sábado, 24 de fevereiro de 2007

ÍDOLOS OU ANTI-ÍDOLOS NO MUNDO

O texto seguinte faz parte de um comentário a «Salazar alvo de ódio...» e, pela sua estrutura e objectividade, embora polémico, merece um espaço mais visível do que o de simples comentário. É um documento útil para os interessados na história recente.

Bestiais ou Bestas?
A realidade por detrás do mito.

Idos de 1974 e Portugal vivia uma revolução, que todos bem conhecemos. Decorria o “Verão quente de 75”. Uma revolução que poderia constar dos melhores livros de história mundial, não fosse o facto de o aclamado “criador” ou “construtor” da revolta, Otelo Saraiva de Carvalho, encalhar num pequeníssimo “azar”, diga-mos “inconveniente” com a descoberta e eliminação da “sua” FP25 (ou esquadrão de morte) e talvez Portugal tivesse conseguido uma revolução “à séria”, seguida de uma ditadura militar ou uma guerra civil que durasse anos. E ainda se aclama salvador, salvador uma “ova”. Uma tentativa frustrada foi tudo o que restou e milhares de anos de processos em tribunais militares.

Anos antes já outros teriam tentado a mesma proeza num ou noutro país. Mas houve um em especial que ainda hoje é recordado. E que recordações deverão as gerações guardar?

Nascido nos anos 20, filho de uma família pobre. Formou-se em medicina. Decidiu um dia que queria mudar o continente em que vivia, iniciou a sua viagem, uma viagem épica como referem alguns autores, para mim trata-se de um episódio da sua vida demasiadamente romantizado. Um idealista ferrenho das suas convicções e sobre as quais iria criar a sua pedra basilar do primeiro ao ultimo minuto da sua vida. Iniciou a uma revolução num país que não era o dele. “Tornou-se militar por necessidade” segundo demonstra a sua biografia, quando o amigo precisou ele decidiu trocar o estojo médico pela arma. “…Por necessidade”, quem não quer ser lobo não lhe veste a pele. Conseguiu o seu primordial objectivo, conseguiu derrubar a ditadura que se impunha nesse mesmo país e derrotou os “opressores do povo”.

Durante a sua luta pela derrota dos opressores liderou milhares, quando apenas começara como guerrilheiro e com apenas 56 homens. Liderou milhares, torturou, assassinou, mutilou milhares, executando milhares de pobres almas que se interpuseram no seu caminho para a ascensão ao poder. A ignorância mais uma vez liderou uma revolução. As atrocidades cometidas por este “líder” e seus apoiantes nesta guerra fazem o livro “A Arte da guerra” do chinês Sun Tzu parecer um livro para crianças.

Liderou uma revolução e ascendeu ao poder, não se conformou com toda esta situação decidiu tentar a sorte em mais três países diferentes, um dos quais fora do continente que tanto ambicionava unir. Existe um ditado Árabe que diz “A ignorância é vizinha da maldade”.

Também os seus “irmãos” e “mentores” de ideologia de outros países conseguiram o mesmo número de atrocidades. Na altura decorria a guerra-fria, com a sua famosa “cortina de ferro” que separa as duas principais ideologias políticas, que iriam modificar o mundo para sempre.

Lenine em 1921, na URSS, posteriormente Rússia; proibiu a ajuda aos famintos, na sua incessante luta contra a igreja ortodoxa. Morreram seis milhões de pessoas. Anos antes a Gulag (espécie de limpeza étnica) matou milhões na Ucrânia, número que nunca será preciso devido ao número de cadáveres que ficaram por descobrir e por identificar. Em 1891 Lenine havia declarado que “ a fome tem várias consequências positivas… A fome destrói a fé não somente no Czar, mas também em deus.”

Crimes que só foram denunciados a partir de 1957. Com Estaline o número triplicou. O número estabilizou em vinte milhões de almas. A Sibéria também foi um campo de concentração e trabalhos forçados.

Mao Tse Tung na China, ordenou a invasão do Tibete onde morreram um milhão de Tibetanos, alguns dos quais enterrados vivos. O seu projecto económico alteraria profundamente a agricultura. Dez milhões de chineses não resistiram há falta de alimento. Ascendendo ao impressionante número de sessenta e três milhões de seres humanos. Número que ainda hoje continua a aumentar

Guerra civil Espanhola, um grupo de homens liderados por Angel Ciutat, ficaram famosos por torturar, esquartejar e matar padres durante a guerra.

