sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

A FUNÇÃO DA RELIGIÃO NA HARMONIA SOCIAL

(Public em DIABO nº 2404 de 27-01-2023. pág 16, por António João Soares)

Vi uma notícia intitulada «Peru apela a líderes religiosos para promoverem o diálogo e paz social». É curioso que isto veio recordar-me cinco artigos publicados no semanário O Diabo, em que defendia uma maior intervenção da religião neste aspecto, devendo começar a intervir mais no desempenho da sua actividade social e não se limitar à recitação do terço e outras devoções, quando isso não coincide com o conhecimento prático dos textos que são recitados maquinalmente.

Um dia perguntei a um militar que se gabava de ter sido seminarista e mais tarde se licenciou em direito, quais os principais ensinamentos contidos na segunda parte da oração «Pai Nosso». Ficou espantado pela pergunta e, entretanto, aproximou-se o capelão do Centro de Apoio Social a quem fiz a mesma pergunta e que reagiu com igual espanto e tive que lhe dar a minha opinião.

O Pai não nos vem dar nada de material mas, segundo os textos bíblicos, ensina-nos a um comportamento correcto e, na segunda parte da oração, vêm pedidos que devem ser interpretados como comportamentos que devemos ter. «O pão nosso de cada dia» não deve ser pedido, mas é um conselho para evitarmos a ambição e não pensarmos em ser milionários, mas apenas ter o necessário para vivermos. A seguir, surge outra lição de comportamento, segundo a qual, devemos pretender que nos sejam perdoadas «as nossas ofensas como nós perdoamos a quem nos tem ofendido». Isto é, devemos respeitar os outros para sermos respeitados por eles a fim de podermos viver em harmonia e paz. Devemos evitar «deixar-nos cair em tentação», do álcool, da droga, da ambição, da corrupção, etc. E devemos «livrar-nos do mal», dos crimes e outras infracções pequenas ou grandes. O nosso futuro não será proveniente de milagres, mas apenas consequência do nosso comportamento. Nisto recordo-me de ter visto no livro «Conversas com Deus» que foi traduzido pela Editora Diário de Notícias, em que à pergunta do jornalista se faz milagres, foi respondido que «não faço porque isso seria uma transgressão às leis rigorosas com que construí a Natureza».

Na realidade, tudo o que se pode ler nos escritos religiosos, desde os mais antigos aos actuais, são lições de comportamento que o povo não interpreta devidamente e considero que a sua explicação deve ser função dos líderes religiosos, principalmente os que mais contactos próximos têm com os crentes. Esperar por milagres com efeitos materiais acaba por ser pura ilusão. O que realmente convém é a mentalização sobre a realidade de cada momento por forma a concluirmos qual o procedimento mais adequado para obtermos o resultado desejado.  Por isso, o papaguear orações sem compreendermos o seu texto, não tem utilidade prática se não interiorizarmos o seu conteúdo e compreendermos a sua lição de comportamento. Os mestres religiosos devem pensar nestes pormenores e procurar mentalizar os seus fiéis sobre os textos que lhes referem, porque é uma verdade vulgar que a maior parte das pessoas, não possuem só, por si, capacidade para interpretarem o que aprenderam a recitar. E por isso, o seu entendimento comportamental não se aperfeiçoa e estagna num nível incapaz de melhorar a sua vida e a da sociedade.                      

Será bom que os dinamizadores de pequenas cerimónias religiosas, em que participam pessoas pouco letradas, as esclareçam do significado dos textos, a fim de aumentar a sua cultura e o conhecimento daquilo que foi dito ou lido. Tudo o que está escrito tem um significado e uma finalidade que, por vezes, escapa aos menos atentos e torna-se indispensável ensinar com a clareza conveniente. E um crente bem esclarecido sentirá mais forte a sua fé.


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sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

SITUAÇÃO ACTUAL E PERSPECTIVAS DE FUTURO

(Public em DIABO nº 2403 de 20-01-2023. pág 16, por António João Soares)

A situação actual do nosso país tem sido descrita em termos muito pessimistas, por vezes, pouco agradáveis para os responsáveis do Governo e da própria Presidência da República, o que suscita que os portugueses devem despertar da sua indiferença perante as realidades da política e decidirem abandonar o abstencionismo eleitoral e cumprir o seu dever de participar, segundo as suas possibilidades, na reconstrução nacional, votando da forma que se lhes apresente mais patriótica. Mas a decisão do voto deve ser bem preparada sem se deixar levar por promessas fantasiosas que, depois, nunca serão realizadas. Ora, dada a posição pouco correcta da comunicação social, de jornais, televisões etc, condicionada por pressões ou favores do partido detentor do poder, a preparação do voto exige extremo cuidado, e o voto consciente obriga a muita atenção para não se cair no perigo de se continuar a inacção e a degradação social que actualmente parece encaminhada para um suicídio colectivo de um país que, há cinco séculos, era poderoso e respeitado pelo mundo.

Recordo a ideia que inseri num artigo que publiquei há seis anos, um partido que passou pelas funções do poder e se vê na oposição, deve encarar o facto da maneira mais positiva e tirar dele os melhores benefícios, para o País e para o futuro do partido. A situação de não ser responsável por tomar decisões que imponham deveres e sacrifícios aos cidadãos, permite liberdade de análise, com capacidade de isenção, dos problemas fundamentais do País, e sugerir estratégias adequadas à melhoria da qualidade de vida das populações e ao crescimento da economia nacional, em benefício de todos.

