sexta-feira, 27 de novembro de 2020

SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE ETÁ EM DIFICULDADE

(Public em O DIABO nº 2291 de 27-11-2020, pág 16. Por António João Soares Coronel)

 O SNS constitui uma necessidade vital para a saúde dos portugueses, mas a falta de verbas tem dificultado o seu funcionamento de forma continuada, o que, com as tricas entre o serviço privado e o do Estado, o tem tornado menos eficiente, e isso tem sido visível com a complexidade da actual pandemia. O desleixo e o abandono a que tem sido sujeito por sucessivos governos levou-o a uma situação crítica.

De momento, não parece haver instituição que possa substituí-lo na sua função vital para a saúde da generalidade dos portugueses, na garantia de cuidados de saúde, sem olhar a posição social ou situação económica. Mas pessoas com poder de pressão nos políticos e influenciadas pela ideologia da corrupção ou do simples negócio, fomentam a oposição dos interesses privados, incluindo o apoio de políticos familiares ou amigos, contra a existência do SNS, a fim de empolar a fonte de negócios que a sua extinção constituiria para os seus clientes, mesmo que isso fosse à custa dos portugueses e do país.

Contrariando tais interesses privados e suas pressões, o Governo deve analisar com eficiência as condições de funcionamento do serviço, dotá-lo dos equipamentos adequados e observar com regularidade o seu funcionamento por forma a dar-lhe conveniente apoio, a fim de melhorar as condições da saúde dos cidadãos. Esta intenção constitui um factor fundamental da responsabilidade do Governo, para quem o objectivo essencial deve ser a defesa dos cidadãos em todos os variados aspectos da vida.

Só um Serviço Nacional de Saúde forte poderá enfrentar, com um dano mínimo, um enorme desafio como o do Covid-19, e outros que poderão vir. Não bastam camas, são precisos profissionais. Não bastam profissionais, é preciso equipamento. Não bastam hospitais e centros de saúde, é necessário que funcionem em rede. Não bastam meios, é necessária coordenação e boa comunicação.

A desorganização da rede do SNS tem- -se degradado ao longo de anos, como é evidente pois, apesar do tempo decorrido e de os meses de Verão terem dado tempo para preparação, ainda parece não existir um plano de actuação nacional, definindo estratégias de prevenção e de combate, com regras bem definidas, patamares ou escalões e protocolos claros entre os vários sectores de saúde. Se isto não está decidido, será porque as falhas existentes são graves, estruturais, severas e profundas.

A solução para este assunto é semelhante à que deve ser aplicada na generalidade da função pública, nomeando para a sua liderança pessoas inteligentes, competentes, experientes e com sensibilidade para os interesses nacionais e das pessoas e respeitadoras destas, nos seus direitos e garantias. Mas, em vez deste método, tem sido utilizado o emprego da família, da amizade, do pagamento de favores e de atenções, e o resultado tem sido visto a cada momento difícil.

E não se venha com a desculpa da carência de meios financeiros, pois ela não é fiável, como se verifica na excessiva despesa do dinheiro público em situações menos significativas para o interesse dos portugueses, como aquela em que os contribuintes estão a pagar mais de sete milhões de euros de subvenções vitalícias a ex-políticos e ex-juízes, em alguns casos, de muitos milhares de euros a alguns contemplados e que têm sido aumentados. Os reformados, regra geral, não produzem qualquer benefício para o Estado que justifique tão grandes remunerações. Há até opiniões defendendo que os reformados devem ter uma reforma moderada e equilibrada, porque a apresentação, a vaidade e o aspecto não devem ser motivo para os contribuintes terem de suportar a ostentação relacionada com o cargo que já não exercem.

