(Public em O DIABO nº 2288 de 06-11-2020, pág.16. Por António João Soares)
Há escritores, com aspecto de serem pessoas de cultura e mentalidade evoluída, que colocam, com credibilidade, a hipótese de a espécie humana estar próxima da sua extinção, talvez acelerada pelas alterações a que estamos a assistir por parte da Natureza nas alterações climáticas e em pandemias que destroem a resistência psíquica das pessoas perante os fluxos que a medicina não consegue controlar.
Essa incapacidade psíquica não
provém de interferência da Natureza, mas sim do próprio ser humano que, por
deficiente educação, vive viciado na ambição do dinheiro e esmagado pela vaidade
e orgulho, levando a humanidade a uma violência sem limites, desde o pequeno
ataque de malfeitores até ao uso de armas fortemente letais. Ainda há pouco, vi
a notícia de que o presidente da Turquia “avisa os EUA que não sabem com quem
se estão a meter”. Imagine-se a gravidade disto perante a desproporcionalidade
do poder de cada interveniente e dos apoios que lhe podem ser dados por outros
poderosos, num mundo em que a maldade, a raiva e o ódio, quando disparados,
ficam incontroláveis.
Apesar da real pouca
eficiência da ONU para manter a paz mundial, o seu Secretário- -Geral, o nosso
conterrâneo António Guterres, esforça-se por repetir apelos para vários pontos
do Globo, a fim de serem evitadas guerras através de cessar-fogo, diálogo,
acordos, etc. No dia 23, após cinco dias de negociações em Genebra sob a égide
da ONU, foi assinado um cessar-fogo permanente entre as partes em conflito na
Líbia. Vários casos semelhantes têm ocorrido pelo mundo. Mas muitos têm rompido
passado pouco tempo, às vezes por pressão de “amigos” de uma das partes na mira
de vantagens na exploração de petróleo e outros produtos naturais. Porém, é
positivo o apoio desinteressado de vários países, movido apenas pelo bom senso
e a generosidade solidária destinada a recuperar a paz e tornar o mundo mais
harmonioso e civilizado.
Os próprios EUA, actualmente,
ainda usam a sua prepotente potencialidade, em vez de negociação para a procura
de soluções negociadas, abusam da deslocação de militares para pequenos países
amigos, raramente obtendo a solução desejada para obter a paz, como se viu na
Somália de onde retiraram sem obtenção do desejado resultado. Praticamente o
mesmo sucedeu no Vietname, no Iraque, e está a prestes a ocorrer no Afeganistão
e no Paquistão. Na Coreia do Norte, do encontro entre os dois presidentes não
houve propriamente êxito nas conversações, mas sim o resultado do mais
poderoso, que levou o mais fraco a encolher-se. A tensão surgida entre o Irão e
os EUA não foi solucionada e foram os Estados Unidos que, perante outros
parceiros do acordo nuclear de 2015, deixaram de cumprir as suas promessas.
Trump mostra ameaças, mas não é apoiado pelos seus aliados. O Irão mostra-se
forte e agressivo e os parceiros aconselham calma aos americanos. A tensão está
difícil de ser normalizada, até porque os membros da NATO desejam que os EUA
encontrem uma solução apaziguadora que silencie a tentação da violência.
Tudo isto porque não há um
sistema de autoridade internacional que impeça conflitos em que são destruídas
vidas e haveres, em vez de eles serem resolvidos pacificamente logo ao primeiro
sinal anunciador. As energias assim desbaratadas deviam ser orientadas para
acções sociais que contribuíssem para a população viver mais feliz e criadora
de maior riqueza, cultura e diversão. Mas para isso os povos deviam ser
governados por pessoas bem preparadas e possuidoras de elevado grau de civismo,
respeito pelas pessoas e preocupadas em criar um ambiente de harmonia e bem-estar
social, sem pobres desamparados nem ricos ambiciosos e loucamente arrogantes.
São desejáveis governantes bem
preparados, dedicados ao seu país, sensíveis e respeitadores das pessoas, na
generalidade. ■
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