O arcebispo de Braga, Jorge Ortiga, na Sé de Braga, na homilia da missa de domingo de ramos, disse que o fenómeno do desemprego "deve ser tratado como uma tragédia e não como estatística económica".
Mostrou-se preocupado porque «os números são bastante claros: Portugal atingiu quase um milhão de desempregados e, desses, 40% são jovens»
Aconselhou que "é proibido desistir", pois «custa ver tanta gente nova a desistir de lutar por um futuro melhor».
Lamentou que "nos últimos tempos, parece que a esperança tem dado lugar ao desânimo na agenda de muitos jovens".
E apontou uma saída, "numa sociedade tão cansada de promessas políticas, repleta de palavras gastas e esgotada de teorias utópicas, são gestos alternativos como os que o papa Francisco está a operar que conferem toda a esperança, tornando-se numa referência social".
E deu o alerta da partida para a necessidade de construir uma nova sociedade, "na qual as pessoas passam da periferia para o centro de decisão", uma nova identidade humana, "privilegiando os mais fracos, os mais pobres e os mais pequeninos.
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Boas-Festas
Há 2 horas
6 comentários:
Caro João Soares
Se fosse a irmã Lúcia a falar, diria que tudo se resolve rezando o terço.
É de louvar que a Igreja Católica venha agora com um novo discurso. E esperemos que passe das palavras aos actos e se coloque com firmeza e de uma vez por todas, do lado dos mais fracos.
Caro Fernando Vouga,
Há aqui vários pontos a ser analisados, sem pressionar, sem cortar no mérito das pessoas:
- Estamos habituados e enfastiados de ouvir palavras sem ver a sua sequência em actos. Os políticos abusam dessa ferramenta de propaganda e, no entanto, embora eles tenham poder e responsabilidade de realizar, pouco ou nada fazem.
-A Igreja pouco pode fazer a não ser falar sobre a fé. Mas têm instituições como a Cáritas e outras que colaboram muito na justiça social apoiando os mais carentes.
- Quanto a palavras, tudo começa por ideias, intenções ou desejos. É a missão e é dela que parte qualquer estudo de situação Ela é o farol da acção. Só que os políticos e muita gente com influência sobre o bom povo, nem sequer conseguem dizer de forma clara e exequível qual é o desejo, o objectivo, a finalidade, pretendida. E quando tentam fazer previsões da meta desejada, erram sempre. São de uma miopia, uma incapacidade, uma incompetência que confrange. Repare no título de notícia que, só por si diz tudo Rússia critica "roubo" no Chipre.
A palavra «roubo» está muito bem aplicada. Roubam 30% das pouapanças de uma vida a cidadãos que nenhuma responsabilidade tiveram na má governação que conduziu à crise. E não tiram 30% a quem, em vez de conta no banco tem acções ou prédios ou é dono de empresas. Enfim, um roubo cego aos bolsos mais desprovidos de segurança e mais fáceis de roubar.
Muito se pode dizer da dificuldade de construir a nova sociedade ou a «nova identidade humana» a que se referiu o arcebispo.
Abraço
João
"A Igreja pouco pode fazer a não ser falar sobre a fé. Mas têm instituições como a Cáritas e outras que colaboram muito na justiça social apoiando os mais carentes"
Caro João Soares
à Igreja, nos primórdios do século passado e num país tradicionalmente muito pobre, era detentora de riquezas fabulosas (fora o que mandava para Roma). Algo difícil de entender para uma organização para fins não lucrativos.
À data, povo estava na miséria e no obscurantismo e a fidalguia endividada e à beira da falência.
Entretanto, veio a República e uma grande parte dos seus bens foram confiscados. Justo ou injusto, tal medida tem servido hoje para justificar a isenção de impostos sobre os bens e os rendimentos da Igreja e dos clérigos.