O dinheiro público sacado aos contribuintes deve ser investido em benefício do interesse nacional, isto é, dos cidadãos, com são critério, com parcimónia e com respeito pelos contribuintes. ■


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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

IMIGRAÇÃO E TERRORISMO

Imigração e terrorismo

(Public em O DIABO nº 2290 de 20-11-2020, pág 16. Por António João Soares)

 A Europa tem sido vítima de ataques terroristas que têm levado alguns líderes políticos a pensar e propor restrições duras à entrada de migrantes e imigrantes, principalmente os de religião islâmica, nomeadamente os jihadistas dos quais partiram ataques a várias igrejas cristãs. Tais ataques não têm aspecto social, com motivos de desentendimentos que tivessem levado ao exagero da violência. Os seus motivos parecem ser limitados a ódios obsessivos a religiões e a crentes diferentes dos partilhados pelos autores de tais actos inqualificáveis por se dirigirem a pessoas e monumentos inocentes de crimes ofensivos.

Mas as migrações existem desde tempos muito primitivos, em que pessoas deixavam os seus países à procura de uma vida melhor com melhor retribuição do seu trabalho e com condições de formação para conseguirem, posteriormente, melhores empregos com melhores salários. Outros iam em busca de melhores conhecimentos culturais para desenvolverem os seus dotes artísticos. E assim se foram criando rotas de comunicação entre Estados e continentes e levando para qualquer ponto a evolução gerada em regiões mais beneficiadas. Ainda há pouco tempo vi a divulgação do grande passo em frente dado pela China na sequência do contacto com os navegadores portugueses que criaram a ligação marítima para o Oriente, para onde levaram a evolução tecnológica do Velho Continente, a Europa, de onde partiu todo o saber. A China, que vivia de forma muito primitiva, absorveu facilmente tais novidades e aproveitou esse saber e, depois, arrancou ela própria com a ânsia de mais evolução, ultrapassando nos nossos dias a evolução do Ocidente que, entretanto, parece ter adormecido.

A Europa, há poucos anos, tornou-se o polo de atracção de população desprotegida da África em busca de vida melhor, e muita foi aproveitada como mão-de-obra para suprir a quebra existente devida à diminuição da natalidade. Mas, entretanto, alguma dessa mão-de-obra, em vez de melhorar os seus comportamentos e aprender a viver em moldes mais modernos e civilizados, quis impor os seus hábitos e gerou uma espécie de colonialismo, impositivo no pior sentido. Em vez de melhorarem a sua qualidade de vida, como era esperado, dificultaram a vida de quem os recebeu generosamente.

Depois, veio o terrorismo e o derrotismo, condenando todo o passado dos seus acolhedores. Esse terrorismo está a amedrontar de forma terrível todos os habitantes da França que vivem aterrados depois dos ataques a Notre Dame, à catedral de Nantes e a muitas outras igrejas.

Por isso Macron, Presidente francês, tem pressionado as chefias da União Europeia para serem fechadas as fronteiras a certo tipo de pessoas e estabelecer formas de evitar o terrorismo demolidor de vidas e de património nacional e histórico. Mas os líderes europeus, habituados a não fazer excepções na aplicação da caridade e no respeito pelos direitos, liberdades e garantias, estão com dificuldades em usar de uma Justiça do tipo “quem com ferros mata, com ferros morre”. Mas quem mais tem sofrido esses actos de nojento terrorismo, não concorda com essa inacção contra os inimigos do povo. 

Ter bom coração para os migrantes e refugiados deve exigir deles um comportamento exemplar de respeito pelos acolhedores pelas suas tradições e pelos valores cívicos. Quem vai viver para outra localidade por aí se sentir melhor e mais seguro deve aceitar educadamente tudo o que nesse local é praticado. Se não gostar deve sair e ir escolher aquilo de que gostar. Não tem jeito pedir abrigo e depois não o merecer e, pior ainda, querer impor os seus hábitos aos que estão a viver no local de onde são naturais.