Para que a recuperação de valores perdidos seja possível, convém  dar aos eleitores a noção de que existe estratégia bem estudada, e programada que contribuirá para uma vida melhor nos dias que virão, em benefício de todos os cidadãos, eliminando a pobreza, a injustiça social e a impunidade dos protegidos pelo Poder.

Mas as coisas nem sempre são assim compreendidas e, em vez de em cada momento se pensar em engrandecer o país e criticar o Governo de forma positiva e construtiva, numa preocupação de competência, para atingir as melhores metas, cai-se na crítica destrutiva, em que sobressai a intenção da «luta pelo poder» de forma abjecta, à espera de que tudo seja demolido para reiniciar do nada a construção de algo que não se sabe bem o que será e que, por falta de preparação cuidada e amadurecida, o futuro continuará e muito problemático.

Convém que todos os cidadãos mais esclarecidos com vista a um futuro melhor, isolados ou inseridos em organizações idóneas, dêm o melhor de si, dos seus conhecimentos, das suas capacidades, por forma a que dos altos cargos saiam medidas bem adequadas aos principais objectivos. Nisso, os partidos têm especial responsabilidade e devem contribuir para que o futuro seja preparado da melhor forma para os portugueses, principalmente, os que têm sido mais sacrificados pela crise que continua.

E não sendo bom pensar o futuro como cópia do passado, não se pode esboçar a vida de amanhã por inspiração de momento, pois tem que ser fruto de boa meditação, com a ajuda de largo espectro dos cidadãos. Não se deve dar oportunidade de que um observador refira que há incompetência, incapacidade política e técnica e inexistência de um qualquer projecto de sociedade».

Para revitalizar este país, actualmente, deprimente e pobre, colocando-o na rota do crescimento económico e da felicidade, e transformando-o eficazmente num país com futuro, é necessário que o Governo selecione para a sua equipa quem melhor tiver dado provas de inteligência, saber e capacidade de decisão para aplicar as soluções mais indiscutíveis.

 


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sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

OS FACTOS DESAGRADÁVEIS PODEM SER EVITADOS

(Public em DIABO nº 2402 de 13-01-2023. pág 16, por António João Soares)

Nestes tempos festivos que envolvem Natal e Ano Novo houve uma quantidade exagerada de acidentes rodoviários. Porquê, certamente por erros de condução talvez devidos a pressa na chegada, ou pessoas que não estavam habituadas a conduzir a grandes distâncias, ou por a conversa com os companheiros de viagem distraía o motorista, ou por excesso de álcool. Tudo causas que deviam ser acauteladas para evitar tais resultados. Não há milagres e nada acontece por acaso. O mal resulta de erros do nosso comportamento.

Num livro intitulado «Conversas com Deus», o autor perguntou se Ele fazia milagres e a resposta foi negativa porque, se fizesse um milagre, ia contrariar uma lei da Natureza que Ele criara e, portanto, entrar em contradição com a perfeição da sua obra. As coisas, mesmo a saúde das pessoas, resultam das acções dos seres humanos, pelo que estes devem cuidar racionalmente o seu comportamento para não colherem resultados que não desejam.

O meu neto mais crescido, nascido na América, desde miúdo sempre teve gosto por aviões e tudo que a eles se refere. Mesmo ainda como estudante conseguia, nas horas não escolares, trabalhar como acompanhante de visitantes num museu de aviões e material aéreo. Ainda não tinha idade para receber, mas o pai dava-lhe, mensalmente, uma gratificação. Paralelamente foi bom aluno nos estudos e logo que teve idade para isso, obteve brevê de piloto que, após a sua formação universitária e muitas distrações a pilotar, e diversos empregos, hoje a sua principal ocupação está ligada aos meios aéreos. No seu Facebook, para desejar Bom Ano usou o título «taking off for 2023». Realmente, o Ano Novo pode comparar-se a uma aeronave que descolou. Se o avião faz um voo perfeito depende da competência do piloto, da mesma forma, para o 2023 ter uma realidade que torne as pessoas felizes e cheguem ao fim de Dezembro satisfeitas com a forma como decorreram todos os dias do ano, é absolutamente necessário que se comportem da melhor maneira em cada momento.

Não devemos esperar milagres mas sim o resultado da forma como nos comportamos. Todos devemos desejar que o ano 2023 seja melhor do que os anos anteriores. A mudança vem de nós. Não do Ano Novo. Depende de nós a obtenção de um mundo melhor. Cada um de vós e os seus amigos devem unir-se para tornar o 2023 melhor do que foram os anos mais recentes. Espera-se que se consiga um bom resultado, para passarmos a viver em respeito pelos outros, amizade, paz, harmonia e cooperação. Só assim se terá um bom fim de viagem, uma boa aterragem.

Mas, infelizmente, as pessoas agem com egoísmo, ambição, ganância, ódio e violência, desprezando os pormenores preventivos que as livrariam de desgraças. Há pouco tempo um ex-director de um banco português, possuidor de muitos milhões de euros obtidos de forma irregular e criminosa, para evitar a justiça refugiou-se na África do Sul e como estava para ser repatriado pelas autoridades locais, acabou por se suicidar. Qual a vantagem do esforço a que foi levado pela ambição?

