Enquanto almoçava, ouvi num pequeno grupo de comensais dizer que «a greve da TAP é uma greve patriótica» Fiquei a pensar no significado do desabafo e, quando depois ouvi dizer que ela não é motivada propriamente por razões de trabalho, mas contra a privatização da empresa, isto é contra alienação de Património Nacional de um sector que tem constituído uma bandeira de prestígio da soberania portuguesa,sendo, com tal privatização dado mais um passo muito largo para o esvaziamento da herança do passado.
Já pouco resta. Empresas de grande dimensão e até joias da coroa, como o centro de mesa da baixela da Rainha D. Maria Pia, são subtraídas ao espólio de algumas gerações. Há quem receie que, depois de se venderem todas as coisas móveis, serão vendidos os imóveis e as zonas mais visitadas pelos turistas, como partes da costa com belas praias, depois as minas de urânio, cobre, estanho, volfrâmio, etc, E porque não as estátuas que ornamentam as nossas cidades?
Com o desrespeito pelo património dos portugueses, não pode estranhar-se que venha a ser entregue a estrangeiros a auto-estrada Lisboa-Porto e outras, com os inconvenientes que poderão advir para os seus utilizadores, embora daí, provavelmente, resulte enriquecimento para «ex-governantes» e seus familiares e amigos.
Tendo a greve esse ou outro motivo, e sendo permitida pela legislação vigente, não se percebe que a defesa de um direito constitucional seja apelidada de «egoísmo». Do ponto de vista laboral, tal defesa nunca deixa de ser egoísmo, mas a alternativa será os trabalhadores deixarem-se explorar inexoravelmente por patrões, Estado e outros malfeitores? Qualquer defesa é um acto de egoísmo mas não se deve querer que os lesados prescindam dela.
Não pode ser permitida a perda do património do Portugal deixado por D, Afonso Henriques, Nuno Álvares Pereira e muitos outros dignos portugueses. Acaso desejam o esquecimento dos heróis representados em estátuas expostas nas nossas cidades? Ou estas estarão destinadas à venda a sucateiros?
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