Um ditado muito antigo dizia: Na terra onde fores viver, faz como vires fazer, se não queres aborrecer. ■

 

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sexta-feira, 13 de novembro de 2020

MANTER O CÉREBRO ACTIVO AUMENTA A LONGEVIDADE

Manter o cérebro activo aumenta a longevidade

 (Public em O DIABO nº 2289 e 13-11-2020, pág 16. Por António João Soares) 

Andamos a aprender até morrer, e devemos evitar deixar o cérebro inactivo porque, tal como o exercício físico desenvolve os músculos e as articulações, também a acção da vida psíquica e intelectual prolonga a vida mental em melhores condições, adiando o envelhecimento e a chegada do Alzheimer ou de outras doenças características da idade avançada. Li há dias que, ao contrário daquilo que muitos pensam, as células cerebrais não deixam de se desenvolver e de se reproduzir e chegam muitas vezes a ter um desenvolvimento excepcional quando um idoso se dedica a nova actividade de que gosta e que exerce com entusiasmo e sequência.

À medida que se avança na idade, em vez de se ir para o jardim jogar as cartas com amigos, é preferível exercer uma actividade de que se goste e que tenha utilidade para o próprio e para outras pessoas, familiares, amigos, etc.

Depois de os órgãos da Comunicação Social deixarem de ter utilidade na formação cultural dos seus clientes, concentrando-se apenas em coisas de reduzida importância na difusão do conhecimento da vida social e prática, deixei de perder tempo em frente de um ecrã de TV e procurei outras formas de analisar a vida que me cerca, perto ou longe, pensar nas causas de muitas desgraças que ocorrem pelo mundo, e imaginar possíveis soluções que possam contribuir para mais humanidade, mais respeito entre as pessoas e desenvolvimento de vida harmoniosa para um futuro melhor e mais conforme com os preceitos de religiões conceituadas que se difundiram apelando a uma família global em que todos se respeitam como irmãos.

Quando passei a dispor de tempo e facilidades na internet para me comunicar com mais pessoas, evitei cuspir ódio, como muitos fazem, e pus em prática os objectivos que atrás referi, elogiando atitudes públicas que acho positivas e conducentes a um futuro melhor; quanto a actos menos construtivos para uma sociedade melhor, ou dou sugestões, se me sinto em condições de o fazer, ou procuro alertar para melhorar estratégias, esboçando perguntas acerca do tema que possam servir de estímulo para revisão de procedimentos.

Vivia na dúvida se os meus escritos teriam algum interesse para alguém e obteriam algum efeito na sociedade em que vivo. Um amigo desde jovens, que é bom poeta mas muito pessimista, acusa-me de ser um sonhador com miragens irreais. Essa dúvida tem-me tentado a pensar em desistir de publicar os meus pensamentos. Pois se ninguém me lê, para que hei-de ocupar espaço em jornal e na comunicação digital? Mas agora surgiu um raio de luz vindo do ilustre Professor sociólogo Augusto Ramos, acerca de uns artigos meus sobre a ONU. Gostei de que ele tivesse lido o que escrevi, porque andava receoso de que a minha pouca diversidade de temas se tornasse monótona e de pouco interesse. Mas foi uma injecção estimulante a forma como se me referiu e o processo, como é seu apanágio, muito bem escrito e argumentado, veio dar ao tema um âmbito muito mais elevado, com análises e argumentos profundos e enriquecedores, muito além daquilo que eu tinha esboçado. Mas fê-lo de forma simpática, dando-me o prazer de eu me sentir ligado à ideia do seu belo trabalho, publicado em O DIABO nº 2287 de 30 de Outubro. Estou muito agradecido a este ilustre Senhor.

Voltando ao tema de hoje, fica o conselho para os reformados: a longevidade e a saúde mental e também física e geral depende do exercício mental, ao lado do exercício físico, sem perder muito tempo a falar do que já passou e sem teimar em preparar um futuro que é incerto, mas em aproveitar da melhor forma as oportunidades do presente, para se sentir feliz, transmitindo aos amigos felicidade e bons conselhos, com o saber da experiência e da diária aplicação à análise da realidade, muitas vezes oculta pelo nevoeiro. ■


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quinta-feira, 5 de novembro de 2020

FALTA DE CIVISMO E DE COMPETÊNCIA DE GOVERNANTES

(Public em O DIABO nº 2288 de 06-11-2020, pág.16. Por António João Soares)

Há escritores, com aspecto de serem pessoas de cultura e mentalidade evoluída, que colocam, com credibilidade, a hipótese de a espécie humana estar próxima da sua extinção, talvez acelerada pelas alterações a que estamos a assistir por parte da Natureza nas alterações climáticas e em pandemias que destroem a resistência psíquica das pessoas perante os fluxos que a medicina não consegue controlar.