No entanto, começam a ver-se alguns sinais de governantes mundiais que se esforçam por evitar que nos seus países se pratique a corrupção e as despesas públicas além dos valores necessários e convenientes, a fim de desenvolver o nível médio de vida e a melhoria da situação de pobreza e de desemprego, a cujas condições de vida estão a prestar mais atenção e a procurar soluções para evitar situações desumanas e anti-sociais.

Também há quem evite o uso de armas proibidas e acções agressivas. Por exemplo, o Presidente egípcio está a tentar retomar negociações para o bom relacionamento entre Israel e a Palestina. A Colômbia anuncia o cessar-fogo com guerrilheiros ELN e grupos para-militares, o qua estava e tirar muitas vidas e a destruir património nacional. Taiwan, apesar do mau relacionamento com a China oferece ajuda a esta para responder à vaga de Covid-19 que a está a preocupar muito. 


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sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

INTELECTUALIZAÇÃO DE FÁTIMA

(Public em DIABO nº 2401 de 06-01-20223. pág 16, por António João Soares)

Parece estar em movimento a intenção de elevar o nível cultural e Intelectual das comemorações que se realizam várias vezes por ano no Santuário de Fátima. O antigo reitor Luciano Guerra, foi refutado por actuais chefes religiosos lembrando os convites deste a artistas nacionais e até internacionais para interpretarem a mensagem de Fátima através de obras de arte.

Iniciou mesmo «os congressos internacionais que reuniram na Cova da Iria grande parte dos teólogos pensadores da contemporaneidade», grande acrescentando que as críticas hoje deixadas numa entrevista a um jornal local, revelam "uma grande contradição entre aquela que foi a ousadia do então reitor, que durante 35 anos nunca deixou que o Santuário cristalizasse na sua acção pastoral e procurou que fosse sempre evoluindo, mas que agora manifesta total oposição a toda a evolução verificada desde 2008". 

Segundo as palavras recentes do Papa Francisco, a religião deve centrar-se no aperfeiçoamento espiritual e social dos peregrinos, procurando, no entanto, a sua intelectualização por forma a não ficarem divorciados do mundo moderno. Mas, no caso de Fátima, há que ser realistas e não esquecer que os modelos de virtude foram os pastorinhos que eram jovens pobres e iletrados mas que a adoração a «nossa senhora» os elevou a alto ponto na santidade.

O Papa no Natal alertou para o facto de Jesus ter nascido e vivido pobre e para o perigo que a humanidade está a correr com a insaciável ambição de dinheiro e de poder, a sua ganância. Interpretando estas palavras sábias, no caso de Fátima deve ser reforçada a lição para os participantes nas celebrações de que as transformações sociais devem ser orientadas para resultar num verdadeiro benefício dos pobres.  Se Deus é pobre, os crentes devem fazer renascer a caridade.

Os peregrinos devem regressar de Fátima com mais fé no divino, sem perder a noção de que a evolução e a modernização da humanidade são indispensáveis para os crentes e não só, e a pobreza e a incultura dos pastorinhos conduziu-os à santidade. O caso real dos pastorinhos não impede a ânsia de evolução, antes incitam a melhor atenção para os pobres e os incultos e lhes tornem mais fácil a sua progressão nas vias da cultura. Há que adoptar uma recepção sensata aos peregrinos porque ricos ou pobres todos devem levar mais acentuado o seu amor a Deus, com a humidade de Cristo e sensíveis às necessidades dos pobres e dos menos cultos, e ao esforço que devem fazer para terem uma evolução que lhes permita uma relação mais equitativa. Todos nos devemos ajoelhar com humildade e respeito por todos e por tudo.

Todos devemos estar preparados para viver num mundo em paz, sem ódio nem guerras nem preconceitos. Será bom que as nossas famílias se unam, tornando o mundo totalmente solidário e que possamos aprender e praticar os grandes ensinamentos de Deus Pai. E que a vida seja um conjunto de Paz, Amor e Compreensão.

Nota final. As dificuldades entre os actuais líderes religiosos defensores das antigas modalidades da recepção de peregrinos e os modernos apologistas da intelectualização dos convívios de recepção, com arte e cultura, fazem recordar o que presentemente se está a passar no Vaticano acerca dos actos religiosos em que há desacordo entre os apologistas de critérios demasiado conservadores desde há cerca de vinte séculos e os modernos religiosos que pretendem colocar as antiguidades de lado e criar um sistema mais evoluído com uma interpretação mais intelectual da lógica moderna dos valores religiosos, e dessa maneira unirem as diversas variações do catolicismo.

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segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

MUDANÇAS DE ACTOS RELIGIOSOS

(Public em DIABO nº 2400 de 30-12-2022, pág 16, por António João Soares)

Os direitos humanos estão condicionados por hábitos clássicos apoiados por algumas religiões em que a mulher é uma escrava sem direitos nem liberdade quer na indumentária quer na preparação cultural. Tem vivido há séculos neste sistema e agora com mais contactos entre pessoas de hábitos diferentes e com a divulgada utilização das imagens da internet, está muito difícil a alteração de costumes tanto por quem os usa como quem os deve suportar.

O Papa Francisco tem intenções de reformar os actos religiosos mas tentativas que tem esboçado para a comunhão dos mesmos rituais por todos os sectores católicos, tem recebido diversas críticas vindas de pessoas que não encaram com bons olhos a mudança de hábitos que duram há 20 séculos e foram sempre seguidos pelos crentes imbuídos do respeito religioso. Mas ele, provavelmente, não quer deixar de resistir à força da oposição desagradável e severa que tem recebido em decorrência de suas iniciativas de reforma.

