terça-feira, 1 de maio de 2007

Celebremos o 1º de Maio

Comemora-se hoje o dia do trabalhador em recordação da manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América em 1886.
Durante o dia, por todo o País, para não dizer o Mundo, iremos ouvir palavras bonitas, mas que pouco têm de substância a não ser a preocupação de ganhar mais, a subsidiodependência. É de lamentar que ninguém venha lembrar aos trabalhadores que é preciso ética, profissionalismo, vontade de melhorar a formação, para obter mais eficácia e produtividade e dessa forma, contribuir para o êxito da empresa do qual resultará a capacidade de pagar melhores salários e servir melhor os clientes.
Sem uma boa competitividade, a empresa não terá capacidade para remunerar mais os seus colaboradores, a par de uma justa retribuição do investimento (que não deve se exagerada, mas apenas na medida mais adequada).
Gosto de ser optimista e indicar saídas válidas, construtivas para os vindouros poderem ser mais felizes, mas não é fácil, porque, infelizmente, a realidade não está a ser conduzida por directrizes éticas e morais, com o culto da responsabilidade, dos deveres ao lado dos direitos...
Temos de procurar ser coerentes, lógicos, realistas e justamente exigentes para connosco e para com patrões e dirigentes. Todos temos direitos e deveres, que devem ser conjugados numa harmonia equilibrada. Um pouco de utopia é conveniente para acicatar o progresso, mas não podemos concentrar todas as energias em utopias totalmente irreais que nada de concreto nos trarão. Não devemos ignorar as circunstâncias, quando queremos construir algo de real, útil e conveniente para a sociedade actual e vindoura.

16 comentários:

Anónimo disse...

Certamente que muita coisa há ainda por fazer...
Celebremos o 1º de Maio.

Jorge P. Guedes disse...

Meu caro amigo João:

"Sem uma boa competitividade, a empresa não terá capacidade para remunerar mais os seus colaboradores, a par de uma justa retribuição do investimento (que não deve se exagerada, mas apenas na medida mais adequada)."

Começando por realçar esta consideração, pergunto:
- quem determina o que é uma justa retribuição?
- O que é uma retribuição justa mas não exagerada?

Passando ao comentário, considero que a chamada de atenção para a necessidade dos trabalhadores se convencerem do seus deveres é adequada, embora não me pareça que hoje em dia ainda haja muita gente com a cabeça no PREC!
Os trabalhadores, hoje, trabalham bem de uma forma geral, desdobram-se em funções dentro da empresa ou do serviço em que labutam. Temem ser despedidos e não encontrar emprego. Fazem, no fundo, muito mais do que aquilo para que foram contratados.
Têm deveres, claro! O dever de ser pontual, de cumprir com zelo e lealdade as suas funções, mas também direitos que, aos poucos, lhes vão sendo retirados (os que tinham) e nenhum é acrescentado.
Em tais condições, a motivação para o trabalho existe apenas pelo receio da perca do emprego.
Não é justo nem benéfico para ninguém que assim seja.

Dei, como sempre, a minha opinião sincera, respeitando quem pense de outra forma.

Um abraço.

Anónimo disse...

Dia do Trabalhador...


Não vou falar do dia do trabalhador no seu conceito histórico.
Apenas peço que tentem acompanhar este meu raciocínio:
É dia dos que trabalham, indiferentemente da profissão.
É dia dos patrões, os que trabalham e dão emprego.
É dia dos desempregados, os que não trabalham porque não têm trabalho.
É dia em que aqueles que têm trabalho, descansam.
É dia dos que sem trabalho, descansam, mas apenas queriam trabalhar.
É dia dos que nunca tiveram trabalho, mas gostariam de ser trabalhadores...
É dia dos que têm trabalho, reclamarem aumentos de ordenado.
É dia dos que têm trabalho, apelarem a greves ao trabalho.
É dia dos patrões dizerem, que não podem pagar mais...
É dia dos que ontem foram despedidos e não têm trabalho.
É dia dos que amanhâ vão começar um trabalho novo.
É dia de procurar trabalho nos anúncios de emprego.
É dia do Trabalhador não trabalhar, porque é feriado.
É dia de muitos trabalhadores trabalharem, mesmo sendo feriado.
É dia dos trabalhadores reformados que já trabalharam e gostariam de trabalhar de novo.
É dia dos que trabalham e gostariam de se reformar.
É um dia banal, como banal está o mundo!


Abraço caro AJS

Amaral disse...

A. João Soares
Passei pelo seu blog para lhe deixar um abraço e para lhe desejar um bom dia do trabalhador.
Já o acrescentei à minha lista de amigos "ad litterianos"
Abraço

A. João Soares disse...

Caros Amigos Ludovicus, JPG, M Relvas e Amaral, agradeço a vossa visita.

