sexta-feira, 12 de novembro de 2021

FALTA DINHEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO?

(Public em DIABO nº 2341 de 12-11-2021 pág 16, por António João Soares) 

O dinheiro não é infinito. Na minha juventude foi-me ensinado não gastar além das possibilidades e analisar cuidadosamente se as compras são realmente necessárias. 

Agora é diferente porque, há cerca de quatro décadas, apareceu um modelo de sociedade inovador liberalizando os mercados financeiros, levando bolsas, bancos, sociedades financeiras de investimento, etc., a apoiar investimentos não materializados em produtos concretos, mas apenas em papeis, que se volatilizam sem deixar rastos. 

Contabilisticamente, foram amontoadas fortunas que, em certos casos, com o tempo desapareceram. Alguns bancos, bem como grandes empresas, acabaram por falir. Eram negócios do estilo Dona Branca e do euromilhões. 

Entre nós, os jovens inexperientes que enquadraram os nossos governos mais recentes, foram arrastados inocentemente para esse sonho com a ideia de gastar sem pensar no resultado e, além do aumento crescente da dívida pública, geraram o empobrecimento da sociedade, porque o dinheiro, não sendo infinito, tinha de vir dos bolsos dos contribuintes e da debilidade da economia, por falta de capacidade de investimento em recursos materializados. 

A ilusão do poder dos «papéis» e a basófia dos «poderosos capitalistas» que, impunemente, com a corrupção e o enriquecimento ilícito, criou e passou a usufruir de um poder excessivo, altamente lesivo da economia dos respectivos países. 

 E isto tornou-se dramático por culpa do poder político, que se demitiu de supervisar os sistemas económicos e financeiros, sem pensar que poderia vir a ser julgado pelos resultados da sua falta de acção contra actividades ilícitas. 

No artigo anterior transcrevi um conjunto de actividades que têm dado despesas excessivas sem justificação aceitável, contra a logica do patriotismo, isto é, sem ser dada prioridade ao interesse nacional e pecando pelo egoísmo de sugadores dominados pela ambição do enriquecimento por qualquer forma, sem pensar na ética e na moralidade, e conduzem ao aumento do empobrecimento de milhões de pessoas e à dificuldade no desenvolvimento da economia nacional. 

O Poder Político, desde meados da década de 1990, dado o dinheiro fácil assim angariado pela banca, e os baixos juros praticados, passou a pedir empréstimos ao sistema, de forma pouco prudente e consciente, para tudo e para nada (rotundas, fontanários, pavilhões gimnodesportivos, auto-estradas, etc.) sem cuidar do futuro. Isto sem fazer o que deveria ter feito no sentido de fomentar a economia real, em apoio às empresas, a novas empresas, à indústria, às pescas, à agricultura. Mas era dada prioridade à conquista dos votos das populações que queria conquistar. 

E chegámos aonde chegámos, não só em Portugal, como na maioria dos países ocidentais. Agora é preciso sair desta situação. Temos que actuar para corrigir os erros cometidos e não corrigidos até agora! 

Aplica-se, a este assunto um pensamento de desconhecido natural de país asiático «Quando a última árvore for cortada, o último rio envenenado e o último peixe pescado, então o homem perceberá que o dinheiro não se come. Há que pensar no futuro e mudar o nosso estilo de vida». 

No artigo da semana anterior, a última das muitas sugestões para equilibrar a grave situação da dívida pública, era «terminar com a subvenção vitalícia» que agora recordo por a considerar inserida nas reflexões que aqui venho apresentando. Realmente, algumas das subvenções atingem elevados valores. Uma ultrapassa de longe a dezena de milhar de euros e, sem correspondente benefício mensal para a economia nacional. E como o dinheiro não nasce, acaba por debilitar sectores da economia nacional que dele carecem para bem do nível da qualidade de vida de milhões de pessoas carentes, através do desenvolvimento da agricultura, da pesca, da indústria, da exportação e consequentemente do emprego.

 


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