autarquias, fundações, «observatórios», empresas públicas e municipais, empresas promíscuas de interesse público e privado e variadas «instituições» de interesse duvidoso ou mesmo nulo.

As actividades económicas devem analisar a aplicação desta frase de Pedro Costa Ferreira a fim de gerirem racionalmente as suas tarefas com a máxima autonomia e independência, em oposição às sanguessugas dos dinheiros dos nossos impostos e, ao mesmo tempo, prestar atenção à forma como estes são geridos pelo Poder. Tal independência, entre outros méritos, poupa as despesas com tráfico de influências e com corrupção.

Imagem de arquivo

4 comentários:

Zélia Chamusca disse...

Concordo,plenamente, com a afirmação de Pedro Costa Ferreira, no encerramento do congresso que decorreu em Coimbra - "Temos que aprender a viver sem a muleta do Estado".
Seria bom que, muita gente refletisse que o Estado não é o responsável pela vida de cada um.
Dirijo-me ao cidadão comum e, não refiro aqui, à responsabilidade dos Governos, no que se refere à corrupção, porque muito mais teria que dizer.
Somos nós próprios que, embora face às vicissitudes por vezes tão nefastas como as atuais,temos que definir nossa vida no sentido do ser e do ter cooperando no todo, enquanto seres livres e responsáveis numa, e, por uma sociedade, e não estar às expensas do Estado, ou seja, à espera do dinheiro de todos nós, dos contribuintes.
Anda meio País a alimentar a outra metade!...
O dinheiro do Estado é o dinheiro dos contribuintes e todos temos que trabalhar e contribuir não é cruzar os braços e estar à espera que caia do céu o dinheiro que é dos contribuintes.
A nossa vida é nossa, e só nós próprios somos responsáveis por ela no sentido do ser e do ter, contribuindo para o bem comum e não estar, apenas, a beneficiar explorando os outros que trabalharam durante a vida, por vezes tão dura, para chegarem ao final e ficarem totalmente expoliados!
Seria bom que refletissemos sobre isto!
ZCH

A. João Soares disse...

Amiga Zélia,

As suas observações acerca da conveniência de as pessoas gerirem a sua vida com autonomia sem esperar favores do Estado traduzem o ideal de organização dos serviços públicos.

Mas, na realidade, há uma armadilha intencional dos políticos que é constituída pela burocracia excessiva que trava e bloqueia muitas iniciativas individuais, levando ao compadrio, ao tráfico de influências, de onde resulta a corrupção e o enriquecimento ilícito que a ministra da Justiça está a prometer combater.
Um exemplo: Uma licença de construção só é deferida passados anos depois da sua entrada nas Câmaras. Durante esse tempo, acumula-se nos respectivos gabinetes uma grande quantidade de licenças pendentes cada uma esquecida a fazer tempo de os interessados meterem a sua cunha. É impossível cada uma delas estar a ser trabalhada em continuidade. Há países onde o prazo de deferimento é de 30 dias, findos os quais, se não houver deferimento, é considerada aprovada, tacitamente deferida, e os trabalhos de construção podem ser iniciados.
A diferença entre os dois sistemas explica a corrupção e as ilegalidades conhecidas, com ela relacionadas.

Além da simplificação da burocracia, falta no sistema escolar do nosso país a preparação das crianças para a vida adulta, para ficarem a saber, por exemplo o funcionamento da fiscalidade, das autarquias, como tratar de documentação, etc.
Há pessoas que ignoram coisas que são indispensáveis quotidianamente e que vão aprendendo à custa de erros, de coimas, e das conversas com amigos mais conhecedores.

Estes conhecimentos deviam ser difundidos nas escolas e através da comunicação social (há alguns anos, a RTP, além de ensinar gramática e outros aspectos da cultura, ensinava agricultura, mecânica de automóvel, condução, artesanato, etc).

Beijo
João

Zélia Chamusca disse...

Querido Senhor A João Soares,

Sei que é verdade tudo o que diz.
Mas também sei que tudo o que sou e tenho ganhei com trabalho honesto sem ajudas do Estado. Sempre tive das tabelas mais gravosas de IRS, e se quero médicos tenho que os pagar e por enquanto ainda posso pagar, enquanto não roubarem tudo (porque eu e outros temos que pagar o que os corruptos desviaram)e por este encaminhamento poderei chegar até a ver meus bens confiscados.Entretanto há muita gente que clama porque não lhe dão isto, não lhe dão aquilo pensando ser obrigação do Estado.
O Estado a mim nunca me deu nada.
Toda a minha formação académica e profissional eu paguei trabalhando e frequentando as aulas e com muito bom aproveitamento. Não devo nada ao Estado. O Estado também não me deve; rouba-me!
E, há muito boa gente que foge ao fisco outros que nunca trabalharam e jugam-se com direitos. Quem paga? Não é o Estado sou eu e os outros que contribuem...

Da corrupção eu nem falo porque o maior centro da corrupção, pela qual estamos a sofrer, é a política.

Sei que não publica este desabafo.

É apenas para si. Eu sou uma conversadora nata.Quando me dão conversa não me calo... Toda a minha vida tem sido na área da comunicação e Recursos Humanos.
Faz muito positivo e saudável falarmos

Beijinhos e até à próxima,
ZCH

A. João Soares disse...


Amiga Zélia,

O seu desabafo está publicado. Não vejo razão para o não publicar. A liberdade de expressão é um «direito adquirido» o que não quer dizer que o não retirem como fizeram ao subsídio de Natal e ao de férias, infringindo o diploma que os instituía e que dizia que não podiam ser eliminados.
E para que veja que não está sozinha nestas opiniões visite «O Estado vive acima das minhas possibilidades».

A actual crise que nos está a empobrecer foi criada e vem sendo alimentada pelos políticos.
Além dos sumidouros do nosso dinheiro, constantes do penúltimo parágrafo do post há também as reformas milionárias, por vezes acumuladas, que se traduzem num total mensal superior ao que muitos portugueses recebem toda a vida.
Não devemos deixar de pensar e falar nestas imoralidades e procurar uma solução para obrigarmos os detentores do Poder a serem mais éticos e respeitadores dos cidadãos. O respeito deve ser mútuo. Eles devem merecer o nosso respeito, o que não está a acontecer.
Nisto há excepções, como se vê na notícia Quando a junta não tem dinheiro, estes autarcas é que pagam. Mas isto passa-se em Juntas de freguesia em que o estreito contacto entre os eleitos e os seus eleitores dá aqueles a sensibilidade para sentirem as realidades que estão sob a sua influência e interpretam a política como um serviço aos cidadãos e não como meio de enriquecimento por qualquer forma.

Neijo
João