sexta-feira, 5 de julho de 2013

MAU E INDESEJÁVEL ESPECTÁCULO


Transcrevem se dois artigos de Nicolau Santos e de Henrique Monteiro que se completam e dão uma visão interessante da actual crise política que não é fácil de compreender e que muitos atribuem a «infantilidade», «impreparação», arrogância, teimosia, ambição e falta de sensibilidade para o grande problema que devia ser solucionado, de «fedelhos» a brincar com coisa muito séria e perigosa para milhões de pessoas. Um líder não precisa de arrastar pessoas, pois são elas que o seguem espontaneamente atraídas pelas suas qualidades e pela sua capacidade de informar e comunicar com verdade, clareza e transparência.

Grande combate de boxe: em exibição por mais uns dias!
Expresso. 10:46 Quinta feira, 4 de julho de 2013 Nicolau Santos

Num canto, Pedro Passos Coelho, 1,85, 90 quilos. No outro, Paulo Portas, 1,78, 87 quilos. Passos é o campeão em título. Portas acaba de afastar Vítor Gaspar, por desistência deste, após um duro combate em que o isolou junto às cordas e o golpeou sucessivamente no dorso e no rosto.

O combate começa. Passos atira um golpe baixo e violento contra Portas, chamado Maria Luís, porque antes já tinha sido atingido com um golpe baixo e violento chamado TSU dos pensionistas. Portas responde dizendo que assim não combate e sai do ringue.

Passos diz-lhe para não fazer isso e que não aplicará mais golpes baixos ao seu adversário.

Portas é obrigado pelos seus apoiantes e treinadores a voltar ao ringue. Mas impõe condições: as regras têm de mudar, as cordas têm de ser de outra cor, a iluminação tem de ser alterada, se não vai-se embora. Portas aceita desde que combinem tudo muito bem combinado.

A noite passada ensaiaram um treino à porta fechada. Sem público. Agora o público aguarda ansiosamente o que se vai passar.

Será que Passos aceita as mudanças?
Será que Portas continua a combater mesmo que não haja mudanças?
Será que fazem de conta que está tudo bem só para poderem continuar no ringue?
Será que o público se dará conta de que o combate tem o resultado combinado ou faz de conta que se trata de um combate leal?
Será que Passos e Portas conseguem enganar o público?
Será que o público é estúpido?
Será que o árbitro vai finalmente chamar os jogadores e denunciar que o resultado está combinado?
Ou será que prefere não tomar qualquer decisão e que o público continue entretido com um combate simulado?
Em qualquer caso, não perca o combate: não se sabe quantos dias mais estará em exibição.

Só mais um favor: saiam de cena!
Expresso. 8:34 Quinta feira, 4 de julho de 2013 Henrique Monteiro

Parece que Portas e Passos ficaram admirados com a explosão dos juros e a queda da bolsa. E que sendo assim, vão tentar chegar a acordo.

Parece que Passos e Portas se estão a tentar entender na base de um novo Governo.

Parece que Portas e Passos já têm ideias sobre como deve ser esse novo Governo de coligação entre o PSD e o CDS, mas que essas ideias são diferentes.

Parece que Passos e Portas não se entendem também sobre a ideia de o líder do CDS ficar fora do Governo a fazer campanha sub-reptícia, enquanto o do PSD fica dentro a queimar-se em lume brando.

Várias coisas parecem sobre Portas e Passos.

O que é estranho é que nenhum consiga perceber que o país já não tem paciência para eles. Que deviam ir os dois para casa por uns tempos e deixar que alguém crescido tomasse, agora, conta do país.

Será que o avô Cavaco consegue dizer-lhes isto na cara? Ou saem de cena e dão campo a um Governo onde sequer a sombra de um deles seja visível, ou temos mesmo de ir para eleições já, com os prejuízos adicionais que isso acarreta? Será que Passos e Portas perceberam que só ontem o país perdeu muitos milhões de euros por causa deles? Será que ainda não perceberam que, caso não saiam já, vários milhões se perderão mais?

2 comentários:

Fernando Vouga disse...

"Só mais um favor: saiam de cena"

Caro João Soares

O trágico da questão, quase uma anedota de mau gosto, é que o Portas nunca sairá de cena porque fará parte da coligação que fatalmente se seguirá.
Assim sendo, o "show must go on"

A. João Soares disse...

Caro Fernando Vouga,

Isto é realmente anedótico. O nosso sistema Constitucional e o esquema dos partidos tornou o CDS-PP num suplemento indispensável para qualquer coligação de centro-direita em que o vencedor das legislativas não tenha maioria absoluta.
Uma hipóteses que passou por algumas mentes consistia em o Congresso do CDS eleger um novo líder do partido e o Portas sair de cena.E isso seria correcto se o Portas fosse pessoa de honra e de palavra e respeitasse o que tão claramente escreveu na carta de demissão IRREVOGÁVEL.

Mas o Portas, depois das campanhas de intrigas quando estava à frente de um semanário, mostrou bem a sua maldade e perigosidade contra poderes de que não goste, esteja onde estiver. Estas acções perante Passos depois da carta de demissão constituem um fingimento, uma dissimulação que não dá garantias aos portugueses. Não se pode acreditar nem no que possa dizer ou escrever.
Que mau exemplo para os cidadãos!!!

Um abraço
João