(Public em DIABO nº 2302 de 12-02.2021, pág 16. Por António João Soares)
Não se obtém vantagem em dizer mal do outro
mas, sim, em explicar os benefícios que virão para o povo e o País da
concretização do próprio plano. A esperança num Portugal daqui a 10 ou 20 anos
depende e será mais atraente através de uma descrição empenhada, explicada
pelos autores de um plano do que através de ataques verbais e verrinosos aos
militantes de partidos rivais. Saibamos olhar para os problemas nacionais e
raciocinar pela sua resolução e esboço de inovações para procurar a melhoria da
qualidade de vida da população.
As
rivalidades entre esquerdas e direitas, desde as presidenciais, padecem desse
defeito de perder tempo, energias e oportunidades em vez fazer algo de útil e
construtivo. Seria muito mais útil apresentar aos eleitores alternativas
adequadas aos resultados desejados pelos cidadãos bem pensantes e independentes
de qualquer sector partidário.
Qualquer
dos novos partidos recentemente aparecidos vieram com propósitos de ficar por
muito tempo. Podem ter ideologias aceitáveis e do gosto de velhos cidadãos mas
a que falte o pormenor, o dom de atrair os menos informados e mais realmente
interessados na solução prática das dificuldades que sentem na vida diária.
Além destas explicações, para os simples eleitores, são indispensáveis,
especialistas do aparelho político, com saber e experiência para se imporem ao
povo como agentes divulgadores dos valores a defender na prática.
Cada
partido pode dar as tonalidades que lhe aprouver, mas os objectivos
estratégicos devem ser muito semelhantes quanto a respeito pela história e
tradições, de forma a facilitar a escolha pelo eleitor. A volumosa abstenção
sugere que a maioria silenciosa e moderada, tal como os dotados de informação
mas descrentes das capacidades objectivas e inovadoras, sejam estimulados a
decidir-se, perante os claros argumentos que são apresentados como
determinantes para o futuro do País e, apenas secundariamente para o aumento de
poder e de imagem do partido em causa. Há quem vote num plano que considera bom
para o país, mas sem pensar no benefício que o partido dele possa retirar.
Nesta
data, tais objectivos estratégicos podem ser focados em reduzir o número de
deputados em proporção com o número de eleitores; reduzir a quantidade de
governantes, ficando apenas os necessários às funções a desempenhar; reduzir a
quantidade de instituições públicas ao absolutamente necessário e nomear os
seus dirigentes por concurso público, por forma a terem competência e
experiência no sector; defender que um partido, um governo e o país são
realidades separadas que não devem ser confundidas, para não destruir o governo
ou a democracia, pois tal confusão conduz à degradação das instituições do
Estado; tornar a Justiça mais rápida e independente de forma a merecer mais
confiança dos cidadãos; o Ensino deve ser livre de pressões levianas e ter
ética para formar futuros adultos responsáveis; a estrutura da Saúde deve ser
preparada para fazer face a ameaças inesperadas e para dar apoio permanente aos
cidadãos que dela necessitem, usando um SNS eficiente e activo; as Forças de
Segurança devem estar preparadas e dispor de meios para manter a autoridade e a
ordem em quaisquer circunstâncias, perante cidadãos, residentes e estrangeiros;
as Forças Armadas, com a sua dedicação à Pátria pela defesa da qual estão
preparadas para arriscar a própria vida, devem ser respeitadas e prestigiadas
com veneração sistemática. E há vários outros sectores que precisam de ser
aprimorados para bem dos cidadãos. ■
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