Na tentativa de satisfazer um insistente pedido do amigo Mário Relvas, que muito me honra mas que temo não ser capaz de satisfazer com um mínimo de qualidade, vou procurar alinhar algumas palavras sobre a ideia que tenho dos Comandos e da sua mística patriótica. Não disponho de elementos de consulta, pelo que me limitarei a decifrar aquilo que o tempo sedimentou na poeira da minha já frágil memória.
Os Comandos foram criados em época de reorganização do Exército a fim de este potenciar a sua capacidade para enfrentar a situação vigente e as previsíveis. Já nessa altura, existia no Exército um corpo especial – o Corpo do Estado Maior – cuja principal função era o estudo, planeamento, organização e controlo, com vista ao total apoio da acção de comando dos generais. Tratava-se de um conjunto de oficiais vocacionado para funções ligadas ao pensamento e reflexão e às decisões estratégicas e de táctica de unidades de escalão médio e alto, enquanto os Comandos são um corpo destinado à acção, às operações difíceis e complexas que exigem uma especial preparação física, técnica e psicológica que permita a excelência na execução e eficácia nos resultados. Enfim, trata-se de fazer frente a situações para as quais não é aconselhável o emprego de vulgares tropas de infantaria.
Desde a sua criação, os militares comandos são movidos por uma mística do culto de valores em que predomina um acrisolado patriotismo, o desprezo pelo perigo, a sintonia com a missão e a perfeita integração na equipa a que pertencem. Numa época em que impera o interesse material e egoísta, merece realce esta classe de portugueses que defende e alimenta valores morais, nacionais, de justiça e bom senso, muito superiores ao materialismo corriqueiro que impera à sua volta.
Se o Corpo do Estado Maior foi extinto, possivelmente por ter sido considerado preferível ministrar melhores conhecimentos à generalidade dos oficiais para as funções relacionadas com a preparação da decisão, já o mesmo não aconteceu com os Comandos, o que pode ser interpretado como o reconhecimento de que a sua função operacional especialmente qualificada não pode ser dispensada nem vulgarizada. O papel dos comandos é fundamental, quer pela preparação psicológica dos combatentes, quer pela capacidade serena e sensata dos seus líderes, quer pela preparação operacional que permite acções imediatas, de execução rápida e de adequação no uso da força.
Os portugueses, temos muitas razões para admirar os Comandos pelo muito que fizeram na guerra no Ultramar, pela sua acção de contenção nos tempos conturbados de 1974 e 1975, e pelas missões mais recentes em vários pontos do Mundo, sendo de esperar deles total disponibilidade e eficiência em qualquer momento futuro. Depois de esboçar estas palavras, tive oportunidade de conversar com dois comandos, um cabo que chefiou uma equipa de instrução em Penude, Lamego, e um soldado que esteve na Amadora, ambos já longe da idade das ilusões e dos entusiasmos, relembram com calor os tempos passados e os colegas, na maioria transmontanos como eles, de forma que fiquei com a certeza de que a Associação de Comandos, constitui uma força com que se deve contar sempre, pela sua capacidade de mobilização de vontades e de liderança de um grande conjunto coeso de portugueses.
Os seguidores dos «mandamentos» dos Comandos e do grito «Mama Sume» estão de parabéns pela sua organização associativa, pelas actividades culturais que desenvolvem regularmente e, agora, pela utilização da Internet com vista à manutenção de laços de saudade e solidariedade, em perfeita conexão e espírito de corpo. Exorto-vos a nunca esmorecerem, para bem de Portugal.
DELITO há dez anos
Há 4 horas
1 comentário:
Caro amigo A. João Soares,os meus cumprimentos.
Conheci o seu blog através do blog da Alexandra...não sabia que tinha dado andamento a um...
Está muito bem.
Quero agredecer-lhe,este post que lhe pedi,efectivamente.
Está postado no Jornal Passa-Palavra,jornal dos Coamndos.
Agrdeço-lhe a sua gentileza e conte comigo mais vezes!
Abraço
Mário Relvas
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