Polónia, em 1956, uma multidão que gritava “pão e liberdade” foi brutalmente reprimida. Milhares pereceram à lei da bala.

Hungria, em 1956, uma revolução anti-totalitária leva há morte de três mil pessoas e duzentos mil refugiados.

King II Sung, Correia do norte executou o maior expurgo interno, quinhentas mil pessoas morreram, nesta sua demanda pela estabilidade do país.

Tito, na Jugoslávia. Enver Hoxa na Albânia. Ceaucescu na Roménia, Krushev e Brejnev; todos eles aniquilaram milhares através dos mesmos métodos, tortura e execução. Todos os opositores eram perseguidos, obrigados a considerar-se culpados por crimes que não tinham cometido, enquanto eram barbaramente torturados.

Pinochet, no Chile e apesar de ter renunciado ao cargo de presidente da ditadura que tinha erigido sobe a promessa de imunidade política, deixou uma herança de três mil mortos, e uma pobreza calculada em cerca de 85% da população, dos quais 75% viviam abaixo do limiar da pobreza.

Este senhor que tantos idolatram e consideram como um herói, talvez o maior herói de uma geração e de todos os tempo, também ele ajudou a elevar este número de mortos. Um número que demonstra uma das maiores chacinas a nível mundial, uma chacina camuflada. Actualmente o número encontra-se em cerca de cem milhões de pessoas. Cem milhões que foram assassinados. Dez vezes a população portuguesa.

O “tal” ídolo ajudou a erigir uma das mais longas, inquebráveis e indobráveis ditaduras que ainda decorrem hoje em dia. Uma ditadura em que o número de mortos ultrapassa os dezoito mil.

Ernesto Guevara de la Serna, filho de Ernesto Guevara Lynch e Célia de la Serna, nasceu em Rosário, Argentina, a 14 de Junho de 1928, morreu no dia 8 de Outubro de 1967 com 39 anos. Percorreu dez mil km numa velha moto, a tal épica viagem. Construiu a ilha cárcere de Cuba, depositou a sua confiança em Fidel Castro, irmão de um dos seus companheiros de armas que conheceu na sua demanda pela libertação da “opressão” do povo cubano. Criou o seu governo (leia-se ditadura militar). Teve a sua polícia política com o seu famoso “Paredóm”, uma prisão politica onde eram cometidos todo o tipo de atentados aos direitos humanos, um Tarrafal em solo Cubano, um local onde as convenções de Haia e Genebra são completamente postas de lado, em todo o solo cubano é possível encontrar inúmeros campos de trabalho forçado.

Falhou como ministro da economia cubano e como chefe da guerrilha na Colômbia, onde veio a morrer da mesma maneira que ele matava. Mutilaram-lhe as mãos, fuzilaram-no e enterraram-no numa vala comum.

Contudo ele é um herói. É simples na guerra todos matam, não existe santos. Um herói uma porra. Qual será mais desprezível o soldado que executa ordens ou o General que as ordena? Como podem fazer dele um herói quando sobre o ser nome existe mais sangue derramado do que sobre o nome de outro qualquer soldado cubano. Também ele matou com as próprias mãos. Também criou e manipulou tribunais marciais, com uma única sentença: a morte de quem se opunha. Huber Matos foi um dos primeiros. Antigo companheiro do comandante que foi executado sobe o comando de Che só porque discordou de uma ordem.

Por isso da próxima vez envergarem uma camisola, um pin, um crachá com a imagem do tão aclamado herói, façam-no com o mesmo orgulho e convicção que os nazis faziam em relação à suástica, ao símbolo das SS e a Adolf Hitler, com o mesmo orgulho das Brigadas Vermelhas, da Jihad Islâmica, com o mesmo orgulho que os seguidores de Bin Laden e da sua Al Qaeda, com o mesmo orgulho que os guerrilheiros mexicanos têm quando todos os dias raptam milhares de turistas. Mas façam-no, não escondam e sintam-se orgulhosos disso. Diferenças entre eles não devem ser muitas; todos assassinaram e assassinam, todos lutaram e lutam pela libertação do seu povo contra os opositores, todos lideraram e lideram, todos diferentes mas todos iguais.

