segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

País entre uma oposição incapaz e um Governo capaz de tudo…


A situação confusa do PS descrita por dois cronistas, cujos artigos se transcrevem:

A missão de Costa
 Correio da Manhã. 04-02-2013. 1h00. Por: Manuel Catarino, Subdiretor

António Costa tem toda a legitimidade para se bater pela liderança do PS. Mas parece perdido num labirinto de hesitações: não avança nem recua – só ameaça.

A tática da pressão tem o objetivo de forçar António José Seguro a negociar, se quiser continuar como líder, e forçá-lo a abrir o partido a ‘inteligências’ úteis ao País. Mas António Costa acaba também por servir os interesses das tropas de Paulo Pedroso e de José Sócrates – que aproveitam a oportunidade para conquistarem mais lugares e maior influência nos destinos do PS. Parte desta gente, como já se viu, é pouco recomendável: é a mesma que nos últimos anos arruinou o património moral e ético do partido.

A escolha é impossível
Manhã. 04-02-2013. 1h00. Por: José Rodrigues, Editor de Política / Economia

O episódio da candidatura esvaziada de António Costa, que deixou o País estupefacto e a oposição interna no PS desorientada, terminou com um anúncio de tréguas, mas a tensão mantém-se latente no partido, onde o líder que aparentemente saiu vencedor do confronto se acha agora refém de um ultimato dado pelo opositor que aparentemente saiu vencido, ou convencido, em nome de uma procura de unidade que se afigura impossível.

O desfecho desta crise é imprevisível, mas para já nenhum dos principais protagonistas pode cantar vitória. O desafio fragilizou António José Seguro, que acicatou ainda mais a oposição interna, e o recuo fragilizou António Costa, que frustrou aqueles que apostavam na sua candidatura. A imagem do maior partido da oposição está seriamente abalada, e o único que sai beneficiado da crise que grassa no seu seio é, como já dissemos, o Governo, cada vez mais confiante na sua capacidade de prosseguir o seu mandato até ao fim e sem obstáculos de maior.

Quanto ao País, está simplesmente sem alternativas. A escolha que se lhe oferece neste momento não podia ser pior, entre uma oposição incapaz e um Governo capaz de tudo…

Imagem de arquivo

2 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro João Soares

Se a memória me não falha, quando deflagrou a guerra 39/45, houve um alto responsável americano que disse mais ou menos isto: "Se virmos que os alemães estão a ganhar, ajudemos os franceses, se virmos os franceses a ganhar, ajudemos os alemães. O que é preciso é que se matem uns aos outros e quanto mais melhor"
As palavras não seriam estas, mas julgo que transmiti a ideia.
Regressando ao tema desta sua nota, parece-me que o critério acima exposto se aplica na íntegra...

A. João Soares disse...

Caro Fernando Vouga,

Essa posição dos EUA não foi pontual, pois parece que é uma constante. Lembro-me de assistir a uma conferência de um embaixador itinerante americano, durante a guerra Irão-Iraque, no IAEM, em que no fim, durante o período de perguntas, um diplomata perguntou a quem era destinado o apoio americano e a resposta foi «ao que estiver em piores condições pois interessa que nenhum seja vencedor de forma destacada» O que interessava era depois de um desgaste, com grande consumo de material bélico, haver uma solução negociada.

Parece que no tema do post, haverá poderes ocultos a fazer o papel dos americanos nos casos citados. Hoje ouvi uma conversa em que tal poder não era atribuído à maçonaria mas ao poder «gay», com insinuações de ele ter influenciado a escolha dos novos secretários de Estado. Talvez a maior utilidade da política seja servir de relvado onde se realizam tais derbis. Pobre relva que somos todos nós pois de tudo isso quem «paga as favas» é o povo, os contribuintes.

Abraço
João