quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Em que País estamos?

Reflorestação da Serra da Estrela num imbróglio

A Sociedade de Águas da Serra da Estrela (SASEL) do grupo Sumol promoveu em 2002 a campanha "Plante uma Árvore", com a finalidade de contribuir para a reflorestação da Serra que fora vítima de intensos incêndios.

Passados cinco anos, era suposto que estivessem arborizados cerca de 300 hectares, com 600.000 árvores, mas, segundo denúncia da Associação de Amigos da Serra da Estrela (ASE), conhecedora da área do Parque Natural, não é visível no terreno a reflorestação. A SASEL declara que tem pago as facturas aos viveiros, mas desconhecia esta situação. Porém, o que se apresenta muito estranho é que o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), parceiro neste programa de reflorestação das serras de Portugal, assume que não tem fiscalizado o projecto e, por isso, não pode afirmar com certeza, se existem e onde estão as árvores cedidas pela SASEL. Mas qual é o papel deste Instituto? Em que País estamos? Qual é o sentido das responsabilidades destes funcionários? Aproveitando esta incompetência e desleixo, há espertos que deram ao dinheiro um uso que lhes deve ser pessoalmente mais vantajoso, com prejuízo para a Natureza e a reflorestação da Serra.

O presidente da ASE, referiu ao JN que "há muito que andávamos desconfiados. O programa teve início em 2002 e cinco anos depois não são visíveis no terreno as plantações, que, pelos números divulgados pela SASEL, rondariam, no mínimo, 300 hectares. Uma dimensão que se faria notar na área total do parque, que ronda os 90 mil hectares e aos quais se têm de excluir 10 mil localizados no cimo da Serra onde não é possível arborizar".

Apesar de o director do Departamento de Gestão de Áreas Classificadas Litoral Centro do ICNB, insistir que "esta é uma campanha importante para nós, que queremos credível e transparente", na prática, ninguém parece saber onde estão grande parte das árvores, pese o facto do ICNB ter a lista das entidades a quem concedeu créditos para poderem ir a viveiros adquirirem as plantas e a quem, mais tarde, a SASEL pagava as facturas, como atrás ficou dito.

Nos últimos anos a campanha passou a desenvolver-se numa base de confiança nas entidades intervenientes, pelo que o ICNB supunha ter havido a plantação de 475 mil árvores na Serra da Estrela, em mais de uma centena de locais. Mas não fiscalizou, não controlou, não sabe dar contas das suas responsabilidades.

O Grupo Sumol, detentor da marca Águas Serra da Estrela, afirma que, desde o início da campanha, foram "angariadas mais de 600 mil novas árvores que foram disponibilizadas para plantação ao Parque Natural da Serra da Estrela, nas edições de 2002 a 2004, e ao ICN, a partir de 2005", por estas serem as "entidades competentes pela identificação dos locais de reflorestação e selecção das espécies de árvores".

Esta situação anedótica, inaceitável num Estado gerido com normal competência, faz lembrar o que se passava com o controlo das actividades económicas antes de as três instituições que se atropelavam e se desculpavam uma com as outras serem extintas e dado lugar à ASEA.

As reformas prometidas pelo Governo têm um grande e difícil caminho a percorrer.

6 comentários:

Amaral disse...

João
É caso para dizer que meteram água, ou que levam água pelas barbas.
Esperemos que não seja publicidade enganosa e que as árvores existam realmente, que sejam plantadas e que a bela Serra da Estrela seja reflorestada.
Assim, que haja algum organismo que investigue o que se passa e que faça cumprir o que se promete.
Abraço

A. João Soares disse...

Segundo a notícia, a publicidade da água não foi enganosa, a empresa fez pagamentos, mas... alguém interrompeu o circuito. E o organismo estatal que devia controlar, esteve ausente. Na altura em que as árvores já deviam ser visíveis... nada se via e então, os Amigos da Serra da Estrela deram o sinal de alerta.

Este caso é mais uma prova de que os cidadãos devem estar atentos e bradar sempre que verificarem que algo não está bem. Devem exercer o direito e dever de cidadania.
Abraço

Anónimo disse...

Por acaso já deram uma espreitadela na Quinta da Marinha?

Mas caso seja preciso faz-se mais um inquérito que não dá em nada, aqui neste bananal. Depois falam no Alberto, o João do Jardim...

Abraço

CORCUNDA disse...

A mim cheira-me a um dos grandes males que minam a sociedade portuguesa: corrupção...
Abraço do Corcunda.

Anónimo disse...

Oh Corcunda será? Cá o PCP está a leste da corrupção!E o BE também!Grandes otários me sairam estes gajos fascistas do PS.

Viva o Lenine e o Marx, já agora o Brejeniev, se os virem por aí digam para jogarmos uma sueca à antiga. Faz-me lembrar os tempos de férias no Tarrafal a olhar o mar...

A. João Soares disse...

Caros Relvas, Corcunda e Sylvio,
Mas que se passa na quinta da Marinha? Alguém andou a angariar fundos para arborizar aqueles jardins?
ara utilizar as imagens de Sylvio, prece que na Serra da Estrela algum proletário meteu o dinheiro das árvores no bolso para virar capitalista, ou algum capitalista se locupletou com as massas para evitar vir a ser proletário.
Corrupção, falta de escrúpulos, desonestidade, roubo, etc. parece haver uma salada de tudo isto nesta história muito estranha em que um instituto nacional alimentado com o dinheiro público quer lavar as mãos como Pilatos. Qual foi o seu papel e qual devia ter sido?
Abraços