Os papas têm sido sepultados na Basílica de São Pedro ou em algum outro lugar da Cidade Eterna e o mais recente pontífice que fez excepção, Urbano V, morreu no século XIV e foi enterrado em França em 1370 na Abadia Beneditina de São Vitor, em Marselha. Fora o sexto e penúltimo dos papas de Avignon. O último desta geração não teve sucessor desta sequência, para não dar continuidade a esta «rebeldia». Mas parece que o último, desde Urbano V, a ser enterrado fora de Roma foi Gregório XII em 1415. E agora, qual será o futuro do actual Francisco?

Haveria uma grande convulsão entre o establishment católico se o Papa Francisco estipulasse que o seu lugar final de descanso fosse Buenos Aires, quer seja na catedral de sua antiga diocese, quer seja no cemitério onde a família Bergoglio está sepultada.

A sua intenção de mudança é de estabelecer união entre as diversas facções de catolicismo, distinguindo entre o que é último e o que é penúltimo; o que é essencial e o que é secundário; o que é intrínseco e o que é acidental. Mas os fanáticos não querem ver traída a sua fé e, ao criticarem obcessivamente Francisco, querem preservar aquilo em que se aplicaram, todas as características secundárias ou acidentais do catolicismo romano que, em vez de esclarecer a mensagem de Cristo, acabam, na verdade, obscurecendo-a. E acabam mantendo os cristãos em uma Igreja fraturada, permanentemente dividida, fazem parte de um catolicismo sectário e tribal, que cultiva uma identidade amplamente baseada nas externalidades que são de natureza humana, não divina. Estes irmãos e irmãs são católico-romanos em primeiro lugar; e são cristãos, em segundo.

O Papa Francisco, apesar dos seus 83 anos, está sintonizado com os jovens actuais e diz que estamos atualmente em uma mudança de época, e não apenas experimentando um período de mudanças. É o tempo de uma mudança paradigmática colossal. Aquilo que não é essencial precisará mudar ou será descartado. Porém, tem enfrentado resistência. Parte dela é expressa através de ataques contra a sua integridade como discípulo e líder religioso.

Essa resistência é particularmente feroz e implacável dentro da Cúria Romana, onde os cardeais que se reuniram em 2013, em preparação para o conclave, esperavam ver limpo e reformulado. Uma área que quiseram que o novo papa resolvesse é a área da corrupção financeira dentro do Vaticano. E não se preocuparam com alterações à forma como desempenhar a transmissão da palavra de Deus, tal como vem sendo tratada em 20 séculos.


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sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

CHUVAS FORTES E INUNDAÇÕES

(Public em DIABO nº 2399 de 23-12-2022, pág 16, por António João Soares)

Veio nos jornais o alerta da Proteção Civil para a possibilidade de cheias e pediu à população para adoptar «medidas de autoprotecção». Sempre ouvi dizer que mais vale prevenir do que remediar. Sobre este alerta já Marques Mendes disse na Imprensa que foi dado «tarde e a más horas». Há medidas que devem ser tomadas com mais antecedência e com efeitos permanentes. Com efeito, os responsáveis pelas vias públicas e pelas construções nas cidades devem saber e actuar de forma preventiva, ao planearem os seus trabalhos. Por exemplo, devem construir as vias públicas com inclinações que evitem ficarem sujeitas a lençóis de água causadores de graves acidentes, para o que deve haver um ligeiro declive do meio da via para cada lado e, nas bermas, deve haver escoamento suficiente para os dias mais chuvosos.

No licenciamento de obras urbanas deve ser exigido que os projectos de habitação não tenham acessos ao nível da rua, mas com um degrau ou rampa de 20 cm de altura para evitar que a água da chuva penetre nas instalações do rés-do chão ou das caves.

A água das ruas deve ter um escoamento suficiente de modo a não haver inundações como as que têm sido noticiadas em muitas cidades. E não basta serem bem construídas, é preciso ser respeitada a sua capacidade permanente de escoamento. Por exemplo, em Lisboa houve situações de perigo para a sua complexa rede de esgotos de águas pluviais durante a construção do metropolitano e de outras obras. Há zonas muito sensíveis por serem pontos de confluência de vários sistemas radiais, como Sete Rios, Marquês de Pombal, Rossio, Praça da Figueira, etc. E, em tais locais é preciso ter muito cuidado com trabalhos que possam afectar a eficácia do escoamento de águas.

O alerta da protecção civil é útil para os cuidados a ter pelas pessoas mas deve ser devidamente interpretado pelos responsáveis pela engenharia dos municípios a fim de ser mantida a estrutura de escoamento de águas completamente operacional para evitar inundações danosas. A capacidade de escoamento não deve ser sacrificada, por construções no subsolo que as afectem, devendo ser encontradas soluções adequadas aos interesses em jogo.

Pode haver quem me critique por estar a ser exagerado. É certo que, em tais serviços, responsáveis pela segurança da população, nem sempre estarão a ser colocados técnicos competentes, mas por vezes, apenas pessoas sem preparação e sensibilidade para o problema, porque são da família de governantes ou seus amigalhaços, em troca de favores. Neste assunto, tal como quando se trata do SNS, a nomeação exige muita seriedade e sentido de responsabilidade, porque trata-se de serviços em que estão em perigo vidas e altos valores patrimoniais.

