Em aditamento ao post Tragédia nas estradas, é indispensável bater repetidamente no tema a fim de que as pessoas comecem a pensar com muita seriedade no problema que em férias e épocas festivas enlutam tantas famílias.
Não é problema fácil de resolver, porque os governantes têm-se mostrado muito canhestros na forma como têm pretendido resolver o problema. Não pomos em dúvida de que a sua intenção tenha sido reduzir o número de vítimas, mas a verdade é que não o conseguem, enquanto não tomarem medidas eficazes conducentes a esse desiderato. As medidas tomadas são o oposto do desejado. Vejamos alguns exemplos:
A legislação nada tem de racional. De cada vez que se convencem que o problema é grave, fazem mais leis a alterar as anteriores sem procurarem se a culpa era da lei. Daqui resulta uma profusão e confusão tal que poucos portugueses conhecem o código. Se quisessem conhecê-lo teriam de adquirir e de ler atentamente um enorme e confuso volume de diplomas legais com inúmeras alterações. Haverá alguém que se convença que o pedreiro José de Areola, Meda, ou o taberneiro Manuel de Alhais de Cima, Vila Nova de Paiva, conhecem todos esses pormenores legais? Ora, se apenas os advogados e mais meia dúzia de cidadãos conhecem a lei, para que serve ela? Apenas serve para os políticos argumentarem que fizeram lei.
A sinalização é um convite à infracção. Passeando calmamente ao longo de ruas e estradas com o olhar atento nos sinais, conclui-se que, provavelmente, um sinal de 50 Km/h é colocado porque o «técnico» acha que ali é perigoso circular a mais de 100/h. Depois, se ali houver um despiste de um carro que circulava a 120, os sábios do trânsito raciocinam – se com o sinal de 50 houve um despiste, então é preciso baixar para 30. Inteligentes!!! E, assim, num local onde se podia passar a 100 fica, por imposição do sinal, proibido circular a mais de 30. Bonito, não é? Há dias passei na 3ª circular entre Alcabideche e Birre, uma via rápida com algumas características de auto-estrada. Na descida para a ponte da ribeira das Vinhas, há umas curvas que podem ser percorridas a 80 com segurança e sem casas dos lados nem possibilidade de atravessamento de pessoas, e espantosamente, está lá um sinal de 30. Porquê? Para quê? Só se for para a caça à multa. Dentro de Cascais, na avenida 25 de Abril, entre o hotel Cidadela e a praça Sá Carneiro, há um troço com o sinal de 30, e esse troço tem uma corrente metálica contínua na beira dos dois passeios que impede a travessia de peões. Como se explica?
O bloqueio das rodas é um contra-senso. Se acham que multar não é suficiente, então devem rebocar o carro. Porquê? Porque se ali é proibido estacionar é porque o carro prejudica algo. Se a roda é bloqueada, o condutor quando chega não pode retirá-lo e tem que esperar que venha a autoridade fazer o desbloqueamento, o que significa que será aumentado o prejuízo para terceiros causado pelo estacionamento. Qual a razão para se aumentar o incómodo para um inocente pelo prolongamento do tempo do carro ali estacionado? Quem consegue explicar isto?
Talões colados no pára-brisas para quê? É obrigatório colar os comprovativos do seguro, do imposto autárquico e da inspecção periódica, porquê e para quê? Certamente apenas para tornar o vidro mais opaco. É que as notícias das operações stop, dizem que o número de carros detectados sem seguro é, normalmente elevado. Se fosse respeitado o espírito do legislador, certamente, poucos dias depois de acabar o prazo para a compra do selo, ou do fim da validade do seguro ou da inspecção, o dono do carro seria intimado a pagar a multa respectiva. Não sendo assim, ignora-se porque se mantém esse uso anacrónico e inútil.
Há muitos mais casos para ilustrar a falta de lógica e racionalidade na gestão da segurança rodoviária. Como diz o colega do Leão Pelado, basta ir aos países mais evoluídos da Europa e copiar o que eles têm de melhor e, depois não fazer muitas adaptações para não estragar.
A Decisão do TEDH (389)
Há 4 horas
4 comentários:
Os portugueses são pessoas adoráveis mas nas estradas parece que muitos condutores falhassem uma carreira como piloto f1 . Custa-me exactamente uma semana para habituar ao estilo de conduzir. Um país maravilhoso mas tem cuidado com os diabos de velocidade. Um belga que ama Portugal
Caro Alfacinha,
Obrigado pela visita e o comentário. Parabéns pela sua CASA PORTUGUESA, pela arte e o bom gosto deste seu blog e, principalmente, pela perfeição com que fala a língua de Camões, embora precise de alguns aperfeiçoamentos. É uma língua difícil.
Os portugueses temos virtudes e defeitos como todo o mundo. Mas um dos defeitos é procurar esconder desgostos e frustrações através de actos arriscados como são as loucuras da condução. É pena que morram tantos jovens nas estradas e levem com eles pessoas inocentes.
Um abraço
Dramático, este caso.Uma família inteira ceifada na flor da vida.
Beijinhos
Cara Sophiamar,
É realmnte um drama, muito dramas. Devidos a descuido, irresponsabilidade, inconsciência de um insensato. E assim são ceifadas pessoas inocentes na flor da vida. Não são apenas actos suicidas, como é dito em Mentira, mas também actos homicidas, por falta de cuidado, por ngligência, imprudência.
Um abraço
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