sexta-feira, 23 de junho de 2023

PORTUGAL NÃO DEVE PENSAR VIVER DO TURISMO

(Public em DIABO nº 2425 de 23-06-2023. pág 16, por António João Soares)


Há dias vi uma notícia que afirma que a nossa vida nacional está dependente da boa evolução do turismo. Mas a realidade mostra que, se a nossa política assentar nesta esperança de futuro, isso representa uma pobreza irremediável, pelo desprezo do desenvolvimento da nossa indústria e da nossa agricultura e, consequentemente, da redução das exportações. O turismo não dá força aos países onde se dirige e não resulta do desenvolvimento das suas populações, sendo apenas uma confirmação de que esses locais foram, em tempos idos, objecto de grande desenvolvimento com grandes construções e criação de belas obras de arte.

Para haver desenvolvimento e se criar valor nacional e boa qualidade de vida é preciso inovar na indústria e na agricultura, criando riqueza nacional. Mas para a economia evoluir é preciso uma acção bem planeada com bases de sustentação e continuidade.

Uma ideia muito repetida, por Henrique Neto que foi candidato a PR, ao lado do Marcelo, e foi pena não ter ganho, mas os seus escritos têm cada vez maior interesse e, sobre este assunto, tem insistido nas anteriores decisões erradas na ferrovia com a teimosia de ser mantida a bitola ibérica para evitar a concorrência internacional e de que tem resultado a manutenção do País numa ilha ferroviária, sujeita a Espanha, que impede a boa circulação de mercadorias importadas e exportadas e estando a dificultar o desenvolvimento da nossa indústria, por não facilitar a instalação de empresas modernas, por empresários internacionais.

Com esta ferrovia a maior parte das nossas exportações, para não ser transferida de comboio que muda várias vezes durante o percurso, faz-se em camiões que ficam mais custosos e demorados do que se fossem em veículos transportados em carruagens de comboio, da rede europeia, e descessem na estação mais próxima para irem descarregar no ponto desejado pelo cliente

Mas soluções como esta só lembram a homens experientes nas realidades da vida dos negócios e só se os com essa ilusão até porque o turismo está sujeito a males inesperados que surgem na sequência de qualquer notícia desagradável para as respectivas empresas que, de repente, alteram os seus destinos habituais e mudam para outras áreas geográficas.

O mundo está em mudança permanente e a evolução precisa de uma séria preparação e inovação e os criadores das inovações industriais não deixam de aproveitar ideias criativas e estão prontos em as aplicar em qualquer ponto onde sejam rentáveis. Devemos encorajar os nossos jovens a aproveitar qualquer oportunidade que lhes surja para criar algo de novo e, perante uma inovação que mostre valor muito positivo deve ser logo impulsionada para que a actividade industrial dê um forte passo em frente.     

O avanço de um país não surge por acaso e é conveniente que os nossos jovens sintam a vantagem da inovação positiva e que estejam atentos á espera de encontrar o alvo para as suas descobertas. No entanto, nem tudo tem de ser inteiramente novo, pois, muitas vezes, grandes êxitos surgem em melhorias significativas de processos já com alguma maturidade e que os transformam em inovações muito apreciadas.

Convençamos os nossos industriais a estimular o seu pessoal com vista à inovação e a vencer, ultrapassando o actual êxito relativo do turismo.

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