Quando se discutia a passagem do metropolitano no Marquês, houve pessoas que apenas se referiam a aspectos superficiais, esquecendo que nesse ponto confluem águas vindas de uma extensa área a montante.

Sugiro à Proteção Civil que alerte os serviços municipais respectivos sobre os cuidados a ter com a inspecção do escoamento das águas das chuvas para garantia de que estão bem preparados e conservados ou precisam de cuidados especiais para poderem cumprir a sua finalidade nos casos especiais que estão a ocorrer e poderão vir a ser ainda mais graves. A prevenção não pertence apenas às pessoas, mas principalmente a serviços responsáveis quando se trata de situações estruturais.

É imperioso que se previnam desastres pessoais e danos materiais provocados pelo perigo das chuvas fortes que ameaçam inundações altamente danosas.

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sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

TODOS DEVEMOS SER RESPEITÁVEIS

(Public em DIABO nº 2398 de 16-12-2022, pág 16, por António João Soares)

Um tema muito debatido nas datas mais recentes é o dos direitos humanos, em que um ponto saliente é o do respeito pelos outros. Mas, infelizmente, há muita gente em funções de responsabilidade que não procura merecer o respeito que lhe devem ter. Quem tem o encargo de nomear pessoal para os serviços públicos deve escolher pessoas com competência e conhecimento das funções que lhe vão ser atribuídas, por forma a serem respeitáveis por todas as pessoas do seu contacto.

Depois do tiroteio numa escola primária no Texas em que morreram 19 alunos, todos menores, e duas professoras, soube-se que nos EUA, desde o início do ano, houve mais de 17 mil mortes provocadas por armas de fogo. E este trágico fenómeno não tem acontecido apenas nesse país, pelo que exige ser devidamente analisado, para evitar a insegurança das pessoas. O fabrico de armas mortíferas e a sua venda devem ser devidamente controlados, para se evitar estes casos lamentáveis que vitimam pessoas completamente inocentes, como foi o caso desta escola.

A humanidade não deve ter medo, apenas, das armas nucleares, deve estar defendida de outros objectos fatais que são fabricados e vendidos, sem sentido de responsabilidade, sem controlo nem fiscalização, apenas com a ganância do lucro e ambição do dinheiro e com protecção de autoridades corruptas. A vida está cada vez mais ameaçada por actividades aparentemente inofensivas, mas realmente muito perigosas e sem uma utilidade totalmente explícita e justificada. 

O ensino deve ser efectuado por forma a criar nas crianças, desde a mais tenra idade a noção da ética social, e a necessidade de respeitar todos os seus semelhantes e, também, merecer ser respeitadas por todos.

Mas a educação tem sido deixada um pouco ao desmazelo e surgem muitas notícias que mostram que os jovens crescem um pouco ao acaso, porque até a comunicação social não procura contribuir para aperfeiçoar os comportamentos. A criminalidade, talvez por efeito da pandemia, tem aumentado desde a doméstica a todos os diferentes casos. Há dias, vi a notícia de que a PSP deteve sete jovens, sendo um de apenas 14 anos, após realizarem um assalto nas proximidades do centro comercial Colombo. Talvez fossem levados a isso, por falta dinheiro para se alimentarem, mas hoje já sistemas de apoio para isso, talvez fosse para o vício da droga, mas o facto de serem sete, mostra uma actividade colectiva, despudorada, sem qualquer respeito pela propriedade alheia e sem receio de serem detectados. E a droga não constitui uma necessidade vital que leve a cometer crime. E não parece ser difícil a jovens dedicarem-se ao trabalho para granjear o «pão de cada dia».

Mas a necessidade de um comportamento correcto ou mesmo exemplar não se restringe aos jovens pois há pessoas que deviam ser respeitáveis e desmerecem essa condição. Vi uma outra notícia que também merece reflexão. Nas Honduras, um antigo deputado foi detido, depois de ter sido procurado para extradição pelos Estados Unidos devido às ligações ao tráfico de droga. Ele estava em fuga desde julho de 2018 depois de ter completado o segundo mandato como deputado, quando um tribunal federal em Nova Iorque solicitou a extradição.

O caso deste ex-deputado, evidencia que não há cuidado especial para observar as qualidades e os defeitos daqueles que os políticos tomam como candidatos para serem votados pelos cidadãos e depois de eleitos, devem ser muito vigiados e devidamente sancionados. A tolerância deve ter limites para que os que a decidem sejam respeitáveis.

Os governantes para serem merecedores do respeito dos cidadãos mais humildes e cumpridores devem criar condições para que os cidadãos sejam cumpridores e respeitáveis desde o ensino escolar, passando pela vida prática, e ao ocuparem funções públicas. E não podem permitir corrupção nem criar excepções a favor de amigalhaços.

É preciso uma campanha de reabilitação abrangendo pessoas de todas as idades que tenham sido detectadas por uma vigilância persistente nos sectores sociais onde os casos indesejáveis forem mais frequentes

As pessoas não valem aquilo que evidenciam nas suas palhaçadas, valem o que é demonstrado nas suas acções e decisões, a favor do futuro nacional.

