segunda-feira, 27 de maio de 2013

SALÁRIOS E PRÉMIOS DE FUTEBOLISTAS E MAQUINISTAS DA CP


Recebi por e-mail este texto que transcrevo por julgar de interesse, até porque traduz a equivalência de altos salários em número de Salários Mínimos Nacionais. Este procedimento devia ser «obrigatório», porque o cidadão médio (em que me incluo) não faz ideia de quanto vale um milhão!!! «No dia em que encherem o Estádio das Antas com gente a pagar bilhete para ver 22 escriturários a escreverem à máquina, estarei de acordo com os que criticam o dinheiro que os jogadores de futebol ganham». Este argumento, do saudoso José Maria Pedroto, foi o melhor que ouvi em defesa dos elevados salários dos futebolistas que, à época, eram muito menos pornográficos e estratosféricos do que agora.

No início dos anos 80, o jogador mais bem pago do Porto ganhava o equivalente a 30 salários mínimos. Agora leva para casa cerca de 300 salários mínimos. Em 30 anos, ao nível do topo, a inflação no futebol português andou dez vezes mais rápida do que no resto da sociedade. O argumento de Pedroto é bom e racional. Mas apesar de saber que as exibições e golos do Cristiano Ronaldo ajudam a encher o Santiago Bernabéu (e o Real Madrid a cobrar um balúrdio pelas transmissões televisivas dos seus jogos), confesso que a minha consciência judaico-cristã fica bastante incomodada por saber que um português com o salário mínimo precisaria de trabalhar 300 anos (até ao século XXV, portanto) para receber o que o CR7 ganha num mês.

O argumento de Pedroto é bom e racional. No entanto nunca consegui digerir muito bem o hábito de pagarem aos futebolistas prémios de vitória ou até de empate.

Compreendo o mecanismo de estimular um trabalhador através da instituição de um sistema de prémios por objetivos, mas no caso dos futebolistas até parece que o que lhe pagam ao fim do mês (e não é assim tão pouco) é para perderem os jogos.

Também não consigo entender algumas peculiaridades do regime de trabalho dos 1200 maquinistas da CP, que beneficiam de 18 subsídios (oito fixos e dez variáveis), apesar das constantes transfusões de dinheiro dos contribuintes serem a única coisa que impede a morte de uma empresa com um passivo XXL de 3,3 mil milhões de euros.

Sempre que termina um período de trabalho completo, o maquinista da CP recebe um prémio. Cada vez que conduz, manobra ou faz o acompanhamento de um comboio, ganha um abono. E se o seu trabalho estiver organizado por turnos ou escalas, tem direito a um subsídio. E por aí adiante. Ao ler a lista arrependi-me de não ter ido para maquinista da CP.

Percebo que os maquinistas queiram defender o belíssimo pacote de regalias (algumas próprias de futebolistas, como a de receberem um prémio por terem cumprido o seu horário de trabalho...) mas não me parece justo que os clientes da empresa (os passageiros) sejam os únicos prejudicados pelas greves que fazem.

Até porque, e usando a imagem de Pedroto, acho muito duvidoso que alguém pague um bilhete para ver 22 maquinistas da CP a brincar aos comboios - pouca-terra, pouca-terra - no meio do relvado do Dragão.

Imagem de arquivo

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