Entramos na nova era
(Pblic em O DIABO nº 2274 de 31-07-2020, pág 16. Por António João Soares)
Agora, é frequente ler-se que a saída do Covid-19 vai trazer uma nova era. Porém, são muito visíveis os sinais de que ela já está por cá, por vezes a manifestar-se de forma desagradável, com gestos irracionais de querer destruir tudo o que se refere à História. A nova era vem com intenção de procurar eliminar a “corrupção”, os “paraísos fiscais” e os males da ambição doentia pelo dinheiro que é a pior droga da humanidade, tão perigosa que nem dá overdose.
Nesta mudança, no plano de recuperação e de desenvolvimento económico, precisa-se da mentalidade e coragem dos nossos heróis que “deram novos mundos ao Mundo”, inspirados pelo Infante D. Henrique, e devem esquecer-se dos “velhos do Restelo”, como os recentes políticos que têm conduzido o povo, em cobardia obediente, que se tem deixado intoxicar com futebóis, telenovelas e as falsidades de sucessivas contradições da “pandemia do medo”, ao ponto de não ser esclarecido devidamente como lidar com o coronavírus que teremos de aguentar durante muito tempo e terem reagido mal ao desconfinamento e provocado agravamento. Esse pecado da Comunicação Social evitou que o povo pensasse e falasse dos erros governamentais. E, por falar nisso, interrogo- -me: quais as grandes decisões que foram tomadas pelo PR ou pelo PM durante vários anos de funções?
Agora, não interessa um plano para, em 10 anos, remediar a paralisia em que temos vivido, mantendo o mesmo sistema inactivo e indiferente ao passar do tempo. Tal plano, se não for bem preparado e estruturado, com realismo e coragem para inovar e aplicar soluções criativas aos novos problemas, segundo a melhor estratégia, não impedirá a continuação da estagnação em que temos sido arrastados para o fim da escala.
Nesta fase de saída da Pandemia e de entrada em tempos inseguros de crise e de incerteza sobre a evolução da nova era, é indispensável definir o objectivo a atingir e o rumo estratégico que a ele nos conduz. Esse trabalho não pode caber a um génio em momento de inspiração, mas a um grupo de pessoas experientes e conhecedoras da arte de decidir que, em trabalho de convergência e de consenso, discutam os aspectos e dúvidas e aprovem a solução que considerem melhor. Este sistema de decisão deve ser utilizado nos aspectos prioritários, deixando para outra oportunidade os temas menos urgentes. Não se deve misturar alhos com bugalhos que darão despesas mais tarde consideradas inúteis, como aconteceu em vários casos abandonados.
Quando aceitei o convite para colaborar neste semanário dediquei grande parte dos textos a transmitir sugestões a pessoas com responsabilidades de tomar decisões sobre o futuro do país e de empresas. A vida é uma sucessão de escolhas da melhor solução de entre as diversas possíveis. Fiz agora uma pesquisa para encontrar o melhor texto para aqui citar, e de entre cerca de duzentos, fiz uma lista de 15. Não quero aqui gastar todo esse espaço e limito-me a encaminhar os interessados para o blog “Do Miradouro”, onde os podem encontrar. Com esse meu sentido, tenho procurado sugerir comportamentos orientados para um futuro melhor das pessoas, das sociedades e da Humanidade em geral. Infelizmente, a maioria dos políticos usa apenas ideias superficiais, ao gosto do povo, para conseguir votos, e não pensa, em termos estratégicos, no futuro a preparar para os países. Recorde-se, por exemplo, que a intenção dos fundadores da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, posteriormente denominada União Europeia, foi desprezada e agora é aquilo que muitos pensadores, já denominam Europa moribunda.
Neste momento estamos a entrar numa grande mudança, não apenas cá, mas no Mundo. Temos de enfrentá-la com coragem e valor para prepararmos um futuro mais próspero e desenvolvido, económica e socialmente. Precisamos de mudar para melhor. ■
Almirante Gouveia e Melo (I)
Há 1 hora
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