domingo, 10 de junho de 2007

Banca cria lucros explorando os clientes

Grande banca lucra 8,7 milhões por dia

Paula Cordeiro, no DN, 070610

A margem financeira cresceu 35,8%
Os grandes bancos nacionais ganharam 8,7 milhões de euros por dia, no primeiro trimestre deste ano, mais 21% que em cada dia do mesmo trimestre de 2006, quando os ganhos diários foram de 7,1 milhões de euros. De acordo com cálculos feitos pelo DN, as cinco grandes instituições de crédito portuguesas viram os seus resultados aumentar quase tanto como os dos 13 maiores bancos europeus, cujos lucros cresceram 29,9% até Março. Os valores absolutos é que são bem diferentes.

O aumento dos lucros da banca ocorreu num quadro de subida de taxas de juro, com os bancos a registarem subidas significativas nas suas margens financeiras. Com efeito, os cinco grandes bancos portugueses - Caixa Geral de Depósitos, Millennium bcp, Banco Espírito Santo, Banco Santander Totta e Banco BPI - obtiveram, por dia, 17,8 milhões de euros de margem financeira, contra 13,1 milhões cobrados no ano passado. Ou seja, este foi o montante arrecadado diariamente pelos grandes bancos, resultante da diferença entre os juros cobrados sobre os empréstimos e as mesmas taxas pagas sobre as aplicações financeiras. Nos primeiros três meses, a margem financeira dos cinco grandes aumentou 35,8%, face ao ano anterior.

Seis milhões por dia

Com os bancos a ganharem mais dinheiro por via da subida dos juros e mercê de uma concorrência cada vez mais forte, as comissões cobradas abrandaram ligeiramente neste primeiro trimestre de 2007, com um crescimento mais reduzido que nos últimos tempos.

Assim, os cinco maiores bancos portugueses cobraram, por dia, 6,6 milhões de euros em comissões no primeiro trimestre deste ano, enquanto no mesmo período do ano passado tinham cobrado 5,9 milhões de euros diariamente, que se traduz num aumento homólogo de 11,8%, bem abaixo do verificado pela margem financeira.

De salientar que os grandes bancos portugueses avançaram, no início deste ano, para uma estratégia de fidelização de clientes, que passa pela eliminação de comissões para pacotes de produtos e serviços, cujo impacto só será mais visível nos números de final do ano.

Mas se o aumento dos lucros se explica, em parte, pelo aumento destas duas principais componentes do produto bancário - margem e comissões - o seu crescimento também se justifica por uma forte moderação dos custos, nomeadamente, os custos operacionais.

Assim, na mesma análise diária, os cinco grandes bancos nacionais gastaram, por dia, 14,2 milhões de euros nas suas despesas de funcionamento, administrativas e com pessoal. Trata-se de um aumento moderado de 4,4%, face ao mesmo período do ano passado, quando estes instituições gastaram diariamente 13,6 milhões de euros.

Uma moderação de gastos difícil de manter nos próximos tempos, atendendo aos planos de expansão de rede já anunciados por todos os grandes bancos, quer em Portugal, quer no estrangeiro.

NOTA: É oportuno relembrar a exploração dos bancos aos seus clientes, referida no post colocado em 24 de Maio. Cartão multibanco explora o cidadão. Se o cliente não se defender por todos os modos ao seu alcance fica depenado. Desde o Estado ao botequim, está todo o mundo a mexer no nosso bolso. Temos que ter muito cuidado. Um deles é verificar quem nos serve melhor antes de fecharmos qualquer negócio. E se este não for mesmo necessário, devemos deixar de o fazer. Não acreditar nas propostas que nos fazem sem verificarmos se são do nosso interesse e se há alternativas mais favoráveis a preferir.

8 comentários:

Jorge P. Guedes disse...

Acho que estes números dizem quase tudo sobre a política económica e social deste governo.

Um abraço.

Anónimo disse...

De que lado estão os governantes? Dos pobres ou dos ricos?

A. João Soares disse...

Caros JG e Deprofundis,
Que grande sabedoria está em apoio dos vossos comentários! Sintéticos, sem gasto de palavras e dizem tudo. Só não compreende quem não quer!!!
Abraços

João Soares disse...

Para financiar o ALLPortugal, futebol, fado e Fátima e "grandes obras" como incomreensívelmente a OTA e TGV e o credito ao consumo....pais de faz de conta sontinua nos proximos tempos....
A.Joao Saores agradeço a visita a este meu Dossier
http://bioterra.blogspot.com/2007/06/dossier-ota-noportela1sim.html
Sejamos a imensa minoria!!!

Meg disse...

Mas caro João,
Os números em relação aos bancos são obscenas... só!
Quanto à Ota, será que vamos ter um volte-face?
Recuo ou manobra?
Um abraço

A. João Soares disse...

Cara Meg,
Grande parte dos portugueses estão a enfrentar enormes carências, mas os bancos estão a ter lucros imorais. E não são só os bancos, Já reparou na sua factura da água? O custo da água é uma minúscula fracção do total.
Quanto à Ota espero que o Governo deixe de ser teimoso e de falar em desertos e mande fazer estudos por pessoas isentas. Teria sido preferível que tudo tivesse iniciado bem, mas se recuarem para uma escolha criteriosa do local, já merece alguma consideração.
Beijinhos

CORCUNDA disse...

Já aqui há uns tempo tinha feito um post lá no meu pasquim electrónico sobre o assunto. Enquanto uns se fortalecem outros vão enfrquecendo para os alimentar.
Abraço.

A. João Soares disse...

Caro Corcunda,
O País, e parece que o Mundo, não tem mecanismos que impeçam o desequilíbrio na distribuição da riqueza gerada pelo desenvolvimento. Quem tem poder para criar esses mecanismos, não tem interesse nisso, porque, em resultado da posição que ocupa e de que abusa o máximo em seu benefício pessoal, pertence ao grupo dos beneficiados com esse desequilíbrio. Isto é indiscutível, bastando ver a lista dos reformados com «pensões» milionárias acumuladas, quase todos tendo passado pela política e por cargo de nomeação pelo Poder.
«Eles comem tudo e não deixam nada» como disse o poeta Zeca Afonso.
Abraço