Estamos em crise e altos responsáveis pos essa instituição religiosa saem à liça para sugerir medidas sociais que minorem o sofrimento dos mais desfavorecidos. Até aí tudo bem. Mas seria altamente conveniente que explicassem como é que a Igreja adquiriu as riquezas que ainda detém e, além disso, se oferecessem para declarar escrupulosamente os rendimentos e pagar os devidos impostos.
Acredito que tal medida poderia aliviar muito a carga fiscal sobre os contribuintes.
Caro Fernando Vouga,
Quanto à origem do enriquecimento da Igreja, penso que seja apenas da generosidade dos crentes, do cumprimento de promessas e dos serviços prestados em casamentos, baptizados e funerais.
Concordo que a história mostra um aspecto muito paralelo à nobreza que está ligado ao fausto protocolar.
De qualquer forma, há sinais de colaboração para uma sociedade melhor através das palavras e espera-se que o actual Papa traga um aspecto mais humano e popular à Igreja.
Abraço
João
Ai... a igreja esconde tanta coisa. E falam dos políticos. Eles são os piores. Eles são tudo isso e muito mais... Só não o sabe quem não quer saber. Ou faz parte da gamela.
Desculpe a minha curta opinião depois de tanto ver e saber. E esse senhor tem tanto que se lhe diga...
Anónimo,
Nada tenho contra a igreja, em geral, pois só lhe dá dinheiro quem quer. Mas, pelo contrário, os políticos vivem do nosso suor, impostamente, sem nos perguntarem se queremos ser espoliados dos frutos do nosso trabalho. Não cumprem o seu dever de zelar pelo bem-estar da população em justiça social e equidade. Eles todos enriquecem, à custa das brincadeiras que praticam em nome do Estado, que muitos deles nem sabem bem o que é e para que serve.
Não critico os pecados do arcebispo e estou disponível para meditar nas suas palavras como em todas que mereçam reflexão. Errar é humano e não gosto de passar a vida a atirar pedradas.
Mas mesmo quem erra pode ter opiniões com valor e de Jorge Ortiga transcrevo a notícia mais recente:
O arcebispo de Braga critica incompetência da classe política
D. Jorge Ortiga está preocupado com o desemprego e a fome que atingem cada vez mais famílias portuguesas e critica a classe política incompetente e monopólio dos bancos
O arcebispo de Braga deixou esta Sexta-Feira Santa críticas à incompetência da classe política e ao monopólio dos bancos. D. Jorge Ortiga falava durante a homilia da celebração da Paixão do Senhor, onde fez questão de enumerar muitos dos problemas actuais.
"Porque é que nós consentimos que tantos seres humanos continuem a ser vítimas da miséria social, da violência doméstica, da escravatura laboral, do abandono familiar, do legalismo da morte, da corrupção judicial, das mortes inocentes na estrada, das mentiras dos astrólogos, do desemprego, de uma classe política incompetente e do monopólio dos bancos", afirmou o prelado.
O arcebispo de Braga mostrou-se em particularmente preocupado com as consequências da situação económica.
"Preocupa-me o número de suicídios que aumentam diariamente em Espanha e também entre nós, como fruto, muitas vezes, de penhoras imobiliárias e que em breve, com certeza, tudo isto se tornará ainda mais grave", alertou.
D. Jorge Ortiga também se mostra apreensivo com as "depressões dos jovens portugueses, que se fecham nos seus quartos por causa do desemprego" e em relação "às famílias cujo frigorífico se vai esvaziando".
Enquanto tudo isto acontece, sublinha o arcebispo de Braga, "os políticos refugiam-se em questões sem sentido".
Quanto sistema bancário, "depois de ter imposto a tirania dos consumos desnecessários para atingirem metas lucrativas, hoje condicionam o crédito justo às jovens famílias portuguesas, contra taxas abusivas que dificultam o acesso a uma qualidade de vida com dignidade", critica D. Jorge Ortiga.
Cumprimentos
João
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