O tema deste post merece reflexão e não ficar apenas por palavras formais, de circunstância, como é uso na sociedade. Há realmente muito a fazer nas relações laborais, como em todo o relacionamento social, nuns sectores de uma forma noutros de outra.

A justa retribuição que chamou a atenção do JPG não é uma matemática simples. A retribuição do investimento deve ser ligeiramente superior ao investimento em fundos de investimento ou outros que, sem grande risco, não exigem grandes atenções e lucubrações e, se o investidor trabalha na gestão da empresa, deve receber o correspondente a esse trabalho. E quanto à distribuição dos lucros, seria óptimo que os representantes dos trabalhadores pudessem ter uma palavra, visto que os trabalhadores também são um factor importante da produtividade.
Quanto a isto, recordo que numa visita do PR em 1975 à ex-Jugoslávia, depois de reuniões com Josep Bros Tito e outras entidades da hierarquia do Estado, visitámos os estaleiros de Rijeka, perto da península de Ístria onde o responsável máximo depois de falar da actividade da empresa que estava com uns lucros muito apreciáveis, ao responder a uma pergunta sobre a distribuição destes, referiu a melhoria da segurança, das condições de trabalho, de ampliação, etc, em que os sindicatos eram chamados a dar parecer, mas havia uma grossa percentagem cujo destino era decidido pela administração (para isso é que ela existia) sem os ouvir. Enfim, uma democracia muito sui géneris. Mas nas nossas empresas com capitais públicos, parece que os trabalhadores não participam minimamente no destino dos lucros. E há instituições em que, haja lucros ou não, os gestores ficam sempre com grossas fatias, como os jornais há pouco tempo trouxeram a público a, propósito de empresas municipais. E no Banco de Portugal? E na ERSE? E na GALP?. Etc. A preocupação apontada por JPG continuará nos nossos espíritos e é bom que não seja esquecida.

O M Relvas enumera uma série de pontos de reflexão todos merecedores de meditação e que bem evidenciam a complexidade do fenómeno trabalho e suas implicações nas mais diversas situações. Seria bom que nos órgãos do Poder que devem tomar decisões sobe os recursos humanos nacionais, fosse dedicado algum tempo a cada uma das alíneas listadas nesta relação que é quase exaustiva.

Ao Amaral agradeço a atenção da visita e a simpatia de me incluir na sua lista de amigos. Espero não desmerecer esse privilégio

Abraços e um bom mês das flores e do coração
A João Soares

ANTONIO DELGADO disse...

Caro A. João Soares, Concordo com aquilo que diz mas sobre o ponto de vista empresarial Portugal não é exemplo porque a mentalidade do empresário português não é a de criar riqueza é GANHAR RIQUEZA PESSOALMENTE. E esta atitude tão diferente, dos países do norte da Europa, reflecte-se em todo a orgânica empresarial com graves problemas na economia nacional. Muitos dos nossos empresários são movidos pelo desejo do lucro fácil exploram descaradamente os colaboradores e se são emigrantes pior ainda. Não é novidade para ninguém esta realidade que tanto jornais a televisão e rádio dão Ecos. Não posso falar em ética e profissionalismo quando na classe empregadora ela não existe. nem agora nem nunca. Isto não quer que não haja empresários exemplares, mas são poucos em Portugal e segundo parece as leis portuguesas não ajudam nada. Talvez aquilo que propõe “Ética e profissionalismo” “deveres e obrigações” deviam de ser dadas primeiro pelos empregadores para que houvesse reciprocidade de valores mas não é assim. Veja como se lapidaram subsídios comunitários por empresários e políticos, alguns conluiados, para vermos esses dinheiros aplicados em carros de alta cilindrada, piscinas e vivendas particulares. E muito desse dinheiro era para formação. Não se compreende como se fazem fortunas e em três dias etc. Como pode haver ética ou profissionalismo quando um trabalhador que procura melhorar na sua formação e está abrangido por leis que o salvaguardam é o próprio patrão que não permite ou deixa ir fazer uma frequência ou frequentar aulas, na universidade porque isso colide com o interesse da empresa. Em que ficamos, no lucro fácil do empresário na exploração do trabalhador ou numa economia estagnada por falta de cultura empresarial e por falta de formação humana e qualificação...onde cabe a ética em todo isto?