Essa incapacidade psíquica não provém de interferência da Natureza, mas sim do próprio ser humano que, por deficiente educação, vive viciado na ambição do dinheiro e esmagado pela vaidade e orgulho, levando a humanidade a uma violência sem limites, desde o pequeno ataque de malfeitores até ao uso de armas fortemente letais. Ainda há pouco, vi a notícia de que o presidente da Turquia “avisa os EUA que não sabem com quem se estão a meter”. Imagine-se a gravidade disto perante a desproporcionalidade do poder de cada interveniente e dos apoios que lhe podem ser dados por outros poderosos, num mundo em que a maldade, a raiva e o ódio, quando disparados, ficam incontroláveis.

Apesar da real pouca eficiência da ONU para manter a paz mundial, o seu Secretário- -Geral, o nosso conterrâneo António Guterres, esforça-se por repetir apelos para vários pontos do Globo, a fim de serem evitadas guerras através de cessar-fogo, diálogo, acordos, etc. No dia 23, após cinco dias de negociações em Genebra sob a égide da ONU, foi assinado um cessar-fogo permanente entre as partes em conflito na Líbia. Vários casos semelhantes têm ocorrido pelo mundo. Mas muitos têm rompido passado pouco tempo, às vezes por pressão de “amigos” de uma das partes na mira de vantagens na exploração de petróleo e outros produtos naturais. Porém, é positivo o apoio desinteressado de vários países, movido apenas pelo bom senso e a generosidade solidária destinada a recuperar a paz e tornar o mundo mais harmonioso e civilizado.

Os próprios EUA, actualmente, ainda usam a sua prepotente potencialidade, em vez de negociação para a procura de soluções negociadas, abusam da deslocação de militares para pequenos países amigos, raramente obtendo a solução desejada para obter a paz, como se viu na Somália de onde retiraram sem obtenção do desejado resultado. Praticamente o mesmo sucedeu no Vietname, no Iraque, e está a prestes a ocorrer no Afeganistão e no Paquistão. Na Coreia do Norte, do encontro entre os dois presidentes não houve propriamente êxito nas conversações, mas sim o resultado do mais poderoso, que levou o mais fraco a encolher-se. A tensão surgida entre o Irão e os EUA não foi solucionada e foram os Estados Unidos que, perante outros parceiros do acordo nuclear de 2015, deixaram de cumprir as suas promessas. Trump mostra ameaças, mas não é apoiado pelos seus aliados. O Irão mostra-se forte e agressivo e os parceiros aconselham calma aos americanos. A tensão está difícil de ser normalizada, até porque os membros da NATO desejam que os EUA encontrem uma solução apaziguadora que silencie a tentação da violência.

Tudo isto porque não há um sistema de autoridade internacional que impeça conflitos em que são destruídas vidas e haveres, em vez de eles serem resolvidos pacificamente logo ao primeiro sinal anunciador. As energias assim desbaratadas deviam ser orientadas para acções sociais que contribuíssem para a população viver mais feliz e criadora de maior riqueza, cultura e diversão. Mas para isso os povos deviam ser governados por pessoas bem preparadas e possuidoras de elevado grau de civismo, respeito pelas pessoas e preocupadas em criar um ambiente de harmonia e bem-estar social, sem pobres desamparados nem ricos ambiciosos e loucamente arrogantes.

São desejáveis governantes bem preparados, dedicados ao seu país, sensíveis e respeitadores das pessoas, na generalidade. ■


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