Em democracia, etimologicamente, poder do povo, cada cidadão deve sentir-se responsável e livre, o que lhe concede direitos de opinião e outros e, em contrapartida, deveres para com os outros, respeitando-lhes os respectivos direitos. Ninguém é obrigado a aceitar cegamente as opiniões de outros e ninguém tem o direito de impor a sua própria opinião.
Vem isto a lume devido a um e-mail que recebi de um amigo discordante do tema de um e-mail que lhe passei. O tema é traduzido por uma série de perguntas e por uma conclusão que alerta para a necessidade de estarmos atentos a tudo o que se passa connosco e à nossa volta e reagirmos da maneira mais adequada e com oportunidade.
Na resposta que lhe enviei agradeci a reacção dele, que apreciei, dentro do conceito atrás exposto, e achei bem que ele tivesse meditado sobre o desafio proposto pelo autor e usado o seu direito de concordar ou discordar da forma como foi expresso.
Não evito divulgar algo que me pareça ser útil para estimular as pessoas a reflectir sobre as realidades da vida humana do ponto de vista social, por forma a evitar o monolitismo de opinião e ver que cada problema pode ser observado de várias facetas. Tudo o que espicace a discordância, isto é, a reflexão crítica, é útil. Temos que aceitar as opiniões das pessoas que descrevem uma moradia do lado de que estão a observá-la e cada um diz as janelas e varandas que vê, certamente, diferentes das apontadas pelos observadores dos outros lados.
A ideia que o e-mail gerador desta troca de observações procura transmitir é semelhante à da história da rã que está numa panela com água e sente que está a aquecer mas vai aceitando, tolerantemente, com paciência, até que chega o momento em que vê que a temperatura está a ficar insuportável e, então, decide pular para fora da panela, mas, já sem forças, não consegue e morre cozida.
É estranho que se discorde disto quando diariamente ouvimos reafirmar que os cidadãos devem colaborar na reconstrução do País, que o futuro depende das acções de cada um e ninguém se deve abster de participar na acção solidária de contribuir para um Mundo melhor. Ora, para se participar, para exercer os direitos e deveres da democracia, para votar, é preciso estar-se informado e meditar sobre as acções a tomar, com responsabilidade e sensatez, sem se deixar influenciar e empurrar para actos de que discorde, e a cada passo pensar antes de decidir, e decidir com oportunidade para evitar ter a sorte da rã que ficou cozida.
O meu amigo tem o direito de ter a sua opinião, que respeito, mas não pode impô-la nem, pelo seu lado, deixar que alguém lhe imponha ideias com que não concorde. Devemos fazer passar pelo filtro da nossa razão tudo o que nos vier do exterior, mas para tirarmos disso o melhor proveito temos que nos manter bem informados (o melhor que nos for possível).
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A Decisão do TEDH (395)
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