um abraço
António Delgado

A. João Soares disse...

Caro António Delgado,
Compreendo perfeitamente o que diz com todo o peso de quem está ao corrente das realidades.
Uma coisa são as boas intenções de quem usa as palavras para definir o que seria ideal, outra coisa é o dia-a-dia de quem sofre e sente as consequências da desordem que reina na vida prática. Mas isso não impede que continue a abanar-se a árvore para cair a fruta podre, a estimular as pessoas para pensarem contra a resignação e a submissão, para que a pressão comece a fazer-se sentir e o panorama se torne mais agradável.
Estou convicto de que o povo mais desprotegido não pode cruzar os braços à espera que sejam os poderosos a cederem parte do seu poder para beneficiarem quem tudo precisa e pouco tem. O movimento, mesmo que desorganizado, tosco, tem de começar por baixo.
Um exemplo prático tem sido verificado com as manifestações contra o fecho de maternidades e centros de saúde. O ministro tem-se visto obrigado a recuar.
O resultado das campanhas dos bloguistas no sentido de acordar os dorminhocos aparece só ao fim de muito tempo, pelo é preciso persistência e paciência.
Um abraço
João Soares

ANTONIO DELGADO disse...

Amigo João Soares é bem lúcida a tua observaçãom, mas por vezes noto que a desmotivação das pessoas é tão grande que dá pena. Elas estão cada vez mais presas as suas circunstancias e necessidade mais prementes. Assim tudo se torna mais dificil e o espirito agregador e a vontade de transformar é mais fraco. É verdade que a nossa actividade (bloggers) ajuda devido à informação que circula de forma muita fluida no entanto devemos de nos recordar que só uma minoria tem computador e dentro dessa minoria só outra se preocupa com estas questões o que quer dizer que é infima a acção apesar de existir. Mas nesta "sociedade do Espectaculo" não sei ate´que ponto tudo isto não é espectaculo e entretenimento e nós mesmos não somos actores desse espectaculo...penso muito nisto.

Um abraaço bem fraterno.
Antonio Delgado

A. João Soares disse...

Caro António Delgado,
Não devemos deixarmo-nos vencer pelo pessimismo. Sem uma ponta de optimismo, de fé, de esperança, nada conseguiremos. Se acha que uma solução não será a mais eficiente, imagine outra que seja melhor.
Pelas suas palavras, vê-se que reconhece que há desinteresse, adormecimento nas pessoas. Então, não podemos deixar de fazer qualquer coisa para as acordar.
É certo que os blogues não são lidos por muita gente, mas os jornais também não e são mais facilmente controlados pelos governos!
O conteúdo dos blogues não chega apenas a quem os lê mas vai até aos ouvidos de quem conversa com quem os lê.
Não esqueça que devagar se vai ao longe, mas ficar parado não leva a qualquer lugar.
Um abraço
A J S

Anónimo disse...

"NORTE NUNCA BETEU TÃO FUNDO"



