quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

O «SEQUESTRO»


Não vou aqui esgrimir argumentos técnicos da Justiça sobre um caso que tanto está a agitar as opiniões. Mas nada obriga um juiz a ter coração, sensibilidade ou humanidade. Ele tem que interpretar e aplicar a lei ao caso concreto, de maneira cega sem olhar a quem é o réu (salvo quando se trata de Poderosos!).

Sendo assim, há que reflectir sobre a lei, a forma como é crida e ajustada às realidades nacionais, ao sentido de justiça e de moral tradicional do povo que, em Democracia, é o detentor primário da soberania e é para a sua felicidade e bem-estar social que devem agir todos os sectores do Estado. Porém, a realidade, muitas vezes enfatizada por factos mediáticos, mostra que as lei nascem, por vezes, de um impulso de qualquer assessor utópico e caprichoso que era suposto saber ler, escrever e estar focalizado para os verdadeiros interesses e objectivos nacionais. De seguida, esse esboço deveria ser cuidadosamente apreciado por um colectivo de pessoas que também é esperado estarem motivadas por altos desígnios do sentido de Estado e com consciência da responsabilidade das suas atitudes. Mas, apesar disso, as leis são frequentemente geradoras de conflitualidade e confusões, de descrédito de instituições, em vez de aumentar o seu prestígio perante os cidadãos, e do apaziguamento e da harmonia social.

Constata-se que nos Órgãos do Poder, existe à semelhança do Povo em geral, de onde emanam os agentes daqueles órgãos, demasiada apatia, indiferença, desleixo, irresponsabilidade. É, por exemplo, significativa a posição do ministro da Saúde ao dizer que no caso do sinistrado que chegou ao hospital, seis horas depois do acidente, acabando por falecer sem ser tratado, não havia lugar para inquérito por não ter havido procedimentos incorrectos pois o INEM cumpriu as normas em vigor. O sinistrado não seria parente nem amigo do ministro, senão este teria outra reacção. Se as normas foram cumpridas, então é obrigatório e urgente que se atribuam as culpas aos responsáveis pela elaboração das normas e pela verificação da sua eficiência e aplicação. Normas que permitem que o socorro demore seis horas a colocar o acidentado no hospital competente para fazer face ao problema, não são normas de verdade e não passam de uma fantasia que, espantosamente, merece a concordância do ministro.

Quanto ao pai adoptivo, ou simplesmente PAI que, inacreditavelmente, foi condenado por «sequestro», talvez merecesse uma condecoração no próximo 25 de Abril, pela sua generosidade, humanidade, dignidade e espírito de bem fazer que demonstrou ao acolher um bebé desprezado pelos pais biológicos!!! Oxalá que se esta menina for entregue ao pai biológico, não venha a ter o futuro que tiveram outras crianças vítimas de deliberações jurídicas semelhantes que vieram a sofrer maus tratos, violações, incentivos para a mendicidade e prostituição e até morte. Seria uma questão de bom senso que as autoridades pensassem principalmente nessa criança, já feita mulherzinha, que uma família generosa e caridosa ensinou a ser pessoa, em vez de se limitarem à aplicação cega e fria de uma lei iníqua.

6 comentários:

Anónimo disse...

Antes de entrar no assunto, aproveito o ensejo para "protestar" contra esta nova versão do "blogger". A partir de agora, quem não for "sócio" fica muito limitado na publicação dos seus comentários. Porque, ao preencher-se o "YOUR WEB PAGE", o blogger não aceita as páginas do SAPO, por exemplo, porque elas não obedecem a certos requisitos. O que significa que quem ler um comentário meu neste blog fica impossibilitado de, apenas com um "click" aceder ao meu blog.

Adiante

Sobre o caso deste artigo (recuso-me a usar a palavra "post"), já escrevi algures que este é um caso paradigmático. Porque nele se prova que cumprir a Lei nem sempre quer dizer fazer justiça.
Não sou jurista, mas não será difícil concluir que a Lei tem sempre uma margem de flexibilidade. Caso contrário, não seriam precisos juízes. Se estes exietem é para AJUIZAR.
Tenhamos esperança.

Anónimo disse...

Peço desculpa, mas ao contrário ao que me aconteceu hoje de manhã, o blogger aceitou o URL do meu blog.

Retiro desde já a minha "reclamação".

