Movimento zero
(Publicado em O DIABO nº 2222 de 02.07.2019. pág 16)
A sociedade precisa de viver em segurança, paz e harmonia, o que não é totalmente possível, por haver pessoas subjugadas por egoísmo, ambição, inveja, ódio ou outras moléstias sociais. Para fazer face a tais maleitas, são indispensáveis forças de segurança que garantam a prevenção e a eliminação de ocorrências de comportamentos menos correctos. Tais agentes da ordem pública, devem ter preparação adequada para cumprirem a sua missão, por vezes difícil, mas sempre de vital importância para a população ordeira.
Por isso, os agentes são respeitados e acatados pelos cidadãos educados e apreciadores da sua acção socialmente benéfica. Os seus chefes, a todos os níveis, devem reconhecer o apreço que a população lhes dedica, pelo que devem dar ao pessoal activo a indispensável preparação e instrução para o, por vezes difícil, cumprimento da missão, por forma a daí resultar prestígio e respeito.
Em 10 de Julho, no Cacém, um jovem de 23 anos, com antecedentes criminosos, foi detido depois de ter agredido um agente da PSP que o tentava deter por ter sido chamado pela avó quando ele ameaçou a mãe com um martelo, tendo esta uma criança ao colo. Quando os agentes chegaram ao local, o rapaz mostrou-se violento. Insultou os polícias e ameaçou-os, chegando mesmo a agredir um deles antes de ser manietado e detido. O polícia agredido - que está na PSP há cerca de três anos - sofreu algumas escoriações num dos braços, mas não foi necessário receber tratamento hospitalar.
Também em 19 de Julho, por iniciativa do “Movimento Zero”, dezenas de polícias concentraram-se em frente ao Hospital de Braga, onde estava internado um comissário da PSP que tentara o suicídio com a arma de serviço, no seu gabinete na esquadra bracarense. A manifestação tinha o intuito de alertar para a falta de condições de trabalho na Polícia que, segundo afirmaram, desde o início do ano, já levou três agentes ao suicídio.
Infelizmente, ocorrem situações em que os mais altos responsáveis se alheiam das dificuldades do trabalho dos seus subordinados e os desprezam e desprestigiam, não lhes dando condições para o bom desempenho da missão, o que pode prejudicar a forma como o povo a acata e suporta. Mas chega a acontecer que o povo que muitos governantes consideram pacóvio, se levanta espontaneamente em manifestação de apoio aos agentes a quem devem paz e segurança pública e de quem esperam a continuação dessa garantia. Esta reacção do povo é significativa como ocorreu recentemente em Massamá, quando a associação de moradores se concentrou em frente da esquadra local da PSP a manifestar o seu apoio aos seus agentes, a condenar as agressões e ofensas de que são alvo e prometendo o seu auxílio concreto no terreno contra actos de marginais. “O povo é sereno” e sabe reagir de forma positiva e sensata, dando com isso aos governantes uma magistral lição.
~ Em sintonia, com o sentimento dos moradores de Massamá, nas Forças de Segurança (PSP e GNR) foi criado o “Movimento Zero”, no qual é zero o número de participantes que, no seu serviço, tenham tido qualquer acto menos correcto. Este pormenor dá-lhes direito a reclamar dos seus superiores adequadas condições de trabalho e correcta apreciação das suas actividades, como é o caso do uso de indispensável violência no tratamento de infractores, independentemente de etnia ou cor.
Assim se compreende que em 12 de Julho, na Praça do Império, em Lisboa, durante a comemoração dos 152 anos de PSP, agentes do Movimento Zero da PSP e militares da GNR, vestidos com camisolas brancas, manifestaram-se silenciosamente, voltando-se de costas quando o director nacional da PSP, Luís Farinha, começou a falar na cerimónia presidida pelo primeiro-ministro, António Costa, mantendo-se nessa posição até ao final do discurso. E, quando o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, começou a discursar, os polícias saíram em silêncio e de forma ordeira, levantando os braços e fazendo o gesto do zero com os dedos. ■
DELITO há dez anos
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