segunda-feira, 2 de julho de 2007

A liberdade, valor de cidadania

Um tema sempre actual, agora aplicado a um caso concreto. Este texto de José Ferrão foi extraído do seu blogue Ferrao.

A liberdade, é como a linguagem não verbal: tem o condão de revelar cada um por aquilo que realmente é, e não por aquilo que gostaria de transmitir aos outros.

A diferença, é que eu posso utilizar ou não a minha liberdade, conforme eu quiser, ao passo que a linguagem não verbal, essa transmite-se independentemente da minha vontade.

A liberdade que assiste ao primeiro ministro José Sócrates para utilizar um título académico na sua cerimónia de investidura no governo, é a mesma liberdade que assiste ao prof António Caldeira, para investigar publicamente a legitimidade desse mesmo título académico.

A utilização da liberdade por cada um deles, vem revelar ao público em geral o conhecimento público das qualidades de cada um.

O primeiro, viu-se forçado a recorrer à via judicial para procurar completar a mensagem que não conseguiu transmitir no programa de televisão que promoveu para justificar a utilização indevida de um título académico, que entretanto teve que abandonar;

O segundo, granjeou uma onda de reconhecimento que se prepara para juntar forças numa luta desigual entre um aparelho de estado e um simples cidadão.

Essa onda de reconhecimento surge, não pelo facto da luta ser desigual mas porque as pessoas sentem que o que está em causa é a própria liberdade como valor de cidadania.

As pessoas gostam de assistir à utilização que cada uma faz da sua liberdade individual, para lhes poder tirar o retrato daquilo que elas realmente são, independentemente do certificado ou do título que ostentem.

A liberdade é um valor que pertence a todos por igual, e não pode em caso algum ser apropriada seja por quem for, nem mesmo por aqueles que possuem como missão exercer a defesa dessa mesma liberdade.

José Ferrão

3 comentários:

Isabel Filipe disse...

Está fantástico este texto.

Obrigada pela partilha.

bjs

Anónimo disse...

LIBERDADE

faculdade de uma pessoa poder dispor de si, fazendo ou deixando de fazer por seu livre arbítrio qualquer coisa;

gozo dos direitos do homem livre;

independência;

autonomia;

permissão;

ousadia;

(no pl. ) regalias;

(no pl. ) privilégios;

(no pl. ) imunidades.


- de consciência: direito de emitir opiniões religiosas e políticas que se julguem verdadeiras;

- de imprensa: direito concedido à publicação de algo sem necessidade de qualquer autorização ou censura prévia.

- individual: garantia que qualquer cidadão possui de não ser impedido de exercer e usufruir dos seus direitos.

Será que nos querem tirar estes direitos?

A. João Soares disse...

Caro Ferroadas,
Agradeço esta visão panorâmica de liberdade. Muito completa.
Lá querer tirar, certamente querem, mas têm receio de nós não gostarmos e reagirmos, o que os obrigaria a recuar como tem feito o ministro da Saúde!
Mas, lentamente, tirarão esses direitos como têm tirado muitos outros, a pouco e pouco, e o povo anestesiado com os discursos, em voz robótica, de optimismo inseguro como quando o PM disse que tinha «a certeza de que cada um de vós dará o seu melhor para um país mais justo, para um pais mais pobre (...)
Lá no fundo, eles não estão convictos da propaganda que nos atiram aos olhos e os ouvidos.
Abraço