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segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

A HUMANIDADE SERÁ VÍTIMA DA AMBIÇÃO DE ALGUNS

(Public em DIABO nº 2397 de 09-12-2022, pág 16, por António João Soares)

O problema não é novo mas está a ser exageradamente empolado. Recordo a história da carraça na orelha do velhote que o médico da aldeia aproveitou para obter o dinheiro para poder pagar os estudos do filho que se formou em medicina. Já é um caso muito antigo mas hoje está muito agravado. Há muitos medicamentos a serem substituídos não por terem sido ineficazes, mas por serem muito eficientes, curando rapidamente doenças e estas, agora, constituem um bom elemento para o rendimento de médicos, farmacêuticos e outros profissionais da saúde. O objectivo destes é a manutenção do cliente e, para não o perderem, ele deve manter-se doente, embora com sintomas controlados.

Contaram-me um caso e pediram-me que mantivesse em segredo o relator. Este senhor foi chamado para a entrevista uns dias antes do seu internamento num lar de idosos e uma das tarefas que lhe apresentaram foi o encontro com o médico que olhou atentamente para a documentação sobre o seu estado de saúde. Ele não se queixava de doenças e a razão do seu internamento foi apenas para evitar a solidão, por ter uma família muito reduzida e com pouca facilidade para lhe dar o necessário apoio: a filha demasiado zelosa pela sua profissão e pelo tratamento da casa para a qual não tinha empregada e de que se ocupava activamente nos fins de semana, e dois filhos já casados e com filhos, a viverem no estrangeiro distante com boas profissões que os absorvem totalmente e em que procuram ser eficazes, não se preocupam com o seu velhote.

O médico, ao ver uma análise ao sangue e urina feita há pouco tempo, disse ao cliente que, quando entrasse para o lar, devia ir falar com ele para renovar as análises e fazer outras a fim de ele as observar cuidadosamente, para detectar qualquer pequena deficiência e receitar a medicação adequada, pois sem isso a sua actividade corria o risco de despedimento por desnecessária. Pensou que ele estivesse a exagerar, mas depois verificou que muitos dos internados «comiam» perto de uma dezena de medicamentos a cada refeição. E um dia o relactor da história, ao fazer o controlo semanal da pressão arterial, inspirou de forma ruidosa o que foi interpretado pela funcionária como sintoma de gripe e recomendou a ida ao médico, tendo ela própria pedido a consulta. O médico, ao vê-lo, não lhe fez perguntas nem teve conversa e começou a escrever e no computador saindo, a seguir, da impressora da funcionária sua secretária seis idas a exames e consultas com diversos especialistas.

O cliente, no dia seguinte, foi almoçar com um grupo de amigos em que se encontrava um médico e perguntou a este se o doente é obrigado a obedecer às ordens de um médico. Ele respondeu: «que ordens? Um médico não dá ordens, apenas dá sugestões, conselhos, receita, etc. que o cliente só segue se concordar. Mesmo o hospital só actua se o doente concordar, por vezes por escrito».

Li, há tempos, a opinião de um médico que não quis identificar-se, que hoje as doenças são todas crónicas porque os médicos não querem perder o cliente, isto é, não querem que deixe de ser doente, ou evitando que, se possível, faleça ou não se cure. Todo o serviço de saúde colabora neste esquema e deixa de haver medicamentos que curam definitivamente e que apenas tornam os sintomas menos agudos. Todas as doenças passam a ser crónicas! E, assim, se mantêm sempre activos médicos e farmacêuticos.

O médico deixou de desejar ver no cliente uma pessoa que viva sempre com saúde mas sim um cliente que continue a consumir medicamentos, enfim uma ferramenta para aumentar o seu activo.

Seria bom que o SNS mentalizasse os seus profissionais para respeitarem os clientes tratando-os com sensibilidade, humanidade, dignidade e carinho por forma a terem calma para suportar o sofrimento, principalmente os mais graves e os idosos. 

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

EXPERIÊNCIA GRISALHA


EXPERIÊNCIA GRISALHA

http://domirante.blogspot.com/2022/12/experiencia-grisalha.html
(Public em DIABO nº 2396 de 02-12-2022, pág 16, por António João Soares)

Em oposição ao difusor do termo «peste grisalha», recordo que os grisalhos, possuem uma experiência e uma aprendizagem muito valiosa que foi adquirida e melhorada ao longo de muitos anos e que tem recebido apoios de muita gente válida que foi retocando a forma de viver e de actuar nas diferentes actividades. Continuam a enriquecer o seu comportamento de forma muito positiva e a criticar os jovens atrevidos e impulsivos que, ultimamente, têm empobrecido a economia nacional com decisões inadequadas e impulsivas, sem terem apoio de correcta ponderação.

Felizmente, os idosos constituem um sector de persistência grisalha que tem sido apoiado por pessoas muito válidas nas suas fases de ansiedade e solidão, com conselhos, sugestões e outros tipos de apoios para enfrentar os problemas de isolamento e de saúde. Encontrei agora na publicação «Lifestyle» sugestão para reduzir a ansiedade e estimular as endorfinas, sem recurso a medicamentos.

Estes conselhos aplicam-se a todas as idades. Em algum momento, é provável que uma pessoa já tenha sentido ansiedade. O problema é mais grave quando se torna algo recorrente e pode levar a transtornos mais complicados. Em muitas situações, o uso de medicamentos acaba por ser a solução mais óbvia, mas existem outras alternativas.

Têm sido adicionados vários estudos e dicas testadas que se mostram eficazes na redução da ansiedade. Vejamos algumas que podem ser experimentadas.

