segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

O PODER NÃO REPUDIA A CORRUPÇÃO

Transcreve-se este artigo de opinião do Diário de Notícias de hoje, 22, por ter muita actualidade e vir ao encontro de artigos já aqui publicados

Para inglês ver
Joana Amaral Dias, Psicóloga, genecanhoto@gmail.com, DN, 070122

Quando se soube da saída de João Cravinho do grupo parlamentar do PS, com o objectivo de ocupar um lugar no Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (em Londres) - convite dirigido pelo próprio primeiro-ministro - houve quem acreditasse na bondade e casualidade da oferta. Porém, outros - talvez menos crédulos -, sabendo que o deputado preparava uma série de elementares medidas anticorrupção, com vista a agilizar e a modernizar este imprescindível combate, interpretaram o posto como uma tentativa de silenciamento.
Cravinho prometeu que não deixaria o Parlamento sem levar as suas propostas a bom porto. E garantiu que o bilhete para Londres não o compraria. Ou seja, não o corromperia. Foram meses de discussão. Para que agora o grupo parlamentar do PS concluísse - pasme-se! - que as mesmas são "portadoras do vírus da insegurança jurídica", segundo Vera Jardim. Uma forma tecnicista e nada frontal de chumbar estas iniciativas, como se a peçonha morasse nas propostas e não na corrupção.
O PS não apenas se demitiu desta luta como o fez de uma forma pouco séria. Alberto Martins assegurou que as propostas de Cravinho foram rejeitadas pelo seu grupo parlamentar, quando as mesmas não terão sido nem aceites nem chumbadas. Aliás, vários deputados só tiveram acesso pleno às propostas no início da reunião! Que conveniente... Uma forma pouco séria, também, porque, entretanto, o PS atirou para os media propostas alternativas que, na verdade, são completamente pífias. Mas que não deixam de revelar a intenção de enganar.
Com Cravinho exilado num conforto manso e com o PS a gerir esta pasta desastrosamente, o que fica em causa é a própria credibilidade da causa, fundamental a qualquer democracia. Impossível não lamentar que Cravinho tenha aceitado o posto londrino, nestas circunstâncias.
O resultado é o mais que provável livre curso da corrupção em Portugal, mesmo que contrariado em pomposas palavras de combate. Como, entretanto, Cavaco Silva proferiu no 5 de Outubro um muito comentado discurso sobre este tema e como receberá hoje Cravinho em Belém, veremos quanto vale a fala do Presidente da República. Deixar andar a corrupção também será cooperação estratégica? Pode ser que sim. Mas não em nome dos interesses do País.
NOTA: Artigos sobre o mesmo tema:

5 comentários:

Anónimo disse...

Caro João Soares,

Um tema que já abordei e acho que pode ser uma camuflagem...quem tem iedais de anticorrupção e os quer combater não aceita lugares divinos...

Os comentários da São são iguais em todos os blogs amigo Soares!

Acho que nem lê os posts...desculpa lá a minha sinceridade São.Se calhar estou enganado!

Abraços para si e para ela!

MR

Mentiroso disse...

Que esperar de Cavaco, aquele que permitiu e fomentou a corrupção doa Políticos & Amigos que roubaram, desmantelaram, esbanjaram e desperdiçaram os fundos de coesão da União Europeia, pondo o restante em circulação, o que deu ao povo a ilusão de ter enriquecido, mas lançou uma inflação, hoje impossível de permitir devido às normas Europeias? Por isso agora não se pode camuflar a miséria, como no tempo do Cavaco. Acredita-se que ele fará algo contra aquilo que ele próprio permitiu e ensinou? Em breve se constatará. É verdade que ele pretende ter mudado um pouco, nas já observámos o seu carácter numa entrevista concedida na Índia em que não se absteve de criticar os costumes indianos dos seus hospedeiros nem a comida horrivelmente picante. Bom senso e boa educação.

Quanto à aceitação por parte de Cravinho, estava prevista.

A. João Soares disse...

Caros Amigos,
Juro que me esforço por ser optimista e muito gosta de o conseguir. Mas parece que é superior às minhas forças, tantos são os factores de degradação da sociedade, desde os políticos aos menores agentes económicos. Alterar a forma de pensar da generalidade dos portugueses é uma tarefa «ciclópica» como diria Marcelo Caetano. Que futuro teremos? Quem está decididamente a tratar disso?
Abraços
A. João Soares

Anónimo disse...

TEMOS QUE SER NÓS AMIGO JOÃO SOARES A TRATAR DISSO:DENUNCIE-MO-LOS!FORTE E FEIO E SE PRECISO FOR COQUEMOS-LOS NO SÍTIO CERTO...NO EXÍLIO SEM LUXOS!

FALOU DE UM HOMEM QUE AMAVA A SUA PÁTRIA E CRIOU OS DESCONTOS PARA A CAIXA,DOTOU O ESTADO DE UMA VISÃO MAIS ABERTA. SABIA PORTUGAL MELHOR QUE NINGUÉM E ERROU AO "DESCOMPRIMIR" A DGS...SENÃO NÃO O TINHAM MANDADO PARA O BRASIL QUE O APROVEITOU COMO UM DOS MELHORES PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS QUE POR LÁ PASSOU.A VERGONHA DAQUELE HOMEM FOI TANTA QUE PEDIU PARA NÃO SER SEPULTADO EM PORTUGAL1...

ABRAÇOS

MR

A. João Soares disse...

O que se passou com esse Homem faz parte dos altos e baixos da vida das pessoas e dos países. Muito grave é não se ter aprendido as boas lições do passado para melhorar o futuro. Vamos deixar uma horrível herança aos nossos descendentes. Daqui por alguns anos, toda a gente válida dirá muito mal dos cotas da nossa geração. Falta inteligência, vontade e coragem para corrigir os erros cometidos durante a euforia do PREC e para aproveitar aquilo que houve de bom.
Entrámos b´na floresta e perdemos a bússoa. Agora, andamos às voltas por entre os espinhos sem atinarmos com a rota que nos levará à saída, ao campo livre da felicidade e liberdade.
Um abraço
A. João Soares