Se podem orgulhosamente ostentar todos esses ornamentos, que impede então um grupo neo-nazi de usar a saudação nazi em publico, ou o cabelo rapado, ou mesmo uma imagem de Hitler ou Himmler? Não é da mesma maneira vergonhoso? Ou de Mossoulini?

Contra estes cem milhões de mortes a limpeza étnica que matou seis milhões de judeus na segunda guerra mundial parece insignificante, mesmo juntando o número de civis e militares mortos na segunda guerra mundial o número não ultrapassa os vinte milhões.

Da próxima vez que idolatrarem Che Guevara e os seus feitos históricos recordem o povo cubano que todos os dias tenta desesperadamente sair de Cuba, morrendo milhares afogados no Oceano Pacifico, do povo Cubano que todos os dias mergulha na miséria, em que o único meio de subsistência de um povo é o turismo e que por capricho do seu líder e dos seus mísseis nucleares se viu privado de ajuda internacional. Mas isso os seus fieis seguidores já o sabem, ou será que não? Será que tem pachorra para aprender história ou a preguiça é assim tanta que custa imenso?

Os mais ferrenhos dirão que o Comandante Che lutou ao lado do povo pelo povo e para devolver o poder ao povo. Pois claro, já agora digam também que a ditadura é uma das armas da democracia. Sem esquecer, é claro, que Cuba tem o melhor serviço de saúde do mundo e que o presidente pelo menos está no Guinness book como o presidente que faz os discursos mais longos do mundo chegando a atingir as sete horas seguidas. Sempre as mesmas respostas ao longo dos anos.

Os “Diários de Che Guevara” retratam a vida de um homem que apenas sonhava o melhor para o povo, em “Mein Kampft “ de Adolf Hitler encontramos exactamente as mesmas ideias. Coincidência? Não se trata de uma coincidência, apenas de um meio de moldar a opinião pública apelando aos seus sentimentos mais nobres, como o patriotismo e o direito a ter algo só seu, todos ficam comovidos com a “história” do pobrezinho que deixou tudo para lutar por uma causa. Chama-se a isto manipulação de massas. Uma guerra não se ganha só na frente de batalha, é preciso convencer os conquistados que o conquistador apenas os quer ajudar. E assim se fazem os mitos.

A esses que o tanto veneram Che Guevara comparo-os a um prato com presunto e ovos no qual o porco está comprometido a galinha apenas envolvida. Adoram-no porque não tiveram nem tem que viver sobre o seu jugo, adoram-no porque talvez os amigos do grupo, alguns familiares o adoram e talvez porque alguém disse que Che era um tipo porreiro, ou será que realmente concordam com o seu regime de intolerância e opressão. Os que moram em Cuba estão comprometidos, os outros apenas envolvidos.

Para os que veneram que importa que o povo cubano sofra, que importa as condições em que o povo cubano vive. Que importa tudo isso. O que importa é fazer passar a mensagem de que Che Guevara é um ícone para todas as gerações. E ainda se dizem amantes do 25 de Abril e da liberdade, do direito é igualdade. Abram os olhos e comecem a reflectir sobre a verdadeira natureza das coisas, não se deixem ficar apenas pelo que ouvem dos outros e pesquisem, não custa nada e pelo menos não fazem figura de parvos, perante este tipo de coisas que só não vê quem não quer.

Ídolos mortos são exactamente isso, ídolos mortos e nada mais. È crucial criar novos Ídolos.

Já agora sabe dizer-me o que foi a reforma agrícola em Portugal mais propriamente no Alentejo? E como desapareceu o ouro dos cofres Portugueses depois dos quatro primeiros governos provisórios após o 25 de Novembro, liderados por Vasco Gonçalves? Pesquise…

Nota: Este texto foi criado com vista uma revista para jovens. Foi recusado, segundo a editora, "o artigo é demasiado polémico..", sim eu sei que sim... eu dizia-lhes o que era polémico. A minha resposta a tudo o que me disseram foi um simples texto.

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1 comentário:

Anónimo disse...

Oh Portuga!

O oceano em que os cubanos se afogam diariamente é o Índico e nao o Pacifico.

OK