«Norte à beira da última oportunidade»
Alexandra Figueira, e Carla Soares
«" Norte está no seu pior momento". A frase é do presidente da Comissão de Coordenação do Norte (CCDRN), Carlos Lage, mas basta olhar para alguns indicadores económicos e percorrer as ruas das maiores cidades ou das vilas mais pequenas para se perceber que a base económica tradicional está a desaparecer e que o peso dos seus representantes políticos é cada vez menor. No global, vive-se hoje pior no Norte do que há uma ou duas décadas e a qualidade de vida não pára de diminuir.Há vinte anos, o Norte ostentou o título de uma das dez regiões mais industrializadas da Europa, lembra Valente de Oliveira numa entrevista a publicar amanhã; em 2004 (últimos dados disponíveis), estava em quarto lugar, mas no ranking das mais pobres e a uma distância cada vez maior dos parceiros europeus. Entre os Quinze, só três regiões (todas elas gregas) produzem menos riqueza por habitante.A completa reviravolta no nível de vida das populações também é óbvia quando se olha só para Portugal. Há uma década, o Norte estava à frente do Centro e Açores e empatado com o Alentejo; em 2004 foi, de longe, a que menos riqueza por habitante produziu.Tão sustentada tem sido a decadência económica dos últimos anos, com impacto directo na qualidade de vida das gentes, que há investigadores a duvidar da sua capacidade de recuperação. É já claro que acabou o modo de vida que fez do Norte a região mais rica de Portugal. O que se segue pode ser uma espiral de perda, da qual dificilmente se sairá. Ou uma nova filosofia de trabalho que volte a fazer do Norte um motor económico do país.Depois do diagnósticoTodos os avisos estão feitos e todos os caminhos apontados. E até o dinheiro necessário vai ser posto no colo das gentes do Norte por Bruxelas. O Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) será o último grande pacote financeiro a que Portugal, e o Norte, terão direito. Se repetir o que fez nos últimos 20 anos e desperdiçar esta verba, de 2,7 mil milhões de euros, poderá nunca mais encontrar oxigénio suficiente para sobreviver. Quanto ao que fazer com os milhões de Bruxelas, as soluções são relativamente consensuais e passam sobretudo por produtos e formas de trabalhar inovadoras, de valor acrescentado. É precisamente o que têm feito algumas empresas, até dos sectores em crise como o têxtil e o calçado, mas não a vasta maioria, que já começou a desaparecer e a arrastar o Norte para o mais alto nível de desemprego do país.A nível político, descentralização é a palavra mais ouvida, seja através da transferência de competências para entidades mais próximas dos cidadãos, seja pondo no terreno a regionalização. Antes dessa transferência (ou no seguimento dela, defendem alguns especialistas) são precisos líderes capazes de reunir competências em torno de objectivos comuns - um apelo repetido, mas ainda com pouco impacto prático. Bairrismos à partePara que as soluções cheguem ao terreno é primeiro preciso que todo o país, e não apenas a região, tome consciência da perda global que representa um Norte fraco e deprimido. "É uma questão nacional, não regional", lembra a deputada europeia Elisa Ferreira. É por causa do mau desempenho da economia nortenha que Portugal recebeu uma nota negativa na caderneta comunitária, no ano passado. E tudo indica que, pelo menos em alguns indicadores, a situação ficará pior antes de melhorar. É o caso do agravamento do desemprego na região, dado como certo por várias pessoas ouvidas neste trabalho e cujo impacto esperado nas contas nacionais o torna uma prioridade para todo o país.O Norte alberga dois terços dos trabalhadores e responde, ainda hoje, por 30% de toda a riqueza nacional. Não é, por isso, possível esquecer a coesão nacional e pedir um país moderno. E pensar que o Norte é o Porto, deixando de lado o Minho, a raia com Espanha, o Douro ou Trás-os-Montes é desfocar o problema.Os governos têm olhado demasiado para o próprio umbigo para atalhar a crise enquanto é tempo; e os agentes da região desperdiçaram apoios de Bruxelas e têm-se perdido numa miopia pedinchona, sem capacidade para criar dinâmicas virtuosas. Mas tempo é um luxo cada vez mais escasso. E as oportunidades também.»
in JN
Ao tempo que alerto para isto...O Porto está de rastos, tal como toda a região Norte! Não adianta pedir melhores salários, se nem empregos há. As empresas fecham em ritmo alucinante. O aparecimento de novos empresários é uma miragem.Mas virão aí piores momentos, há muita pobreza envergonhada, mas será bem mais visível em breve, porque não se poderá esconder mais. Passem pela "Cáritas" em Braga e vejam a quantidade de pessoas bem vestidas, que disfarçadamente ali vão pedir sopa!A criminalidade mediante este barómetro disparará para índices mais elevados, uma vez que é directamente proporcional.

Com um abraço caro João Soares e comentadores

Mário Relvas

A. João Soares disse...

O problema é grave. É preciso grande dose de fé e esperança para não cair num pessimismo patológico.
Mas, amigos, há quem esteja atento aos nossos gritos de alerta:

Este post foi transcrito do Do Miradouro pelo jornal PÚBLICO, suplemento P2, página 2, de 2 de Maio, e foi-lhe dado o título «Direitos e Deveres».

O blogosfera tem um papel importante para incitar à reflexão. Utilizemo-la!
Abraços
A. João Soares

Anónimo disse...

Concordo quando referem a blogosfera como um meio de divulgação... mas por outro lado também não posso deixar de concordar quando o A.Delgado diz que somos muito poucos , pois a maioria dos que mais sofrem com este tipo de politica , nem sequer pode comprar um computador, quanto mais ter intenet.
Acreditem que no interior existe muita gente que não tem dinheiro para pagar a electricidade, para isso tem que andar a contar os centimos. E o vizinho ao lado normalmente troca de "Jipe" ou carro de tracção as 4 rodas de cada vez que recebe mais um dos subsidios vindos de bruxelas (São os tais agricultores que vivem em dificuldades) nomeadamente aqui no Alentejo. Os que trabalham muitas vezes são contratados à tarefa diária e nem sequer lhes pagam a segurança social. Por isso meus amigos Penso realmente que o problema está na falta de uma entidade fiscalizadora ou reguladora; senão não chegamos a lado nenhum...

ANTONIO DELGADO disse...

