(Public
em O DIABO nº 2294 de 18-12-2020, pág, 16,
por António João Soares)
Está instalado na nossa
sociedade, dita democrática, um caos político que impede a livre expressão de
ideias consideradas pelo “poder” não “politicamente correctas” e constrange a
argumentação que serviria para informar e respeitar os cidadãos e suscitar a
sua colaboração activa para um futuro melhor do Pais e da qualidade de vida das
pessoas, permitindo a explicação da opinião de quem pense diferentemente dos
“sábios”. As eleições nos Açores foram um autêntico terramoto, para a elite
dependente do Governo Nacional, criando um pânico, claramente demonstrado pelas
reacções das hostes do partido todo poderoso.
A historiadora M. Fátima
Bonifácio, no Jornal Público, deixa uma reflexão muito isenta e profunda do
fenómeno. Merece ser lida, interpretada e dela aproveitadas as lições
aplicáveis à governação evolutiva para um futuro melhor.
A população mais sacrificada
no actual regime é a da direita civilizada, assim apelidada pela cobardia
envergonhada de se assumir, e que vive confinada à sua toca e não só não reage,
como se recusa a pensar e falar nos mais graves problemas que afectam todos os
cidadãos, limitando-se às drogas anestesiantes do futebol, das telenovelas e de
outras ninharias da televisão. Em vez da participação como cidadãos livres e
com opinião, como a Constituição permite, o povo vive como simples gato de
estimação, “comedido, dirigível e aprazível”.
Mas há quem receie que um dia
desperte e use de brutalidade que torne impossível uma mudança serena para uma
evolução benéfica para o país com melhor qualidade de vida para as gerações mais
jovens e vindouras. A mudança deverá ser racional com valores éticos, enfim com
moralidade, justiça social e leis respeitadas por todos sem excepções. Há quem
tenha esperança de que o caso açoriano possa ter sido o primeiro passo de uma
nova etapa do melhor futuro desejado com “democracia” bem interpretada.
Respeitando o povo, defendendo-o e apoiando-o com justiça social
permanentemente orientada para os seus interesses colectivos, os interesses
nacionais.
É preciso transparência que
permita às pessoas colaborar com conhecimento de causa para o Bem de Portugal,
com motivos racionais de confiança e respeito pelos seus eleitos. Para isso, os
adormecidos e apáticos devem despertar e defender-se dos caprichosos e
ambiciosos “donos do poder” e saber ocupar e utilizar positivamente o espaço
que ainda não é efectivamente usurpado pelos que “querem, podem e mandam”,
desrespeitando as leis feitas por eles próprios, que são apenas para o povo e
eles ficam à sombra das excepções e nos alçapões que lhes introduzem. A lei
deve ser geral e obrigatória para todos. Por exemplo, não deve haver uma lei
para as reformas da generalidade dos funcionários públicos e outra totalmente
diferente para os que passaram pela política. Os eleitos para defender o povo
não devem trair este, com tal descaramento e falta de vergonha.
Para a mudança não ser
violenta e com custos difíceis de recuperar, convém que seja praticada de forma
generosa, progressiva, racional e com abertura, cumprindo as liberdades
previstas na Constituição, com respeito por todos os cidadãos e acabando com
regalias não democráticas, com gastos excessivos, com a corrupção, com o
exagerado número de gente em funções fictícias e de cuja acção nada resulta
realmente para bem dos portugueses. Mais do que de promessas e outras palavras
enganadoras, a governação deve assentar em transparência e em resultados reais
obtidos.
A revolução pode seguir a
ideia de Edmund Burke com uma espécie de conservadorismo que não seja
retrógrado nem pretenda inverter a marcha do tempo. Segundo este autor, a visão
conservadora da sociedade assenta na modernização sucessiva de sectores que
realmente precisem de ser reformados, até tudo ficar diferente e moderno sem
ter havido atritos. ■
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