Com respeito pelo autor Pedro Coimbra, transcreve-se o seguinte texto do blogue Devaneios a Oriente, por ser uma análise muito completa e imparcial e um sinal do falhanço de «intenções» propaladas, desde há meses, de união, consenso e convergência, mas de que, pelo contrário, apenas se viu preocupação de teimosia, de obsessão, de imposição «custe o que custar» ao povo e desejos de receber aplausos e não críticas e sugestões.
A crise (política) que se segue
Está muito próxima a data de realização das eleições autárquicas em Portugal.
O que devia, em teoria, por definição, limitar-se a uma escolha dos representantes que estão em contacto directo com as populações, nunca foi apenas isso.
Esse facto é particularmente sentido e relevante nestas eleições.
Com o País mergulhado numa crise económica e social que teima em não dar sinais fortes de abrandamento, estas eleições vão ser, acima de tudo, um teste à coligação que governa e às oposições.
Mas, opinião muito pessoal, muito mais às oposições que à coligação parlamentar.
Porque, com um Presidente da República que constantemente manifesta total repulsa a cenários de crise política, mesmo um resultado desastroso da coligação governamental só dará lugar a uma crise política se, às eleições, se seguir uma implosão da própria coligação.
Uma implosão que, a existir, partiria da iniciativa do CDS.
Uma possibilidade que não é de afastar.
Se o estratega Paulo Portas verificar que o CDS sai muito penalizado destas eleições, que corre o risco de se tornar uma força política menor, acredito que não hesitará em recorrer a uma fuga para a frente, em tentar demarcar-se, desta vez sem retorno, das políticas de austeridade que tem vindo a apoiar.
Mas, voltando atrás, se a solidez da coligação governamental será posta à prova, a liderança das oposições não o será menos.
No PS, António José Seguro sabe que está obrigado a um resultado que não deixe que subsistam as dúvidas acerca da sua capacidade enquanto líder e da capacidade do partido enquanto alternativa de governo.
Um resultado, que não seja simultaneamente altamente penalizador para a coligação governamental e moralizador para o PS, representará o fim da era António José Seguro.
A ser assim, falta saber quem sucederá ao baço líder do PS.
Nestas contas de uma crise política anunciada, mas ainda sem se saber com que protagonistas, entra também o Bloco de Esquerda.
A nova liderança bloquista vai, pela primeira vez, ser sujeita a avaliação do eleitorado.
Um resultado penalizador para o Bloco pode desencadear uma crise de liderança dentro do partido, o emergir de um cenário de orfandade na liderança após a saída de Francisco Louçã e o desaparecimento de Miguel Portas.
Neste cenário de crise(s) eminente(s) só o PCP sai incólume.
Porque o eleitorado comunista não é volátil, está consolidado, e ninguém estará à espera de um grande resultado ou de uma grande derrota do PCP.
Em resumo, aproxima-se a data de umas eleições autárquicas que, muito mais que eleger representantes do poder local, poderão ser o primeiro passo para a emergência de um novo paradigma político, com novos protagonistas, em Portugal.
Imagem de arquivo
A crise (política) que se segue
Está muito próxima a data de realização das eleições autárquicas em Portugal.
O que devia, em teoria, por definição, limitar-se a uma escolha dos representantes que estão em contacto directo com as populações, nunca foi apenas isso.
Esse facto é particularmente sentido e relevante nestas eleições.
Com o País mergulhado numa crise económica e social que teima em não dar sinais fortes de abrandamento, estas eleições vão ser, acima de tudo, um teste à coligação que governa e às oposições.
Mas, opinião muito pessoal, muito mais às oposições que à coligação parlamentar.
Porque, com um Presidente da República que constantemente manifesta total repulsa a cenários de crise política, mesmo um resultado desastroso da coligação governamental só dará lugar a uma crise política se, às eleições, se seguir uma implosão da própria coligação.
Uma implosão que, a existir, partiria da iniciativa do CDS.
Uma possibilidade que não é de afastar.
Se o estratega Paulo Portas verificar que o CDS sai muito penalizado destas eleições, que corre o risco de se tornar uma força política menor, acredito que não hesitará em recorrer a uma fuga para a frente, em tentar demarcar-se, desta vez sem retorno, das políticas de austeridade que tem vindo a apoiar.
Mas, voltando atrás, se a solidez da coligação governamental será posta à prova, a liderança das oposições não o será menos.
No PS, António José Seguro sabe que está obrigado a um resultado que não deixe que subsistam as dúvidas acerca da sua capacidade enquanto líder e da capacidade do partido enquanto alternativa de governo.
Um resultado, que não seja simultaneamente altamente penalizador para a coligação governamental e moralizador para o PS, representará o fim da era António José Seguro.
A ser assim, falta saber quem sucederá ao baço líder do PS.
Nestas contas de uma crise política anunciada, mas ainda sem se saber com que protagonistas, entra também o Bloco de Esquerda.
A nova liderança bloquista vai, pela primeira vez, ser sujeita a avaliação do eleitorado.
Um resultado penalizador para o Bloco pode desencadear uma crise de liderança dentro do partido, o emergir de um cenário de orfandade na liderança após a saída de Francisco Louçã e o desaparecimento de Miguel Portas.
Neste cenário de crise(s) eminente(s) só o PCP sai incólume.
Porque o eleitorado comunista não é volátil, está consolidado, e ninguém estará à espera de um grande resultado ou de uma grande derrota do PCP.
Em resumo, aproxima-se a data de umas eleições autárquicas que, muito mais que eleger representantes do poder local, poderão ser o primeiro passo para a emergência de um novo paradigma político, com novos protagonistas, em Portugal.
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