Evitar grandes quantidades de cafeína

Ela pode ser uma das causas de ansiedade, por ter uma componente estimulante. Várias pesquisas já mostraram que um alto nível de cafeína está ligado a um aumento da ansiedade. Ainda assim, as quantidades podem variar de pessoa para pessoa.

Usar aromaterapia

Segundo os especialistas, o olfacto é um dos sentidos que mais está ligado ao cérebro. Acaba por ser um mecanismo importante ao detectar ameaças, mas também funciona no sentido oposto. Aromas mais agradáveis podem ajudar a que se acalme.

Beber chás

Uma chávena de chá quente pode ser a solução para afastar a ansiedade, bem como um outro líquido morno. É um bom remédio caseiro para resolver o problema. A água de lavanda acaba por ser um bom aliado.

Respirar profundamente

Praticar a respiração acaba por ser outra forma de aliviar a ansiedade. Experimente inspirar durante quatro segundos, manter a respiração por outros quatro, expirar por quatro, manter por quatro e repetir o processo. É uma das dicas partilhadas.

Meditar

Tal como a respiração, a meditação vai acabar por reduzir os episódios de ansiedade.

Fazer exercício

O exercício regular acaba por ser outra forma de combater a ansiedade. Os especialistas explicam que liberta endorfinas e acaba por ajudar nas interacções sociais. Mantenha-se activo durante, pelo menos, cinco dias por semana.

Dormir com um cobertor pesado

São vários os estudos que já o demonstraram. A sensação acaba por ser semelhante a receber um abraço, daí ser algo reconfortante.

Sobre o mesmo assunto, encontrei as seguintes dicas da autoria de Elizabeth C. Gardner, cirurgiã de ortopedia, afirmando que as endorfinas ajudam a aliviar o stress, aliviar dores e até reduzir sintomas de ansiedade e depressão. 

Felizmente, existem outras formas de aumentar os níveis desta hormona, algumas mais ativas do que outras, e que vão deixar muito bem-disposto o doente com ansiedade.

São outras formas de aumentar os níveis de endorfinas sem fazer exercício físico: 

Fazer massagem e acupuntura; fazer meditação; dar gargalhadas; estar exposto à luz ultravioleta; fazer sexo; praticar ioga; ouvir música.

Pelos vistos, não faltam soluções para as depressões e, portanto, nada justifica que uma pessoa se isole com a sua preocupação ou o seu desgosto e deixe que um problema simples e passageiro se agrave e gere complicações encefálicas com efeitos não recuperáveis. 

Em oposição ao difusor do termo «peste grisalha», recordo que os grisalhos, possuem uma experiência e uma aprendizagem muito valiosa que foi adquirida e melhorada ao longo de muitos anos e que tem recebido apoios de muita gente válida que foi retocando a forma de viver e de actuar nas diferentes actividades. Continuam a enriquecer o seu comportamento de forma muito positiva e a criticar os jovens atrevidos e impulsivos que, ultimamente, têm empobrecido a economia nacional com decisões inadequadas e impulsivas, sem terem apoio de correcta ponderação.

Felizmente, os idosos constituem um sector de persistência grisalha que tem sido apoiado por pessoas muito válidas nas suas fases de ansiedade e solidão, com conselhos, sugestões e outros tipos de apoios para enfrentar os problemas de isolamento e de saúde. Encontrei agora na publicação «Lifestyle» sugestão para reduzir a ansiedade e estimular as endorfinas, sem recurso a medicamentos.

Estes conselhos aplicam-se a todas as idades. Em algum momento, é provável que uma pessoa já tenha sentido ansiedade. O problema é mais grave quando se torna algo recorrente e pode levar a transtornos mais complicados. Em muitas situações, o uso de medicamentos acaba por ser a solução mais óbvia, mas existem outras alternativas.

Têm sido adicionados vários estudos e dicas testadas que se mostram eficazes na redução da ansiedade. Vejamos algumas que podem ser experimentadas.

Evitar grandes quantidades de cafeína

Ela pode ser uma das causas de ansiedade, por ter uma componente estimulante. Várias pesquisas já mostraram que um alto nível de cafeína está ligado a um aumento da ansiedade. Ainda assim, as quantidades podem variar de pessoa para pessoa.

Usar aromaterapia

Segundo os especialistas, o olfacto é um dos sentidos que mais está ligado ao cérebro. Acaba por ser um mecanismo importante ao detectar ameaças, mas também funciona no sentido oposto. Aromas mais agradáveis podem ajudar a que se acalme.

Beber chás

Uma chávena de chá quente pode ser a solução para afastar a ansiedade, bem como um outro líquido morno. É um bom remédio caseiro para resolver o problema. A água de lavanda acaba por ser um bom aliado.

Respirar profundamente

Praticar a respiração acaba por ser outra forma de aliviar a ansiedade. Experimente inspirar durante quatro segundos, manter a respiração por outros quatro, expirar por quatro, manter por quatro e repetir o processo. É uma das dicas partilhadas.

Meditar

Tal como a respiração, a meditação vai acabar por reduzir os episódios de ansiedade.

Fazer exercício

O exercício regular acaba por ser outra forma de combater a ansiedade. Os especialistas explicam que liberta endorfinas e acaba por ajudar nas interacções sociais. Mantenha-se activo durante, pelo menos, cinco dias por semana.

Dormir com um cobertor pesado

São vários os estudos que já o demonstraram. A sensação acaba por ser semelhante a receber um abraço, daí ser algo reconfortante.

