Alterações climáticas
(Public em O DIABO nº2280 de 11-09-2020 pág 4 Por António João Soares)
Há quem acredite que vale a pena lutar contra as alterações climáticas. Mas estas, praticamente, não dependem da acção do homem, pois resultam fundamentalmente do núcleo, em fusão, do planeta. A crosta sólida onde habitamos é uma ténue camada que envolve esse núcleo em ebulição e que produz alterações como montanhas e vales, vulcões, agitações como o sismo de Lisboa em 1-11-1755 e outros. A temperatura do globo depende muito do calor oriundo do seu centro.
Um dia, em actividade profissional, visitei a montanha existente entre o vale do rio Tejo e o do Trancão, perto de Bucelas e Alverca. A dada altura, comecei a ver grande quantidade de cascas de mariscos e um companheiro disse que devia ter havido ali grande piquenique, mas a quantidade era tão extensa ao longo da linha de cume que se concluiu facilmente que aquela área já tinha estado debaixo de água, como explicaria um geógrafo ou geólogo.
A Natureza tem particularidades que merecem ser meditadas. Um engenheiro reformado que era professor de Geografia na UITI, na Rua das Flores, em Lisboa, na sua aula para idosos afirmava frequentemente que o globo terrestre é uma bola ardente semelhante a uma cafeteira com leite a ferver tendo este a boiar à superfície uma ténue camada de nata. E dizia que a superfície da Terra é semelhante a essa nata quer na pouca espessura quer na reacção ao líquido fervente que envolve. Com efeito, a Terra não é um volume sólido mas uma enorme quantidade de matéria líquida, em fusão, com elevada temperatura, envolto por uma película pouco espessa, em relação à grande dimensão do globo.
Há várias hipóteses dos estudiosos do universo sobre as previsões da evolução dos corpos celestes até à sua extinção daqui a milhões de séculos. Tudo se acaba, mas esses fenómenos da Natureza não dão lugar a intervenção de minúsculos habitantes dum planeta dessa imensidão de astros. Isso não deixa espaço para “lutadores contra as alterações climáticas” poderem obter algum êxito.
A única coisa que o homem pode influenciar é a qualidade do ar que respira, normalmente em áreas limitadas, procurando evitar ao máximo a poluição e respeitando a Natureza ambiental e os seres vivos, quer vegetais quer animais, e protegendo os recursos minerais como sustentáculos da vida, mas isso terá pouco efeito nas alterações climáticas propriamente ditas.
O clima, por outro lado, também está sujeito aos movimentos cósmicos do espaço em que a Terra se encontra e se move. A órbita terrestre em torno do Sol também tem evoluções que o homem não pode controlar. Se mais não fosse, o eixo de rotação do globo terrestre não forma um ângulo recto com a direcção do Sol, fazendo o ângulo da eclíptica, do qual depende a existência das quatro estações anuais. Esse ângulo está a ser alterado, pelo que as estações vão deixando de ser rigidamente iguais em relação ao passado. Isso costuma ser notícia da alteração da inclinação do eixo da Terra. E o Sol também está em evolução, perdendo energia.
A estes factores juntam-se outros do âmbito astral, com ventos cósmicos que condicionam o clima da superfície terrestre. Segundo me informou um amigo estudioso da Natureza e de tudo o que nos cerca, “um dia de erupção vulcânica produz tanto CO2 como todos os veículos motorizados (incluindo aviões e navios) num ano. Além do CO2, que é fonte de vida para vegetais e não só, os vulcões atiram para a atmosfera milhares de toneladas de gases sulfurosos, estes extremamente venenosos”.
A única coisa que o homem pode influenciar é a qualidade do ar que respira, normalmente em áreas limitadas. Devemos procurar evitar ao máximo a poluição e respeitarmos a natureza, mas isso terá pouco efeito nas alterações climáticas propriamente ditas. Contentemo-nos por lutar pela defesa do ambiente. ■
Almirante Gouveia e Melo (XXXIII)
Há 24 minutos
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