sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

AGIR POR PORTUGAL E NÃO CONTRA PARTIDO RIVAL

(Public em DIABO nº 2302 de 12-02.2021, pág 16. Por António João Soares)

 Nas guerrilhas interpartidárias, desperdiça-se muita energia e tempo a dizer mal dos rivais, quando seria mais sensato e produtivo apresentar e defender argumentação em defesa dos próprios planos e dos resultados desejados para bem de Portugal, e deixar ao povo, aos eleitores, apreciar qual é a solução que preferem e que é mais merecedora do seu voto.

 Não se obtém vantagem em dizer mal do outro mas, sim, em explicar os benefícios que virão para o povo e o País da concretização do próprio plano. A esperança num Portugal daqui a 10 ou 20 anos depende e será mais atraente através de uma descrição empenhada, explicada pelos autores de um plano do que através de ataques verbais e verrinosos aos militantes de partidos rivais. Saibamos olhar para os problemas nacionais e raciocinar pela sua resolução e esboço de inovações para procurar a melhoria da qualidade de vida da população.

As rivalidades entre esquerdas e direitas, desde as presidenciais, padecem desse defeito de perder tempo, energias e oportunidades em vez fazer algo de útil e construtivo. Seria muito mais útil apresentar aos eleitores alternativas adequadas aos resultados desejados pelos cidadãos bem pensantes e independentes de qualquer sector partidário.

Qualquer dos novos partidos recentemente aparecidos vieram com propósitos de ficar por muito tempo. Podem ter ideologias aceitáveis e do gosto de velhos cidadãos mas a que falte o pormenor, o dom de atrair os menos informados e mais realmente interessados na solução prática das dificuldades que sentem na vida diária. Além destas explicações, para os simples eleitores, são indispensáveis, especialistas do aparelho político, com saber e experiência para se imporem ao povo como agentes divulgadores dos valores a defender na prática.

Cada partido pode dar as tonalidades que lhe aprouver, mas os objectivos estratégicos devem ser muito semelhantes quanto a respeito pela história e tradições, de forma a facilitar a escolha pelo eleitor. A volumosa abstenção sugere que a maioria silenciosa e moderada, tal como os dotados de informação mas descrentes das capacidades objectivas e inovadoras, sejam estimulados a decidir-se, perante os claros argumentos que são apresentados como determinantes para o futuro do País e, apenas secundariamente para o aumento de poder e de imagem do partido em causa. Há quem vote num plano que considera bom para o país, mas sem pensar no benefício que o partido dele possa retirar.

Nesta data, tais objectivos estratégicos podem ser focados em reduzir o número de deputados em proporção com o número de eleitores; reduzir a quantidade de governantes, ficando apenas os necessários às funções a desempenhar; reduzir a quantidade de instituições públicas ao absolutamente necessário e nomear os seus dirigentes por concurso público, por forma a terem competência e experiência no sector; defender que um partido, um governo e o país são realidades separadas que não devem ser confundidas, para não destruir o governo ou a democracia, pois tal confusão conduz à degradação das instituições do Estado; tornar a Justiça mais rápida e independente de forma a merecer mais confiança dos cidadãos; o Ensino deve ser livre de pressões levianas e ter ética para formar futuros adultos responsáveis; a estrutura da Saúde deve ser preparada para fazer face a ameaças inesperadas e para dar apoio permanente aos cidadãos que dela necessitem, usando um SNS eficiente e activo; as Forças de Segurança devem estar preparadas e dispor de meios para manter a autoridade e a ordem em quaisquer circunstâncias, perante cidadãos, residentes e estrangeiros; as Forças Armadas, com a sua dedicação à Pátria pela defesa da qual estão preparadas para arriscar a própria vida, devem ser respeitadas e prestigiadas com veneração sistemática. E há vários outros sectores que precisam de ser aprimorados para bem dos cidadãos. ■


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