sábado, 11 de agosto de 2007

Tragédia rodoviária

Em aditamento ao post Tragédia nas estradas, é indispensável bater repetidamente no tema a fim de que as pessoas comecem a pensar com muita seriedade no problema que em férias e épocas festivas enlutam tantas famílias.

Não é problema fácil de resolver, porque os governantes têm-se mostrado muito canhestros na forma como têm pretendido resolver o problema. Não pomos em dúvida de que a sua intenção tenha sido reduzir o número de vítimas, mas a verdade é que não o conseguem, enquanto não tomarem medidas eficazes conducentes a esse desiderato. As medidas tomadas são o oposto do desejado. Vejamos alguns exemplos:

A legislação nada tem de racional. De cada vez que se convencem que o problema é grave, fazem mais leis a alterar as anteriores sem procurarem se a culpa era da lei. Daqui resulta uma profusão e confusão tal que poucos portugueses conhecem o código. Se quisessem conhecê-lo teriam de adquirir e de ler atentamente um enorme e confuso volume de diplomas legais com inúmeras alterações. Haverá alguém que se convença que o pedreiro José de Areola, Meda, ou o taberneiro Manuel de Alhais de Cima, Vila Nova de Paiva, conhecem todos esses pormenores legais? Ora, se apenas os advogados e mais meia dúzia de cidadãos conhecem a lei, para que serve ela? Apenas serve para os políticos argumentarem que fizeram lei.

A sinalização é um convite à infracção. Passeando calmamente ao longo de ruas e estradas com o olhar atento nos sinais, conclui-se que, provavelmente, um sinal de 50 Km/h é colocado porque o «técnico» acha que ali é perigoso circular a mais de 100/h. Depois, se ali houver um despiste de um carro que circulava a 120, os sábios do trânsito raciocinam – se com o sinal de 50 houve um despiste, então é preciso baixar para 30. Inteligentes!!! E, assim, num local onde se podia passar a 100 fica, por imposição do sinal, proibido circular a mais de 30. Bonito, não é? Há dias passei na 3ª circular entre Alcabideche e Birre, uma via rápida com algumas características de auto-estrada. Na descida para a ponte da ribeira das Vinhas, há umas curvas que podem ser percorridas a 80 com segurança e sem casas dos lados nem possibilidade de atravessamento de pessoas, e espantosamente, está lá um sinal de 30. Porquê? Para quê? Só se for para a caça à multa. Dentro de Cascais, na avenida 25 de Abril, entre o hotel Cidadela e a praça Sá Carneiro, há um troço com o sinal de 30, e esse troço tem uma corrente metálica contínua na beira dos dois passeios que impede a travessia de peões. Como se explica?

O bloqueio das rodas é um contra-senso. Se acham que multar não é suficiente, então devem rebocar o carro. Porquê? Porque se ali é proibido estacionar é porque o carro prejudica algo. Se a roda é bloqueada, o condutor quando chega não pode retirá-lo e tem que esperar que venha a autoridade fazer o desbloqueamento, o que significa que será aumentado o prejuízo para terceiros causado pelo estacionamento. Qual a razão para se aumentar o incómodo para um inocente pelo prolongamento do tempo do carro ali estacionado? Quem consegue explicar isto?

Talões colados no pára-brisas para quê? É obrigatório colar os comprovativos do seguro, do imposto autárquico e da inspecção periódica, porquê e para quê? Certamente apenas para tornar o vidro mais opaco. É que as notícias das operações stop, dizem que o número de carros detectados sem seguro é, normalmente elevado. Se fosse respeitado o espírito do legislador, certamente, poucos dias depois de acabar o prazo para a compra do selo, ou do fim da validade do seguro ou da inspecção, o dono do carro seria intimado a pagar a multa respectiva. Não sendo assim, ignora-se porque se mantém esse uso anacrónico e inútil.

Há muitos mais casos para ilustrar a falta de lógica e racionalidade na gestão da segurança rodoviária. Como diz o colega do Leão Pelado, basta ir aos países mais evoluídos da Europa e copiar o que eles têm de melhor e, depois não fazer muitas adaptações para não estragar.

4 comentários:

Anónimo disse...

Os portugueses são pessoas adoráveis mas nas estradas parece que muitos condutores falhassem uma carreira como piloto f1 . Custa-me exactamente uma semana para habituar ao estilo de conduzir. Um país maravilhoso mas tem cuidado com os diabos de velocidade. Um belga que ama Portugal

A. João Soares disse...

Caro Alfacinha,
Obrigado pela visita e o comentário. Parabéns pela sua CASA PORTUGUESA, pela arte e o bom gosto deste seu blog e, principalmente, pela perfeição com que fala a língua de Camões, embora precise de alguns aperfeiçoamentos. É uma língua difícil.
Os portugueses temos virtudes e defeitos como todo o mundo. Mas um dos defeitos é procurar esconder desgostos e frustrações através de actos arriscados como são as loucuras da condução. É pena que morram tantos jovens nas estradas e levem com eles pessoas inocentes.
Um abraço

Isamar disse...

Dramático, este caso.Uma família inteira ceifada na flor da vida.
Beijinhos

A. João Soares disse...

Cara Sophiamar,
É realmnte um drama, muito dramas. Devidos a descuido, irresponsabilidade, inconsciência de um insensato. E assim são ceifadas pessoas inocentes na flor da vida. Não são apenas actos suicidas, como é dito em Mentira, mas também actos homicidas, por falta de cuidado, por ngligência, imprudência.
Um abraço