Sobre o mesmo assunto, encontrei as seguintes dicas da autoria de Elizabeth C. Gardner, cirurgiã de ortopedia, afirmando que as endorfinas ajudam a aliviar o stress, aliviar dores e até reduzir sintomas de ansiedade e depressão. 

Felizmente, existem outras formas de aumentar os níveis desta hormona, algumas mais ativas do que outras, e que vão deixar muito bem-disposto o doente com ansiedade.

São outras formas de aumentar os níveis de endorfinas sem fazer exercício físico: 

Fazer massagem e acupuntura; fazer meditação; dar gargalhadas; estar exposto à luz ultravioleta; fazer sexo; praticar ioga; ouvir música.

Pelos vistos, não faltam soluções para as depressões e, portanto, nada justifica que uma pessoa se isole com a sua preocupação ou o seu desgosto e deixe que um problema simples e passageiro se agrave e gere complicações encefálicas com efeitos não recuperáveis. 

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sexta-feira, 25 de novembro de 2022

PRECISAMOS DE MUDANÇA NATURAL QUE DÊ FELICIDADE COLECTIVA

 (Public em DIABO nº 2395 de 25-11-2022, pág 16, por António João Soares)

A vida exige mudança e a inacção impede o desenvolvimento. Mas a mudança deve ser devidamente preparada, tendo em vista os objectivos desejados e os factos que os constituem, nada devendo ser deixado ao acaso. A intenção do resultado desejado deve ser transparente, compreendido por aqueles de quem se deseja colaboração e que devem participar com coragem, confiança e afecto. Numa boa equipa, como deve ser a população de um país, devemos todos participar convictamente na acção a desenvolver para alcançar o objectivo desejado. O mundo desenvolveu-se passando por diversas fases, como a escritora Katia Soares explicou num texto há mais de dois anos e que, agora, tive oportunidade de ler.

Tem que haver aprendizagem do domínio da razão, obter capacidade de pensar, desenvolver o raciocínio lógico e coordenar a acção humana no mundo guiado por líderes sociais que saibam conduzir o seu grupo com coração e espiritualidade, tendo respeito por normas bem claras e desejadas pelos praticantes.

Ao longo dos tempos, essa finalidade foi tentada, pela difusão de imagens, quando ainda não se usava a escrita e antes de aparecerem as religiões. Os indivíduos tinham consciência de si próprios e foram aproveitando a liberdade de pensar. Mais tarde, a humanidade foi desenvolvendo a cultura e surgiram as artes e os desportos e a ligação do pensar com o sentir. Com esta evolução do ser humano em relação ao exterior, as pessoas começaram a notar a necessidade de limites da propriedade com os vizinhos e clarificar direitos e deveres quanto aos teres e haveres de cada um, os conflitos, a troca de mercadorias e outras negociações. E aprendeu-se a importância do querer e o humano maduro tornou-se diferente dos irracionais.

Surgiu a necessidade de possuir novas terras e de adquirir dinheiro para viver e amealhar poupanças. Foi criado o comércio intercontinental que deu evolução notável ao relacionamento entre povos diferenciados que se viram afastados do misticismo e mais livres para o relacionamento com a natureza. Os humanos foram-se afastando do misticismo e viver com novas regras de liberdade de expressão e de exploração da economia. O filósofo Descartes, com a sua frase «penso, logo existo», veio marcar nova etapa na evolução e criou o iluminismo.

Cerca de dois séculos depois, Jean Jacques Rousseau disse «o homem é bom por natureza mas está sob a influência corruptiva da sociedade», o que veio a resultar na independência de muitos países.

No séc XX viveram-se os efeitos colaterais dos movimentos de emancipação surgidos nos séculos anteriores. Nos últimos tempos desse século, começou a ser notado que se tornaram mais débeis os laços familiares, os rituais, a conexão com a espiritualidade e com a natureza. E mesmo a desconexão com nós-próprios, afastando-nos, dos nossos valores individuais, para nos absorvermos pela responsabilidade do trabalho, do sustento da família e da educação dos filhos, pelo aumento das actividades diárias e, por fim, nos abandonarmos de nós próprios, mais globalizados, ligados pela internet, experimentando tecnologias conscientemente avançadas, intelectualmente influenciadas por uma avalanche de informações que chegam diariamente por diversas vias.

Precisamos de voltar a pensar quem somos e assumirmos o nosso propósito de vida. E não sermos arrastados por jovens que pretendem evitar o respeito pelo género e outros pormenores úteis e que não devemos desprezar. A actual fase pode levar-nos para uma inconsciente obediência a um egoísmo crescente que ninguém pode controlar, vitimas de medos diversos, de perda de emprego, de saúde, de solidão, sem fé ou ligação espiritual, com as mulheres desligadas das habituais funções familiares e sem respeito por normas habituais, etc.

A aceleração da inteligência artificial, desprezando a racionalidade e rejeitando o bom relacionamento, respeito e colaboração, parece não querer parar porque o poder está em mãos de pessoas muitas vezes incapazes de se interessar por valores colectivos válidos e contribuir para uma mudança que respeite o desenvolvimento da educação e da ética social e da construção de um futuro melhor. A juventude não deve ser abandonada em vias casuais e perigosas. Será conveniente que a comunicação social deixe de perder tempo com banalidades e ajude a população a procurar um futuro mais promissor. Precisamos de uma mudança racional que contribua para mais felicidade de todos.


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