A. João Soares disse...

Caro profundis,
Obrigado pela sua amizade e a frequência com que comenta os meus escritos que, não tendo floriados literáios, procuram ter a frontalidade de expressar as minhas reflexões com a simplicidade e clareza a que me habituei com o velho lema «claro, preciso e conciso».
É natural que em muitos momentos as pesoas tenham sentido dificulddes de acesso aos comentários e a razão advêem so facto de a passagem ao Beta ter tido a ajuda de um e-amigo que teve dificuldades no seu computador, ao trabalhar como se fosse eu e por ter criado um entrosamento do username dele com o meu. Quando ele está a mexer no Blogger a tentar solucionar o problma, o acesso por terceiros, incluindo o meu, torna-se impossível. Ele tem perdido horas com isto.
Mas, ao contrário da sua impressão, já esclarecida, o Beta apresenta virtualidades e facilidades enormes.
Um abraço
A. João Soares

Anónimo disse...

Caro João Soares
Este tema é delicado e promete uma revisão das Leis deste país, de modo a que se tornem mais voltadas para as crianças e salvaguarda dos seus próprios interesses e não dos que aos adultos digam respeito.
Tenho a certeza que muito será mudado e se passem a considerar as crianças como pessoas e não objectos de propriedade dos seus "donos" ou "fabricantes".
Este é um tema que nos diz respeito a todos, todos fomos crianças e agora como adultos, temos a obrigação de contribuir para um futuro melhor daqueles que nos substituirão.
Como sociedade e como indivíduos temos a obrigação de apoiar a luta deste casal que por amor a uma criança, perde a sua própria liberdade e põe em causa a união e harmonia de um lar.
Assim justifico a duplicação aqui, do meu comentário feito sobre o mesmo tema, no VozSurda:

Vi e ouvi, acho que na SIC notícias, Saldanha Sanches e Maria J.Nogueira Pinto a debaterem o caso. Fiquei espantado por saber que Saldanha Sanches está grávido, sim grávido, afinal dentro dele existe uma pessoa!!!
Parabéns a ele e à senhora que muito bem defenderam a causa da justiça (não da lei), a causa das crianças (não dos progenitores) e do bom-senso.
Subscrevo tudo o que os dois disseram e apelo também a que alguém tome a iniciativa de abrir uma conta para que os portugueses se mostrem solidários pela luta deste casal que acolheu por amor a criança.
Já mostrámos a nossa solidariedade para com os Timorenses, lembram-se?
Sei que os OCS não ficam indiferentes a estas causas, usem do vosso poder e mobilizem os portugueses, façam uma união de amor. "Aproveitemos" e lutemos por uma causa justa, penduremos bandeiras se necessário fôr,até pela "bola" se fez isso, apoiámos a selecção não foi?
Que melhor selecção de portugueses, que melhor selecção de vontade e amor que a deste casal?
Ser pai é uma coisa muito diferente de ser progenitor, todos nós adultos já alguma vez desperdiçámos espermatozóides, aqui ou ali... Não sejamos hipócritas, este homem, Homem, que foi condenado a seis anos de prisão que crime cometeu?
Amar o fruto de um espermatozóide que alguém "desperdiçou"?
Desculpem a acidez das minhas palavras mas, cada vez mais me "desligo" das leis deste país que neste caso, não defende as crianças mas sim os ejaculadores.

Camoesas

Anónimo disse...

Caro joão Soares e comentadores,

este tema tem merecido por mim uma séria atenção.Tal como tudo, a justiça é RELES.Não háhumanismo e verdade!

A juíza já se veio desculpar que nunca falhou uma adopção!Bolas os miúdos são adoptados na "3ª idade" devido à demora da justiça...por isso o aborto, menos jovens...

Sem juventude e seriedade PORTUGAL cava cada vez mais o seu fim!

Cleopatra disse...

caro João Soares
A maria - lua de lobos fez uma postagem sobre esta parte do seu texto:

"Quanto ao pai adoptivo, ou simplesmente PAI que, inacreditavelmente, foi condenado por «sequestro», talvez merecesse uma condecoração no próximo 25 de Abril, pela sua generosidade, humanidade, dignidade e espírito de bem fazer que demonstrou ao acolher um bebé desprezado pelos pais biológicos!!! Oxalá que se esta menina for entregue ao pai biológico, não venha a ter o futuro que tiveram outras crianças vítimas de deliberações jurídicas semelhantes que vieram a sofrer maus tratos, violações, incentivos para a mendicidade e prostituição e até morte. Seria uma questão de bom senso que as autoridades pensassem principalmente nessa criança, já feita mulherzinha, que uma família generosa e caridosa ensinou a ser pessoa, em vez de se limitarem à aplicação cega e fria de uma lei iníqua. "


Porque na mesma postagem à uma referência á minha postagem lavrei no blog um comentário a esse pedaço de texto que gostaria que lêsse.
è com todo o respeito que o deixo lá.
mas nã posso realmente concordar consigo.

As minhas razões estão lá ainda que de forma sucinta.