Amigo A.João Soares, Não sabia que tinha feito referencia à noticia publicada pelo Publico, sobre este seu artigo o 1º de Maio... Permita-me felicita-lo por ele. O facto também é revelador que há um discurso, além do discurso jornalístico que é igualmente lido e “ouvido”. Isto remete-me para a sua resposta ao meu anterior comentário. De verdade que não sou pessimista não serei é um falso optimista. E aquilo que expressei é uma curiosidade para a qual ainda não encontrei resposta. Apesar de não ter afirmado antes, acho as suas ideias muito de encontro com as minhas. Para terminar: achei boa ideia integrar esta troca de opiniões e irei fazer um copy do meu anterior comentário para dar sequência ao do amigo João Soares deixado no meu blog.

Um abraço fraterno
António

ANTONIO DELGADO disse...

Amiga XReis, Essa é uma grande questão a justificação dos dinheiros para onde vão ou são aplicados em quê?. .INFELIZMENTE ISSO EM PORTUGAL NUNCA SE FEZ. E o que vemos são fortunas a surgirem de um dia para o outro, de forma descaradamente suspeita assim como a compra dos tais jipes que refere. Não posso afirmar mas parece-me que há redes montadas dentro do próprio Estado a distribuir dinheiros comunitários que ninguém fiscaliza...nem a própria CE e depois vemos o nosso atraso em relação a outros países que partiram nas mesmas condições ou puior que nós na adesão à comunidade . Projecto em Portugal quer dizer o mesmo que defraudar, já o afirmou Vasco Pulido Valente, Antonio Barreto, Moises Espirito Santo e muitos outros. E quando falo em projecto estou a dizer , a candidaturas a dinheiros comunitários para qualquer coisa na agricultura, nas Camara municipais, para formação, investigação nas universidades etc etc.. Diz muito bem não há nenhuma ENTIDADE FISCALIZADORA e eu acrescentaria mas deveria de ser séria! .

UM ABRAÇO FRATERNO

Jorge Casal disse...

amigo A. João Soares
Fala-se muito em ética, de facto. A meu ver, tem muitas acepções (profissionalismo, honestidade, seriedade, moralismo, etc.). Uma dessas acepções vai de par com os conceitos populares de «bons costumes», «moral/imoral» (no sentido do que é legítimo ou não fazer) e, sobretudo, de «honradez». A transmissão do valor «ética» (honradez, bons costumes) só é eficaz quando o exemplo «vem de cima». Caso contrário temos a ditote do Frei Tomás (que prega uma coisa e faz outra) e a hipocrisia. A Ética é um dos poucos valores sociais que se expandem de cima para baixo. Caso contrário há «costumes do povo» por um lado e das classes elevadas por outro, «povo honrado» e elites corruptas, etc. Ora, como todos sabemos, as «nossas» elites (políticos, juízes, empresários, jornalistas, etc.) são muito pouco notados pela sua «honradez» enquanto a «honradez» era específica do povo. A ética é um valor específico duma cultura. Há culturas que assumem a mentira como válida, portanto, a mentira faz parte da ética.

Eu temo que as muitas referências que os políticos e líderes fazem à Ética sejam um modo como outro de exigirem dos outros o que eles não praticam A propósito da palavra lembro-me da obra «Ética Protestante e Espírito do Capitalismo», de Max Weber, em que este demonstra que o protestantismo inventou o «capitalismo moderno» (um modo racional e legítimo de enriquecer PELO TRABALHO, com exclusão liminar da fraude) enquanto o capitalismo que conhecemos no mundo católico (e asiático) pode confundir-se com a exploração humana e a fraude financeira.

abraço

Jorge Casal

Ps. este comentário está também nos Blogs ALcobaça: Gentes e frentes e Ecos e Comentarios

A. João Soares disse...

Caro Jorge Casal,
E assim as ideias avançam em cogitações sucessivas, desvendando paisagens cada vez mais interessantes. O exemplo é ideal para a aprendizagem que leva os menos esclarecidos a seguir os mais iluminados. Infelizmente, as notícias que, com frequência, nos chegam não evidenciam bons exemplos da chamada elite, antes pelo contrário. Se todos nós os imitássemos depressa viria o Apocalipse.
O sua alusão ao protestantismo que fez evoluir os países da Europa do Norte e esta minha ocasional referência ao Apocalipse, fez-me pensar na parábola dos talentos (Mateus 25,14 e Lucas 19,12) que, aos olhos do anti-capitalistas de hoje, é uma imoralidade, um apelo à ganância. Mas... as coisas podem ter os significados mais variados, dependendo da forma como são interpretadas.
Mas, não há dúvidas que a sociedade portuguesa tem necessidade de melhores elites, norteadas por melhores sistema de valores, melhores padrões de comportamento.
Um abraço
A. João Soares