Transcrição de pensamento de Fernando Pessoa, notável poeta português 1888-1935, extraído de 'Reflexões Pessoais')
Nunca Cultives o Absoluto nem o Excesso
Nunca cultives coisas absolutas, como a castidade absoluta ou a sobriedade absoluta: a maior força de vontade é a do homem que gosta de beber e se abstém de beber muito e não a daquele que não bebe de todo. O movimento antialcoólico é um dos maiores inimigos da vontade própria e do desenvolvimento da vontade. Castrar um homem «controlará» certamente os seus impulsos sexuais. Castrar a sua alma também fará o mesmo. A dificuldade é abster-se.
Deves criar um desejo de beber e de fumar e então fumar e beber moderadamente. Graças a este método, não só desenvolverás a tua vontade decisivamente, obrigando-a a impor limites aos teus impulsos, que é a função própria da vontade (e não a eliminação dos impulsos), mas também extrairás o maior prazer possível de beber ou de fumar, pois a Natureza concebeu as coisas de um modo tal que o maior prazer vem depois do maior poder, a temperança, e o sinal da normalidade é este.
domingo, 19 de maio de 2013
EVITAR O ABSOLUTO E O EXCESSO
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1 comentário:
Meu caro Fernando Pessoa,
Quanto a mim há um velho ditado que resume o título: "nem oito nem oitenta".
Tenho-te a dizer que não bebo álcool porque não me diz nada e não por pertencer a qualquer movimento, associação, seita ou religião. Já bebi. Já fiz muita coisa na vida como bem sabes. Tenho outras prioridades e encantos na vida. Felizmente não bebo porque me sinto muito bem sem tal. No dia em que quiser beber faço-o como o fiz à frente de algumas pessoas mostrando que beberia se me apetecesse. Fi-lo, por motivos...
Mas a virtude da coisa, meu caro Pessoa, está em respeitar quem não tem vontade nenhuma de beber e sem que com isso se sinta mal na vida ou junto de quem bebe moderadamente. O carneirismo não é coisa tua. Nem minha. Confesso que o tabaco ainda me faz falta porque não o combati. Porque ainda me deixo ir num vício muito estúpido porque me sabe bem quando tomo um café ou escrevo uma página de um livro. Mas, meu caro Pessoa -sei que sabes que gosto muito da tua escrita e dos pensamentos que ao mundo transmitiste- um dia destes, para breve, assim que o entenda, o tabaco é para arrumar na gaveta do passado.
Meu caríssimo Pessoa, mestre da escrita e do pensamento, respeita a minha opção que eu respeitei a tua. Mesmo quando decidiste partir e deixar-nos antes do tempo. As adições são um embuste à vida. No entanto sabes que eu sou um homem livre que acha que cada um é dono de decidir por si os seus gostos e a sua vida. Até a eutanásia em devido momento!
Por vezes nada é absoluto e nada é excesso. Quase tudo depende da subjectividade de cada um. No entanto nada é definitivo a não ser aquele momento que sempre chega... Mas compreendi o teu ponto de vista: é preciso cuidado com os fundamentalistas. Seja do que for. Já a lei que regula a sociedade é para ser cumprida. Não achas? Neste caso a Lei do Álcool. E os horários dos estabelecimentos de diversão nocturna. Até em Braga...
Aquele nosso velho e forte abraço
MR
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